Narrador.
O calor emanava aquele apertado quarto, a luxúria impregnava as paredes, o suor, as vozes em delírio, os corpos envolvidos no desespero. Sem um deles saber, aquela seria a ultima noite, o ultimo beijo, afago, aperto, arranhada, seria uma despedida... não, essa palavra não se encaixa, não cria nexo com a realidade, a verdade é dolorosa mas precisa ser proferida, em vez de um cuidadoso "adeus", o loiro foi abandonado assim que o sol nasceu.
Ele conseguia sentir o sabor do amargo que o apunhalou, tão vivido, mesmo com o passar de todos esses anos, doze ao total.
De primeira, ele pensou ser apenas mais uma das várias brincadeiras sem graças que seu amante efetuou, e que em alguns minutos iria aparecer no quarto com aquela cara sapeca.
Mas dessa vez... ele mão apareceu.
Dante não entendia o porquê? e em meio a busca por respostas ele se culpou, machucou e se fez pequeno. Muitas foram as noites que ele chorou até esquecer quem era.
Ele não sabia que naquela madrugada antes de partir, Gal o observava dormi, com carinho e dor, doía tanto... deixar aquele que era dono de seu ar, sabia que iria o destruir, sabia que ele seria o causador de toda aquela dor.
Mas não poderia voltar atrás, entre ser odiado por toda eternidade ou perder quem amava para a morte... ele escolheu ser o vilão, ser a mais pura injustiça.
Dante não sabia mas, Kian o irmão mais velho de Gal, tinha jurado mata-lo para provar que aquele "amor" era passageiro, seu irmão era cruel e tinha uma mente doentia... afinal, foi com esse "argumento" que ele tirou a vida de seu irmão do meio e do marido dele, Luciano e Fernando, não mereciam tamanho horror, ainda podia se lembrar do vermelho vivo espalhado no chão daquela casa.
Se fosse para mantê-lo vivo o machucaria, mesmo que isso fosse mais cruel que a morte.
Não o culpem, ele era egoísta, fazia parte da sua natureza.
Em meio a esses anos, eles se viram uma vez, nesse dia o ódio que o loiro guardou foi externado. Ambos se encontraram novamente naquela velha casa de cor amarela, tinha se passado apenas três anos.
Dante olhava profundamente os olhos castanhos do outro, que retribuía com um falso desinteresse.
- Por que? Me diz Gal? porquê você foi embora? - ele espumava de raiva, seu corpo tremia por completo, estava perdendo as estribeiras.
- Ora, é simples, você me deu o que eu queria - sorriu maldosamente, mais um ato de sua farsa - AH, AH, AH, MAIS FORTE GAL! - sua voz era puro deboche, tinha que ser convincente se não, iria desmoronar.
Um murro, seguido de um forte empurrão, ambos se encontravam no chão de madeira podre, Dante por cima, batendo em quem uma vez amou, as lágrimas escorriam em abundância, o vermelho pintava os moveis, manchava seus dedos, ele queria mata-lo.
O moreno não reagiu, apenas permitiu que seu amor o violentasse, aquela reação nada se comparava com suas palavras, estava o deixam ser punido.
Depois disso, não se viram mais, o tempo correu e com ele a notícia, seu primeiro amor havia partido.
Gal tinha cometido suicídio.
Com sua partida uma carta fora deixada e nela quantia toda a verdade.
Dante estava na velha casa, tinha sido instruído a ler ela lá, e assim o fez.
Na realidade não estava nada interessado, pensou até em joga-la fora, entretanto, Arthur seu esposo não permitiu, falou coisas do tipo, "desrespeito com quem partiu", como se ele merecesse algum afeto...
Em choque, o homem de olhos azuis estava sem chão, ele não conseguia acreditar...
Todo esse tempo, em todos esses malditos doze anos ele o odiou... para quê?
Se sentia um verdadeiro monstro, por telo odiado, xinga-lo e machucado... se ao menos soubesse... será que tudo seria diferente? teria conseguido salvar seu primeiro amor?
Tantas possibilidades...
Sentado no gramado na frente daquela velha casa ele olhava para o céu... tão azul.
- sabe... naquele dia eu senti que as nuvens pareciam falar comigo...e elas me contaram o quanto você iria fazer falta... e eu? não acreditei nas suas palavras, elas me soaram falaciosas... deveria ter as ouvido...
Olhava a carta, relia enumeras vezes, sentia toda a dor que ele sentiu.
- contavam sobre como você saiu silenciosamente nos primeiros raios da manhã, como provavelmente chorou enquanto traçava seu percurso e... como meus olhos se encheram ao acordar sem te ter ao meu lado...suas vozes ecoaram em sussurros através do vento gelado, passando por toda a extensão dessa velha casa até encontra meus ouvidos... e eu? me fiz de surdo, por muitos anos julguei esse amor como...destrutivo, te acusei inúmeras injustiças... se eu soubesse... me perdoe, seja lá aonde você estiver... meu perdoe meu amor... no final fui eu que mais te machuquei.
O loiro permaneceu ali, chorando, até o dia partir e Arthur busca-lo.
Ele não imaginava que na realidade no dia que partiu Gal não derramou uma única lagrima, seu interior machucado não permitiu. ele olhou aqueles cabelos amarelos espalhados nos lençóis, segurou o choro preso na garganta e partiu, mais Dante não saberia disso, não nessa vida.
Do outro lado, seu amor o esperava pacientemente, quem sabe o destino os daria uma nova chance?
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Me esqueça se poder
FanfictionEles se olhavam, aquela casa velha antes aparentava ser tão extensa... se tornou sufocante. Seus sentimentos estavam borbulhantes como um caldeirão fervente prestes a transbordar. O loiro olhou no fundo dos olhos do moreno na sua frente, seus olhos...