Apartamento 301

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Era uma manhã nublada quando me mudei para o apartamento. Eu não tinha muita coisa, somente minha mala com roupas e o computador que trouxe de casa, paguei o Uber que eu havia pego e olhei para aquele apartamento velho. Era uma estrutura bonita, que, segundo o síndico, costumava ser um escritório de advocacia que foi fechado após ser descoberto um esquema de queima de provas entre os funcionários, o prédio que parecia ser de uma cor creme estava bastante amarelado, a fachada de três degraus largos e espaçosos estava quase totalmente dominado por musgo, o primeiro degrau estando meio quebrado. O síndico do prédio estava a porta, ele me cumprimentou com um sorriso leve, mas sincero. Ele era bem mais velho que eu, mas sua aparência se mantinha a de um homem de vinte e poucos anos, ele era um loiro de cabelos por maior parte lisos, mas com pontas que se ondulavam, ele era esguio e bastante alto, um e noventa eu acho que ele tem.

-Bom vê-lo, James. -ele estendeu sua mão e eu o cumprimentei após largar minha mala. -Permita-me ajuda-lo. -ele pegou minha caixa com meu computador, eu tentei avisá-lo que a caixa podia estar pesada, mas ele a levantou como se não pesasse nada, até a apoiou em seu ombro.

-Obrigada, senhor síndico. -eu disse um pouco surpreso com a força de um homem que afirmava ter mais de cinquenta anos.

-Vamos até sua nova casa?-ele perguntou já entrando no prédio, eu suspirei e simplesmente o segui em silêncio.

Ao passar pela vasta porta, um cheiro de naftalina parecia dar um soco na minha cara, de tão forte. Na entrada havia um porteiro que tinha uma chave extra de todos os moradores, ao lado haviam três apartamentos, uma das portas com uma placa escrita "sala de ferramentas" acho que transformaram um apartamento em uma sala dedicada somente para manutenção do prédio, que já era bem velho. O homem tinha um cabelo tigelinha quase que cômico de tão curto e um bigode bem pronunciado, ele nem viu quando entramos na porta, estava ocupado lendo uma revista que parecia estar ultrapassada.

-Santorini. -o síndico chamou sua atenção, irritado.

-Sim, senhor?-o porteiro o olhou, parecendo meio entediado.

-Quantas vezes já lhe falei pra largar essa revista quando alguém chega?-ele puxou a revista de "Santorini" da mão, ao ver melhor, havia uma plaquinha de identificação em sua roupa escrita "Vinny".

-E como é que eu ia saber que vocês queriam falar comigo?-o homem falou em desdém. Ele me olhou. -Deixa eu adivinhar, moleque novo?

-Sim. Me mudo hoje. -falei e ele simplesmente rolou os olhos e se virou pegando a minha cópia da chave. -Barulhos não são permitidos a partir das dez horas até as nove da manhã, meu horário de serviço é das dez às oito, depois disso, não me chame, somente se for emergência.

-Caham. -o síndico limpou a garganta com uma expressão insatisfeita em seu rosto. Vinny se estremeceu ao ouvi-lo.

-Embora eu esteja mais do que contente em lhe ajudar. -ele falou com um sorriso falso no rosto enquanto entregava a chave na mão do síndico. -Ah. E tente não ficar perambulando pelos corredores de madrugada, sim?-ele disse ainda com o sorriso falso no rosto, parecia que sorrir fisicamente o machucava.

-Tem algum problema com isso?-perguntei a ele, mas quem me respondeu foi o síndico.

-Você gostaria que seus vizinhos perambulassem nos corredores a noite, meu jovem?-ele perguntou calmamente.

-Acho que não...-falei um pouco intimidado, apesar do sorriso gentil no rosto, seu olhar me dava um frio na espinha. -Eu morei na pousada da minha mãe, então acho que...-ele me interrompeu.

-Foi uma pergunta retórica, meu jovem. -ele falou em meio a uma risada leve. -Agora, vamos a seus aposentos?-ele falou indo em frente, subindo as escadas.

O Que Terá Acontecido no Apartamento 301Onde histórias criam vida. Descubra agora