Inevitável

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Fiquei em choque por um momento,  mas quando me dei conta meu ioiô já sustentava meu peso do ar, apressada, dei um comando a Tikki e a corda que me sustentava sumiu, um pouco mais alto do que eu tinha planejado. Um Adrien chocado amorteceu o impacto quando cai por cima dele, derrubando-o no chão.

— oi Gatinho. —  Falei rindo, enquanto tentava me levantar. Adrien puxou meu peso novamente sobre si, e me beijou.
— é realmente você,  ou eu bati a cabeça e isso é só um sonho? — sua voz estava trêmula, em nervosismo.
— sou eu mesma, amor. — deixei que meu beijo mostrasse como me sentia por ele ser ChatNoir, por ser ele o outro único homem em minha vida, com o qual eu tinha me aberto tanto na outra noite, com o qual tinha compartilhado mais do que o prazer.
— Você não está bravo? Pelo seu pai? — o nervosismo transparecer em minha voz, e ele me olhou sem entender. — Pela prisão dele.
— não, é claro que não,  eu estava lá,  a decisão foi nossa. Mesmo que você não soubesse que era meu pai, você me deixou escolher o que fazer com ele. Você se sentiu culpada esse tempo todo?
— claro que eu me senti culpada, eu fui responsável pela prisão do meu sogro. — não que na época ele fosse isso, mas saber que Adrien não se ressentia me deixava aliviada.
— nós  temos muito o que conversar  sobre isso. — Adrien sussurrou, mas voltou a me beijar. — Eu fico muito feliz que seja você, e que não tenhamos mais segredos.
Aquilo me fez parar de beija-lo, nós ainda tínhamos aquele outro segredo.
— Adrien… eu sei sobre suas saídas noturnas em casa. — consegui dizer — não sei a quanto tempo exatamente você estava me traindo, mas as coisas mudaram agora, não é?
O choque ficou evidente em seu rosto enquanto me encarava, e me arrependi de ter falado no assunto. Ele se sentou, e seus braços me puxaram contra seu peito.
— me perdoe princesa, se fiz você pensar uma coisa dessas. Eu nunca sai de casa pra isso. Quando eu saia a noite era… era algo que eu costumava fazer quando morava com Gabriel, quando as coisas ficavam difíceis eu fugia de casa, para estar sozinho a noite, e eu fazia muito isso na casa da minha tia, e quando me mudei para New York  mesmo que eu estivesse sozinho em casa sair a noite já era um hábito. Eu nunca trai você em um desses passeios. Quer dizer, só uma vez, ontem a noite.
Soquei seu ombro, digerindo a informação, pensando em todas as vezes em que estive aos amassos com ChatNoir, quando tudo o que Adrien queria era escapar do pai, pensei em ChatNoir se esgueirando por Londres, e por New York, sem jamais ser flagrado por uma câmera.
— mas você não fazia isso quando nos reencontramos.  — quando ficamos juntos ele passava todas as noites ao meu lado, não havia passeios noturnos.
— porque eu não sentia mais a necessidade disso. Eu não sei exatamente quando isso voltou, mas em algum momento parecia que eu estava aqui novamente, na mansão Agreste… — sua voz falhou, e Adrien parou por um momento. —. Quando você passava a noite toda trabalhando e eu tinha que te carregar para a cama, quando eu acordava sozinho, porque você tinha saído cedo sem me dar bom dia. Tomar café da manhã sozinho naquele lugar enorme. E tudo o que eu podia fazer era sair a noite sozinho, porque em casa eu estava sozinho também. 
— Você deveria ter me falado que sentia assim… — fazê-lo admitir aquilo me apertava o peito, por saber que eu tivesse causado aquele sentimento a ele.
— Como eu diria pra você que seu sonho estava me destruindo? — a testa dele encostou na minha, e aquele toque carinhoso fez com que as lágrimas escorressem livres por meu rosto. —  Eu realmente achei que as coisas iriam melhorar quando o Emma nasceu, e por um tempo tudo estava perfeito de novo, você estava em casa de novo, claro que as coisas estavam frias, mas nós tínhamos um bebê em casa, era normal, e logo depois veio o Hugo, e parecia que você realmente não me desejava mais, mas até isso eu podia suportar se você estivesse presente, podia ser só uma fase, era outro bebê, trabalho em dobro.

