I hate you, I love you

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O sol queimava sua pele mesmo usando aquela camiseta de algodão listrada laranja e azul. Ele caminha a passos largos na primeira fileira da arquibancada de concreto para acompanhar o jogo de rugby, mas especificamente o desfecho da partida em que o time de Arquitetura desafia o de Engenharia.

Pran Siridechawat olha para o relógio em seu pulso e realmente faz a constatação: o jogo está no fim e como não seria diferente o curso de arquitetura estava perdendo. Era incômodo, porque ele saiu do time um mês atrás, já que não estava conciliando o tempo de estudo com os treinos, e agora podia estar ajudando, mas tinha que aceitar. 

Apoiando os amigos, ele espera o apito final para se juntar eles, mas antes, muito antes - e secretamente -, seus olhos se direcionam a figura alta de um metro e oitenta, completamente suado, onde seus compridos fios de cabelo preto se grudam à própria testa, e que em um ato quase que criminoso tira a camiseta que é branca e listrada em azul marinho do uniforme. Peça que também faz parte de um conjunto de meias brancas e longas, bermuda azul marinho com detalhe em vermelho, e um par de tênis. 

No momento, ele exibe aquele corpo insuportavelmente escultural capaz de provocar um tipo de excitação até um tempo atrás desconhecido em Pran. Os detalhes do abdômen definido causam um calor absurdo em seu próprio corpo, como se pudesse competir com aquele que já sentia pelo sol escaldante. A melanina da figura é o que deixa ainda mais atraente.

Aquele garoto é praticamente seu inimigo declarado desde que eles estavam nas barrigas de suas mães, e isso não é um exagero. Existe algum tipo de desentendimento mal explicado entre os Siridechawat e os próprios vizinhos que nunca fez sentido, são tantas versões para a mesma história que Pran cansou de descobrir o que verdadeiramente está acontecendo naquelas famílias.

Hoje sua preocupação é se meter em algum novo momento de discórdia com aquela figura atraente em qualquer momento do dia, especificamente porque ele sabe muito bem o que vem em seguida. E sempre é tão, - insuportavelmente -, bom.

Pat Jindapat tem um sorriso infernal,  Pran sabe que aquele cara pode ser a sua ruína em algum momento, mas agora ser seu maior segredo, da família e dos amigos, é a sua única preocupação, ele precisa mantê-lo.

Assim que observa Pat se dirigir ao vestiário, ele o segue, cautelosamente, esperando que ninguém percebesse seu alvo, mas seu amigo Wai, mesmo absolutamente suado com o cabelo castanho grudado à testa, quase que ofegante parece muito interessado em conversar com ele. Pran quis xingar o amigo com vários palavrões, mas se conteve e demonstrou um sorriso bem falso, daqueles que só ele é capaz de entregar sem sequer transparecer seu real sentimento. As covinhas se evidenciaram em seu sorriso e uma súbita doçura toma sua fisionomia.

– Ei Pran, pra onde vai? Eu e os caras vamos para o bar, mesmo que perdemos, vai ser a melhor coisa que podemos fazer agora, quer se juntar a nós? – Pran tem um compromisso, não pode ir, mas como explicar para os amigos e fazer com que eles entendam?

– Não consigo ir, posso deixar para uma próxima? – Wai franze o cenho.

– Como assim não consegue ir? O que tem pra fazer? – Pran sorri de nervoso.

– Ah... É que eu realmente preciso estudar uma parte da matéria que eu não tô entendendo, então eu vou tirar hoje pra fazer isso. – Wai parece não engolir a desculpa do amigo e deixa pra lá.

– Tá bom, você pode falar que não quer sair com a gente também, vamos entender. – Pran arregala os olhos.

– Ei! Não é sobre isso, eu realmente não estou entendendo a matéria, não vem com essa, cara. – Wai ri e pousa a mão sobre o ombro de Pran.

– Tô brincando, relaxa! Se mudar de ideia, já sabe, é naquele bar que eu trabalho onde sempre vamos, ok? Estamos indo, até mais! – Pran acena para o amigo e observa ele deixando o gramado em direção ao vestiário.

I hate you, I love you - PatPran [OneShot]Onde histórias criam vida. Descubra agora