cappuccino boy.

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descer uma ladeira de bicicleta nunca foi uma coisa difícil de se fazer quando hinata era um adolescente. Por algum motivo - que para muitos era desconhecido - shoyo sempre foi um garoto de muita energia, sempre pulou por ai como um filhote de coelho que acabou de descobrir o mundo. mas, por hora, sair para trabalhar antes das 5h da manha estava acabando com a energia do garoto.

mesmo não se preocupando muito com os estudos, o garoto se viu em um beco sem saída quando o dia da formatura chegou. "o que vou fazer agora?" era o único pensamento que passava pela cabeça do ruivo durante toda a cerimonia, e quando o mesmo chegou em casa, tudo que ele só conseguia pensar era na cruel duvida de como ele iria tomar conta da própria vida.

durante meses, shoyo buscou emprego nos mais diversos lugares, foi de ponta a ponta na cidade para encontrar nem que fosse uma lojinha pequena de um bairro desconhecido que lhe desse o mínimo de salario possível para sobreviver. ele só precisava de um emprego.

por sorte, shoyo passou em frente a um pequeno grupo de pessoas, e por pura curiosidade ele decidiu ir ver o que era. em uma pequena fachada que ficava acima da porta, o pequeno pode ler um anuncio curto, mas que lhe deu um pouco de esperança naquele momento: "reabertura da grande ukai's cafeteria!", e abaixando um pouco o olhar para a janela a sua frente, ele leu um pequeno papel "vaga aberta para operador de caixa. com experiência ou não!". naquele momento, seus grandes olhos castanhos brilharam, e para um garoto que tinha acabado de completar seus 18 e que nunca tinha trabalhado na vida, ler as palavras "com experiência ou não" era tudo que ele precisava ver naquele momento.

e foi assim que hinata entrou na ukai's cafeteria, um pequeno estabelecimento da família ukai que surgira nos anos 90, mas que repentinamente fechou. na sua época, a ukai's cafeteria era um dos ambientes mais visitados daquela cidadezinha, com seu café perfeito, sobremesas deliciosas e ambiente reconfortante, eles estabeleceram imponência, dando medo em qualquer concorrente. mesmo com todo o sucesso, a cafeteria da noite pro dia desapareceu, e seus fieis clientes sentiram a tristeza transbordar seus corações, como se uma parte da cidade tivesse desaparecido. agora, nos dias de hoje, um milagre aconteceu e a cafeteria reabriu, e de pouco em pouco voltou com o titulo de "melhor cafeteria de miyagi", reconquistando a clientela - hoje em dia mais velha - e conquistando a nova juventude também, mesmo décadas depois.

nessa pequena cafeteria, hinata encontrou seu lugar. ele não percebeu que amava observar pessoas até virar operador de caixa e ver pessoas dos mais diferentes tipos entrando e saindo do estabelecimento, fazendo aquele pequeno sino que ficava em cima da porta tocar, e hinata era viciado nesse som. o ruivo amava o cheiro de café recém feito, amava cortar fatias de bolo e ver as migalhas cair sobre sua mesa, amava os dias em que a cafeteria estava cheia e o som das risadas e das conversas das pessoas inundavam seus pensamentos ao mesmo tempo que amava os dias silenciosos e vazios onde a única alma viva no ambiente eram ele e seus colegas de trabalho, colegas de trabalho esses que eram mais do que colegas de trabalho, eram verdadeiros amigos. sugawara, yamaguchi e nishinoya eram amigos incríveis para o garoto, eles cobriam seus atrasos e não falavam para ukai quando shoyo de vez em quando roubava alguns bolinhos de limão quando ele esquecia o próprio almoço em casa. hinata não podia pedir coisa melhor.

foi com essa obsessão de observar pessoas que shoyo conheceu o "garoto do cappuccino". conhecer era uma palavra forte para essa relação, e o apelido surgiu de forma involuntária no meio dos pensamentos do ruivo. o garoto do cappuccino era um cara alto, de cabelo preto e aura intimidadora, que em um dia qualquer apareceu na ukai's cafeteria. seu pedido foi um cappuccino e um pedaço de bolo de morango, sobremesa essa que foi recomendação do próprio hinata, que disse com suas próprias palavras que aquela era a melhor sobremesa daquela vitrine. o garoto do cappuccino não falou muito, se manteve nos simples "sim" ou "ta" para o tsunami de palavras que hinata soltava, mas, por algum motivo, no dia seguinte ele voltou, fazendo o mesmo pedido. e foi assim no próximo dia, e no próximo, e no outro depois desse também. depois de quase um mês vendo o mesmo garoto, shoyo decorou seu pedido de sempre, e sem o garoto do cappuccino dizer nada, seu café e seu pedaço de bolo já estavam em sua mão antes mesmo dele chegar ao caixa. 

coffe & strawberrys (kagehina)Onde histórias criam vida. Descubra agora