4. taehyung

22 3 0
                                    

Agora, enquanto Ben corria praticamente em círculos, subindo no escorregador, escorregando, dando a volta e repetindo o mesmo movimento, Taehyung estava sentado em um banco de madeira com ela ao seu lado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Agora, enquanto Ben corria praticamente em círculos, subindo no escorregador, escorregando, dando a volta e repetindo o mesmo movimento, Taehyung estava sentado em um banco de madeira com ela ao seu lado. O silêncio entre os dois não incomovada nem ele nem Lina, mas havia entre eles uma estranha consciência da presença um do outro.

Ele desviou o olhar para a bota ortopédica mais uma vez em menos de um minuto. O que tinha acontecido? Foi em alguma apresentação? Durante uma daquelas piruetas que ela fazia? Ou será que foi um daqueles acidentes banais, como tropeçar na própria perna?

— Foi uma subluxação... — Lina quebrou o silêncio, notando seu olhar. Pressionou os lábios por um instante antes de continuar: — Eu meio que trabalho com dança e meio que peguei pesado no trabalho.

— Ah... Tá doendo muito? — Taehyung perguntou sem pensar, surpreso por realmente estar puxando assunto.

Ela deu um sorriso pequeno, mas o cansaço transparecia em seus olhos.

— Bastante. Acredite, é melhor ver com a bota do que sem ela.

Taehyung assentiu, sem saber bem o que dizer. Mas uma pergunta escapou antes que pudesse segurá-la:

— Você faz muito esforço com isso, né?

Lina se endireitou no banco, repousando as mãos no colo.

— Sim... longa história. Trabalho com dança e música... Toco violino.

Taehyung sentiu um aperto no peito. O assunto música sempre o pegava desprevenido. E agora, estava ali, ao lado de alguém que fazia da coisa que ele mais evitava, o centro de sua vida. A ironia o fez soltar uma risada breve, que logo disfarçou.

— Uma bailarina que toca violino ou uma violinista que dança balé? — arriscou, tentando soar casual. Assim que as palavras saíram, sentiu-se ridículo.

Lina abaixou os olhos para a bota e sorriu de leve.

— Acho que nenhum dos dois... Agora não me acho boa para nenhum dos títulos. — Sua voz saiu em um tom de frustração que Taehyung reconheceu bem. Ele já se pegou pensando isso muitas vezes.

Por alguns segundos, ele apenas a observou. Sabia que ela estava errada. Lembrava-se muito bem de suas apresentações. Do modo como os movimentos pareciam conversar com as notas que saíam do violino. Como se seu corpo e sua música fossem uma extensão um do outro. Mas, mesmo com todas essas palavras na ponta da língua, ele se calou. Falar sobre música ainda não era algo que conseguia fazer sem um peso enorme no peito.

O celular de Lina vibrou na mão dela, interrompendo o momento. Ela checou a tela e suspirou, pegando as muletas.

— Meu amigo chegou...

— Eu te levo até lá. — Taehyung se ofereceu sem pensar.

— Ah, não precisa. — Ela sorriu, começando a se erguer. — E o seu filho, ele parece estar se divertindo. Não quero atrapalhar.

— Q-quê? Filho? — Taehyung arregalou os olhos, girando a cabeça na direção de Ben, que agora balançava alto demais no balanço. A chance de cair de cara no chão era considerável. Ele já conseguia ouvir Rosie esbravejando na sua cabeça. — Ah, não! Ele não é meu filho. Na verdade, ele nem gosta muito de mim...

Lina arqueou a sobrancelha, claramente duvidando. Ele suspirou, coçando a nuca.

— Ele é filho da minha melhor amiga. Estou só de babá hoje.

Antes que ela pudesse responder, uma buzina soou alta na rua. Lina fechou os olhos por um segundo e suspirou antes de encará-lo.

— E aí está meu amigo... Jungkook... sendo inconveniente como sempre. — Ela revirou os olhos, mas havia um brilho de divertimento neles. Olhou para Taehyung mais uma vez antes de sorrir. — Foi bom te conhecer, Taehyung. Até uma próxima?

Ele hesitou, mas acabou assentindo.

— Até uma próxima, Lina.

Ela se virou e começou a caminhar na direção do carro, deixando para trás uma sensação estranha. Algo parecido com reconhecimento. Como se aquela não fosse a primeira vez que o encontrava, mas sim a primeira vez que falavam um com o outro.

Blue & GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora