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A dor é relativa

mas é sentida quase

sempre da mesma forma.


Faz quase duas semanas que recebi alta do hospital e faz seis dias consecutivos que Jimin vem aqui em casa me dar banhos. Ele vem apenas uma vez ao dia para isso, mas sempre fica aqui até o final da tarde. Hoje é sábado e achei que talvez ele não fosse vir, liguei para sua casa mas quem atendeu foi seu pai.

Sr. Park sempre tão gentil me perguntou como eu estava me sentindo e comentou sobre os banhos que Jimin me dava. Nesse momento eu tive vontade de enfiar minha cabeça no meu travesseiro e não sair mais do quarto, mas ainda estava sobre a cadeira de rodas.

O pai de Jimin me falou que ele não estava em casa, que tinha saído para o shopping. Jimin nunca saiu assim, sozinho, e isso me fez pensar.

Quando anoiteceu, Jimin apareceu em minha casa com uma pequena bolsa e sua mochila. Estranhei o fato d'ele aparecer com uma mochila nas costas.

— O que está fazendo aqui?

— Até parece que não me quer aqui.

Ele fez bico. Conhecendo bem Jimin, sei que está me provocando pela minha forma meio grotesca de falar e como um bom provocador que também sou, eu retribuo a brincadeira.

— Não quero não.

Para meu azar, sou um péssimo mentiroso. E Jimin sempre sabe quando estou mentindo.

— Eu vou dormir aqui.

— Aqui em casa?

— É.

— Onde?

— Aqui no seu quarto, Kook.

Fiquei quieto, o vi deixar a pequena bolsa em cima da minha cama e logo sua mochila no chão próximo a minha mesinha de estudos.

Estou próximo a porta paralisado na cadeira de rodas quando ele se aproxima sorrateiro.

— Trouxe um presente para você.

—  O que é?

Ele sorriu.

— Eu trouxe uma blusa que achei linda. Na verdade, eu trouxe um moletom.

Ele tem uma expressão diferente, seus olhos âmbar estão mais brilhantes que o normal. E suas bochechas parecem conter algo nelas.

— Me deixe ver.

— Só depois do banho.

— Quem deixou você entrar?

Fiz uma careta e então ele gargalhou.

Indo para trás de mim, segurou na cadeira de rodas me levando até o banheiro pequeno do meu quarto, onde passamos a usar bastante. Eu sempre preferi tomar banho no banheiro social, porque me sinto mais confortável e porque é maior. Mas, desde que Jimin começou a me banhar que preferimos aqui, pois tínhamos certeza que meus pais ficavam ouvindo nossas conversas. Um vez ouvi a risada da minha mãe quando Jimin disse que eu tinha a bochecha muito gostosa de se beijar.

Eu fiquei com tanta vergonha que não fui jantar com meus pais na mesa e pedi para meu pai trazer meu jantar até o quarto.

— Chegou tarde, Jimin. Eu já banhei hoje.

— Está me dizendo que não toma banho antes de dormir?

Revirei os olhos.

— Estou dizendo que não quero banhar agora.  Dá última vez você me fez ficar daquele jeito esquisito.

Love&Thorns PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora