Lina passou a vida tentando se provar além do peso do sobrenome que carrega. Filha de dois dos artistas mais renomados do país, ela quer que sua arte fale por si mesma, sem heranças, sem expectativas, sem sombras. Já Taehyung, um ex-pianista prodígi...
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O relógio no alto da parede da cozinha marcava 16h30min quando Taehyung desviou os olhos dos algarismos romanos para fitar o garotinho de cabelos escuros sentado do outro lado da mesa. Rosie tinha deixado Ben às 16h em ponto, e aqueles 30 minutos pareciam ter se arrastado como horas.
— E aí, o que você gosta de assistir? Podemos procurar alguma coisa na Netflix. Tem aquele espaço infantil... Nunca usei, mas deve ter algo legal para você... — Taehyung sugeriu, tentando soar animado.
Mas Ben, em resposta, franziu as sobrancelhas e fez um pequeno bico antes de responder:
— Tio Tae, a mamãe não me deixa assistir TV. Ela diz que meu cérebro ainda está em desenvolvimento e que esses desenhos novos são bobos demais.
Taehyung piscou algumas vezes, processando a resposta. A imagem de Rosie, deitada no sofá na semana passada, maratonando desenhos do Cartoon Network enquanto comia salgadinhos veio à mente. Ele arqueou as sobrancelhas, segurando o riso.
— A Rosie disse isso? — perguntou, cético.
Ben assentiu com convicção, os olhos sérios. O suéter azul com estampas de dinossauros só reforçava o contraste entre a postura determinada e a fofura do garoto.
— Ok. Sua mãe é meio doida mesmo, não vou julgar... — Taehyung murmurou, dando de ombros.
— Não fala assim da minha mãe! — Ben protestou, cruzando os braços pequenos.
— Tá bom, desculpa — ele ergueu as mãos em rendição. — Mas se você não quer ver TV, o que vamos fazer? Porque ela vai chegar tarde... — completou, esperando uma sugestão.
Ben apenas suspirou e deu de ombros, fazendo Taehyung soltar um suspiro também. O silêncio se instalou na cozinha, e ele se perguntou onde estava a criança hiperativa que, em qualquer outra ocasião, estaria revirando gavetas, correndo pela sala ou jogando almofadas para o alto. Não que ele estivesse reclamando, mas ficar sentado encarando o garoto era quase tão desconfortável quanto correr atrás dele.
Taehyung olhou para o relógio novamente.
16h33min.
Bufou, passando as mãos pelo rosto. Aquilo realmente não estava dando certo.
— Eu vi um parquinho lá embaixo quando a mamãe me trouxe... — Ben disse de repente, quebrando o silêncio.
Taehyung ergueu os olhos e encontrou o menino o fitando com uma expressão que conhecia bem: os olhos pidões, idênticos aos de Rosie, quando ela queria convencê-lo a fazer algo. DNA era realmente uma coisa impressionante, e o daquele garoto já vinha programado para dobrá-lo com um simples olhar.
— Tá. Você quer ir ao parque, então? — perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
Ben assentiu imediatamente, os olhos brilhando de expectativa.
Taehyung soltou um suspiro resignado e balançou a cabeça.