Enterrei meu rosto em seu pescoço, para que ele não precisasse me olhar enquanto me contava aquelas coisas. Ao contrário do que eu esperaria, Adrien parecia tranquilo ao confessar seus sentimentos e angústias, como se apenas colocar para fora já lhe fizesse bem.
— quando adotamos a Cion eu não tinha certeza se nosso casamento sobreviveria a mais uma criança, mas eu ficava feliz em casa com elas, e você já era tão distante que os três me mantinham ocupado e feliz. Eu tentei te dar espaço para voltar a ser minha Marinette, mas as coisas não melhoraram com o passar do tempo, você era uma mãe maravilhosa, uma chefe maravilhosa, uma estilista maravilhosa, só não era uma esposa maravilhosa, então percebi que o problema deveria ser eu.
— nunca foi você o problema… eu só… me afundei tanto tentando compensar o investimento que você fez em mim, eu não podia deixar que não desse certo. No início não percebi que isso estava me afastando de você, e eu gostava tanto quando você me carregava para cama, e gostava de acordar cedo e ver você dormindo, achava que não te acordar era uma coisa boa, você sempre reclamava dos compromissos cedo quando era modelo. E definitivamente eu amava, ainda amo, fazer amor com você, mas com as crianças era tão estranho… era como… como se meu corpo não fosse mais meu pra entregar a você, e eu me sentia culpada por aproveitar, como se fosse errado.
— e o que foi que mudou isso?
— ChatNoir mudou isso. Você me fez perceber que eu posso sim ser mãe e esposa, e posso ser LadyBug também.
— e você precisou foder com um estranho pra perceber isso? — o tom de deboche me fez bater nele com mais força dessa vez.
— Você não pode me julgar, não é como se você não tivesse feito a mesma coisa também.
— em minha defesa, eu é que era rejeitado em casa. — ele riu, e segurou meu braço para impedir que o batesse novamente,  mesmo que o soco machucasse mais minha mão do que seu peito musculoso. Me senti tranquila que ele tivesse aceitado bem o fato de eu ter dormido com ChatNoir, mesmo que ele tenha oficialmente pedido o divórcio,  era realmente eu que o ignorava. — ei… você realmente acha que eu não gosto do seu corpo?
— eu… — agora, lembrando que contei aquilo a Chat, me senti idiota e envergonhada. — acho que falei muita coisa desnecessária ontem, não é mesmo?
— não,  se tivéssemos conversado sobre isso diretamente, com certeza não teríamos chegado até o divórcio. — sua mão secou uma lágrima em meu rosto.
— desculpe por isso — minha voz estava embargada — é só que é difícil ter um marido tão lindo assim, e ser apenas…  eu.
— Você é linda, Marinette, e eu amo cada curva sua. — seus lábios tocaram os meus em um selinho breve, então passaram por meu rosto, ombros, pescoço. — eu amo seu corpo, suas coxas grossas, essa bunda maravilhosa, amo sua barriga, amo esses seios lindos que agora você me deixa brincar. — apertei sua cintura, para que parasse de me apalpar — Aí!!
— nós estamos no meio da praça, mesmo que não tenha ninguém ao redor.
— então use a Kaalki, e vamos logo pra casa, porque eu vou mostrar o quanto amo todas essas curvas gostosas.

