Sou uma pessoa fechada e posso colocar a culpa de tudo isso na minha ansiedade, mas prefiro ignorar existencia da minha parceira e fingir que ela não me acompanha desde os treze anos de idade, informação interessante, tenho 17 anos e no dia 24 de dezembro irei fazer 18 anos, sim, dia infeliz para se fazer aniversário, você nasce no mesmo dia que Jesus Cristo, não da para competir realmente.
Quinta feira foi um dia agitado se levarmos em consideração os quatro dias anteriores. No ônibus observei de longe uma idosa que era estranhamente parecida comigo, talvez fosse minha versão velha vindo me ver ou algo parecido. Fora do ônibus, o dia era caótico, não que um ônibus pudesse ser tão diferente. O clima era a unica coisa que colaborava com o geral, estava ensolarado mas a temperatura estava baixa, é um clima que me agrada muito mesmo. O centro é um lugar que eu realmente evito, por ser muito barulhento e movimentado, o me dá dor de cabeça, poderia culpar a ansiedade, mas acredito que esse seja um traço meu, prefiro a calmaria. O que me trouxe até aqui foi a "minha melhor amiga", não que ela seja minha melhor amiga mas é alguém em que eu confiaria minha vida, Renata Regis minha psicóloga desde os 14.
No consultório, minha mente pode funcionar melhor por conta do silêncio que reinava no ambiente ,não se parecia nem um pouco com a loucura que acontecia do lado de fora do pálido estabelecimento. Eu já havia me acostumado com tudo aquilo, todo aquele ambiente, meio hospitalar, eu gostava. Trinta e cinco minutos depois de minha chegada, a mulher que eu tanto esperava chagava ao meu encontro
-Maitê, pode entrar querida!
Apenas um cumprimento de rostos entre nós aconteceu e depois eu adentrei a sala, dispensei a formalidade com ela, a mulher de roupas cor creme e cabelo escuro e longo já me conhecia melhor que ninguém
-trocou o sofá de lugar!- fixei meus olhos no novo espaço que se encontrava o sofá
-gostou?
-ficou bem mais agradável - a mulher de trinta e cinco anos sorrio com o comentario
Me sentei no sofá que já me era familiar não demorou para que Regina viesse em minha direção com a sua cadeira com rodinhas, habitual dela, já que sempre que tinhamos sessão ela repetia a mesma ação.
-como foi a festa de sábado?
Eram seis horas da tarde e eu estava deitada na cama de Laura, quase soterrada por uma montanha de vestidos e saias que iam quadruplicando a cada instante.
Laura jogava seu armário inteiro em sua cama como se não houvesse amanhã. A garota havia perdido seu vestido preto sintilante, uma peça de roupa padrão de qualquer patricinha de São Paulo.- tem certeza que você não esqueceu na casa do seu pai?- indaguei com com uma voz calma, para que a loira que parecia beirar um calapso não explodisse
- absoluta!- ela respondeu chorosa. Ela estava tão sentimental.
-lau que tal usar outra coisa, você ta perdendo muito tempo procurando essa roupa
-ai- desanimada e se dando quase por vencida- acho que vou desistir -consegui ver seus olhos marejando. Naquele dia em especial laura estava melancólica e triste, uma pena caída poderia ser motivo de choro, ela tinha seus motivos para estar nesse estado mas não gostava de falar sobre ele. Eu sabia o suposto motivo da melancolia era o namorado, haviam terminado a três dias atrás, me cansei de conversar com ela sobre essa relação estilingue, então apenas a escuto quando ela decide desabafar.
Quando a garota terminou de falar magicamente, seu olho caiu sobre o vestido no meio de outras 50 peças idênticas.
-Aqui- ela exclamou, uma fração de segundos a faceta triste foi embora - como pude perder ele? - perguntou para si mesma entre risadas
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o cúpido não se apaixona
RomanceA vida de Maitê se torna uma grande fanfic, depois do momento em que decide apostar com a garota que mais odeia na face da terra