CAMP (Jeon Jungkook)

Camp of love

O ônibus da Universidade estacionou na garagem do enorme e equipado acampamento do sul de Gyeongju, o famoso camp. Por onde eu olhava, ainda pela janela empoeirada do veículo, eu conseguia ver o verde das árvores e o mesclado marrom junto às pequenas casinhas que seriam nossas moradas naqueles cinco dias. Fatídicos cinco dias. Eu me sentia prestes a entrar num daqueles acampamentos de férias para crianças perturbadas que os pais não suportam e simplesmente mandam pra bem longe. Na real, a pequena diferença é que eu me coloquei nessa furada, e ainda paguei para estar aqui.

- Vem, vamos pegar nossas malas. - Yuri levantou no embalo, me puxando junto para fora do ônibus. Ao contrário de mim, ela parecia bem animada. A verdade é que eu só aceitei essa idéia porque ela própria me encheu bastante o saco. Vir acampar no fim do semestre, pós últimas provas do ano era uma espécie de tradição do curso de ciência da informação. Uma tradição que eu facilmente ia ignorar até a morte e fazer a sonsa sempre que alguém viesse para o meu lado com a lista de confirmação dos estudantes para a viagem.

- Caralho, Yuri. Esse lugar não tem nada! - falei, arrastando a minha mala para a entrada do lugar. Era bonito, muito bonito, mas somente bonito. Conforme caminhávamos, nossos olhos analisavam tudo ao redor.

- Como não tem nada? Olha aquele lago lindo, cenário perfeito para um casal se pegar! E aquele espaço pra todos ficarem reunidos, e as cabanas! Esse ar exala diversão. - nossa, muita diversão.

Pelo jeito, existem muitos conceitos de diversão no mundo.

- Tô sentindo a adrenalina até correr no meu sangue. - Respondi cuspindo ironia, conferindo o número da nossa casinha de madeira e procurando-a na fileira de cabanas que havia à nossa frente, o que, meigamente montava até uma pequena vila de quartos. - É essa. - Falei, apontando para a segunda na sequência diante de nós. - Não seja tomada por insetos, só isso que eu peço.

Yuri abriu a porta num sopro cansado e aliviado, entrando comigo em sua cola. A nossa cabana era, sem dúvidas, ainda mais bela por dentro. Havia duas camas de solteiro, uma ao lado da outra. Um banheiro e a decoração fiel a natureza, tudo de madeira robusta. Nada muito extravagante. Era confortável e espaçoso. Já bastava. E tinha cheiro de essência de eucalipto.

- Uh, vamos deixar nossas malas aqui e ir encontrar o pessoal. - Confirmei com a cabeça, mesmo não querendo ir a lugar nenhum. Queria mesmo era deitar e dormir naquele colchão que parecia ser bem macio.

Deixei minha mala e uma mochila que eu carregava nas costas ao lado da cama que escolhi e acomodei minhas mãos nos pequenos bolsos do meu moletom. Uma respirada profunda para recuperar a vontade de caminhar e enfim virei-me para a outra atrás de mim.

Yuri engatou seu braço no meu e me puxou. Assim que abrimos a porta, vimos a galera já eufórica andando pelos arredores, uns parados apenas apreciando a beleza do lugar e outros tirando fotos e filmando ao redor.

O acampamento era grande, levaria um dia inteiro para eu conhecer cada atração dali, mas só por prestar atenção na conversa alheia, soube que tinha uma piscina natural não muito longe de nós. Haviam ofurôs de águas termais também.

- Ei, ei, venham! O professor vai dar uma palavrinha. - Hyujin, nossa veterana, nos puxou e chamou pelos outros aos gritos. Nos reunimos na área dos troncos só a espera do homem de meia idade.

Eu me sentei com certo receio e prendi minha atenção numa lagartinha colorida e persistente que, bravamente escalava o tronco. De forma majestosa, ia ela lutando contra a gravidade. A natureza é tão perfeita, não há como discordar. As conversas paralelas tomaram a paz silenciosa do acampamento, conforme os minutos iam se passando. O professor estava demorando pra caralho! A despeito da sua demora, eu sequer estava me importando muito, só queria voltar pro quarto logo e quem sabe ir em busca dos ofurôs. Aquilo sim me interessava.