Capítulo único:

5.1K 118 37
                                    


Era mais uma noite normal de sexta-feira quando minha mãe saiu com as amigas dela. Eu e meu tio resolvemos fazer uma noite dos machos. Era assim que chamávamos às noites em que assistimos a filmes de ação ou terror, com cerveja gelada e pizza à vontade, quando minha mãe não estava.

Minha mãe é muito religiosa, então dificilmente eu poderia tomar alguma bebida alcoólica, mesmo já sendo maior de idade. Além disso, ela sempre me forçou a fazer dieta, uma dieta meio rigorosa, acho eu, mas eu sempre podia contar com meu tio Marcão.

Nesse dia, parecia ser a noite mais quente do ano. E por isso, eu estava usando uma camisa sem manga e um short curto, já meu tio estava sem camisa, ele usava apenas um short de futebol. Estávamos sentados lado a lado, no sofá da sala, conversando besteira, a minha cabeça estava quase encostada em seu ombro já que eu estava meio sonolento.

– Acordou muito cedo hoje, não foi? – perguntou tio Marcão, com sua voz grossa e aveludada.

– Foi. – respondi, com voz de sono.

– Toma mais cerveja, vai ajudar. – ele me entregou a garrafa de cerveja que ele bebia.

Eu peguei e tomei um gole.

– Sua mãe iria odiar isso. – ele comentou, sorrindo.

Ao contrário da minha mãe, meu tio não era nada religioso, ele também adorava beber cerveja e comer besteira. Ele era um marmanjo alto e forte, porém era parrudo com uma barriga de cerveja, mas não era muito saliente.

– Sorte a sua que você tem o melhor tio do mundo.

Tio Marcão coçou a barba cor de ferrugem e me olhou.

– Sabia que sua mãe tem raiva por você ser parecido comigo?

– Em questão de aparência? – perguntei, tomando mais um gole.

– Isso. – ele pegou a garrafa da minha mão. – Você é tipo uma versão menor e mais magra minha. Porém ela acha que só somos iguais em aparência. – ele levou a garrafa de cerveja aos lábios grossos e rosados

– Acha que somos parecidos além da aparência?

Ele pareceu pensativo, pois passou sua mão pelo cabelo escuro curtinho (ele sempre cortava na máquina, no estilo militar), ele sempre fazia isso quando estava pensativo.

– Você e eu gostamos de filmes de ação e de terror, gostamos de pizza e cerveja. Gostamos de futebol e jogamos na mesma posição, eu era goleiro também, quando tinha a sua idade. – ele tomou um grande gole. – Porém eu sou mais safado.

Isso era verdade. Eu sempre via as mulheres babando por ele, e com razão. Já vi até alguns caras olhando para o meu tio quando ele vem da academia, sem camisa, correndo, com seu corpão todo suado. Ele tinha algumas tatuagens localizadas no peitoral, que também atraía olhares.

– Acho que você ainda será tão safado quanto eu. – confessou ele, sorrindo.

Eu engoli em seco quando meus olhos encontraram os dele. Grandes olhos cinzentos intensos e sedutores, mesmo sem ele estar com a intenção de provocar. Senti meu corpo todo arrepiar quando ele deu uma piscadinha pra mim e voltou sua atenção para o filme.

O tempo foi passando e minha mãe ligou, dizendo que as orações com as amigas tomaram mais tempo do que deveria e que ela iria passar a noite na casa da prima do pastor.

– Já está tarde tio Marcão...

– Tem razão garoto, mas você está de férias da faculdade. – lembrou-me ele.

As Cuecas do Tio MarcãoOnde histórias criam vida. Descubra agora