Minutos depois estamos no quarto de Adrien, jogados na cama grande que ele tinha usado na adolescência. Nossas mãos se esbarrando ao tirar as roupas um do outro.
— eu te amo Mari. Me desculpe se fiz você pensar algo diferente disso. — sussurrou ao meu ouvido, beijando meu pescoço  enquanto as mãos me apertavam sem delicadeza. — eu vou te amar sempre, mesmo quando estivermos de cabelos brancos.
— você ainda vai ser lindo de cabelos brancos… — sussurrei entre gemidos, empurrando-o para que se deitasse e me colocando sobre ele.
Agora que sabia quem era me parecia óbvio, as curvas os cabelos, o porte grande e o corpo escultural. Eu amara Adrien e amara ChatNoir, e eles eram a mesma pessoa, e aquela constatação me deixava ainda mais excitada.

Passei as mãos por seu peito, até o caminho do pecado, então juntei minha boca às mãos, achando impossível que tivesse ficado tanto tempo sem tocá-lo, resistindo aos encantos do meu marido. Segurei sua ereção, acariciando levemente seu membro, saudosa de tê-lo novamente, e o fiz deslizar em mim, pela terceira vez naquela noite.
Me movimentei  com calma, em uma cavalgada leve enquanto desenhava seus músculos com os dedos, subindo meus olhos até encontrar suas esmeraldas lindas me fitando. O sorriso lascivo brincou em seus lábios, o sorriso de ChatNoir, e colocou as mãos em baixo dos meus seios, deixando que quicassem nelas a cada movimento que eu fazia.  Revirei os olhos, mas deixei que se divertisse enquanto me aproveitava de seu corpo delicioso, deslizando horizontalmente sobre ele até alcançar outro orgasmo.
— adoro essa carinha que você faz quando goza pra mim — sua lingua deslizou entre meus lábios, sem me beijar, e sorri com a expectativa do que ele faria.
Esperei que me jogasse na cama, com força, como costumávamos fazer, mas em vez disso me puxou para cima, e me senti estranha ao ficar sobre seu rosto, e Adrien mergulhou entre minhas pernas.
Gemi alto já no primeiro contato, como se a simples troca de ângulo mudasse todas as regras daquele jogo, e o que já era maravilhoso virou um prazer enlouquecedor.
Apertei seus cabelos com força quando sua língua me invadiu, todo prazer daquele toque percorrendo meu corpo como eletricidade, e o movimento raso de vai e vem  me fez jogar o copo para trás ao arquear a coluna, como se todo meu corpo não fosse suficiente para acomodar toda aquela energia maravilhosa, e gemi até mão aguentar mais, enquanto Adrien não descansava de seu trabalho executado com perfeição.
A sensação de te-lo deitado entre minhas pernas, me chupando daquela forma, era a melhor coisa que eu já tinha provado, e delirei a cada mordida, lambidas e chupada, cada deslizar da língua entre meus lábios, cada vez que sugava meu clitoris até não aguentar mais e ter que pedir a ele que parasse, fraca demais para sustentar meu peso sobre seu rosto, mesmo com o auxílio de suas mãos.

Deixei meu corpo cair em sua cama, exausta demais para fazer qualquer outra coisa além de tentar recuperar o fôlego. Meu cansaço era inversamente proporcional ao de Adrien, e observei enquanto se ajoelhada entre minhas pernas, puxando meu corpo mole e relaxado sobre seus joelhos. Sentir todo seu volume se enterrando em mim daquele jeito, depois de toda suavidade de sua língua, era incrível,  e em poucas estocadas fui jogada novamente naquele paraíso calmo e ao mesmo tempo caótico que eram os orgasmos com ele.
Permaneci nesse estado de nirvana, aproveitando os orgasmos consecutivos, até que ele mesmo se derramasse em mim novamente, me preenchendo e transbordando.
Me deitei sobre seu braço forte quando se jogou ao meu lado, cansado e satisfeito, e pela primeira vez em anos eu soube que ficaríamos bem, porque estamos juntos, de verdade dessa vez, inteiramente. Não tínhamos mais a sombra de nossas identidades e segredos a nos perseguir, nem mesmo a sombra daqueles amores do passado, tudo o que havia era eu e ele. De algum modo eu sabia, sempre soube que era Adrien, que ele era o único homem que eu amaria. Era inevitável.

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