𝐀𝐜𝐚𝐬𝐨 °𝙻𝚒𝚜𝚔𝚘𝚘𝚔°

ੈ ˖ 𝗖ᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴛʀɪɴᴛᴀ-ɴᴏᴠ𝗲 ࣪ ˖

Com os olhos fechados passo a mão ao meu lado da cama e percebo que está vazia. Abro meus olhos e vejo que Lalisa não está na cama.

Tiro a coberta de lado e me levanto da cama. Abro a porta do quarto e me deparo com o corredor escuro, exceto pela luz do quarto da Melina que estava acesa e iluminava um pouco o ambiente.

Coço os meus olhos e caminho até lá, quando chego, Lalisa estava sentada na poltrona de ninar enquanto Melina estava em seu colo super acordada e a minha noiva dormia com ela em seus braços.

── Por que não me acordou? Era a minha vez de fazer ela dormir ── Lalisa abre os olhos e me encara com eles estreitos.

── Você acordou duas vezes só essa noite e você estava dormindo tão confortável que não quis acordar você ── ela me responde com a voz rouca pelo sono.

── É, mas nós combinamos que vamos revezar, lembra? ── ergo a sobrancelha e ela confirma ── eu nem ouvi Melina chorando, acho que foi pelo cansaço.

── Eu não consegui dormir depois da última vez que ela acordou, fiquei com medo de dormir e não escuta-la quando acordasse de novo ── Melina solta um resmungo e Lalisa olha para ela e sorri ── o pior é que estou exausta, não é minha princesa?! ── ela afina a voz e nossa filha dá o sorriso banguela de sempre.

── Quer colocar ela na nossa cama? ── pergunto e mexo na mãozinha da bebê.

── Ah, e se ela acostumar? Tínhamos falado que não íamos acostuma-la a dormir com nós dois.

── Só uma noite não faz mal. Nós vamos conseguir dormir e Melina também ── ergo minha mão em sua direção e ela pensa um pouco antes de segurar a minha mão e se levantar com a bebê nos braços.

── Tudo bem, só hoje!

Fomos até nosso quarto e nos deitamos
com Melina entre nós dois.

Melina já tinha dois meses e durante dois meses nós não tivemos uma noite sequer em que dormimos direto, sem acordar de madrugada.

E óbvio que isso faz parte de ter uma filha mas nós dois estamos tão exaustos que fazemos tudo no automático.

No tempo em que Melina tira alguns cochilos durante o dia, aproveitamos para resolver coisas e arrumar a bagunça do dia a dia. E essa rotina cansa pra caralho!

Hoje eu entendo o porque a maternidade e a paternidade não pode ser romantizado, muito menos na idade em que fomos pais.

Lalisa me tira dos pensamentos quando começa a acariciar os meus cabelos enquanto sorri para mim.

── Eu não acho que ela vá dormir tão cedo, lindo ── desviamos o olhar para nossa filha entre nós e a neném estava com os olhos abertos e super agitada.

Dou de ombros ── pelo menos ela não está chorando ── Lalisa concorda e deixa um beijo na testa da pequena ── vou desligar o abajur, assim ela dorme mais rápido.

Levo a mão até o abajur e desligo ele, deixando o quarto totalmente escuro. Não demora muito para escutarmos o choro de Melina e eu ter que ligar o abajur novamente.

Tá legal, parece que ela não gostou da ideia de ficar no escuro.

Me sento na cama e pego ela nos braços, ninando de leve até ela parar de chorar e ficar com um beicinho nos lábios.

── Que dramática ── Lalisa diz sorrindo ── Já podemos ver que isso puxou o papai

Franzo a sobrancelha ── ah, então eu sou dramático?

Minha noiva concorda ainda sorrindo ── sim meu amor, até demais.

Reviro os olhos e sorrio, deixando um selinho demorado em seus lábios.

── Sabe, estou com vontade de tomar sorvete ── a morena diz e franze os lábios ── será que está muito tarde para isso?

── Pelo jeito três da manhã não é tarde para nós dois e nem para a pequena capitã aqui! ── indico Melina com a cabeça ── tem um pote no freezer, pega duas colheres.

Lalisa se levanta da cama e sai do quarto, voltando alguns minutos depois com o pote de sorvete e as duas colheres. Ela coloca o pote na cama e me entrega uma colher.

── Vai para a faculdade ano que vem? ── ela me pergunta e leva uma colher de sorvete até a boca.

Estranho um pouco a pergunta, na verdade nunca tínhamos tocado no assunto de ir para as faculdades. Pensei que agora que tínhamos uma filha estava fora de cogitação, pelo menos nos primeiros anos.

── Bom, talvez eu faça daqui alguns anos mas não pretendo fazer tão cedo. Faculdade, por enquanto, não vai nos beneficiar em nada. Não vamos ser pagos por estudar e cursos não pagam o suficiente para sustentar uma família.
Eu conversei com o meu pai ontem e vou começar a trabalhar na empresa dele.

── Uh, isso é bom amor ── ela sorri orgulhosa ── bem que queria fazer faculdade por agora, mas ficou meio impossível já que tenho uma filha de dois meses.

── Linda, você sabe que conseguiria fazer uma faculdade agora né? Hoje é lei as faculdades deixarem a mãe levar o filho.

── Ah não, eu não conseguiria me concentrar em nada, e a pequena precisa do máximo de atenção possível. Vou deixar as coisas andarem conforme tem que ser.

── Faz o que achar melhor para você, amor ── dou uma colherada no sorvete e levo até a boca.

Eu realmente queria ficar em casa com minha filha e Lalisa por 24h, mas preciso trabalhar, nossos pais só vão sustentar a gente até eu entrar no emprego e não vai demorar pra isso acontecer.

Mas eu conversei com meu pai e fizemos um acordo de eu trabalhar só na parte da tarde, pelo menos no começo.

── Olha só, ela dormiu ── Lalisa aponta com a colher para a bebê em meu colo.

Com cuidado coloco a bebê novamente entre a gente e desligo o abajur. Lisa liga a lanterna do seu celular, segura o pote de sorvete e vem para o meu lado da cama.

Pego um travesseiro e coloco do lado que agora estava vago na cama para Melina não cair.

Minha noiva se senta de " pernas de índio" entre as minhas pernas e nós dois começamos a tomar o sorvete enquanto conversávamos cochichando e trocávamos carícias e alguns beijinhos.