O quarto 206

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Com o computador aberto na cama, Luana seguia preenchendo as planilhas daquele evento

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Com o computador aberto na cama, Luana seguia preenchendo as planilhas daquele evento. Todos os dias a noite, ela fazia o fechamento e atualizava os arquivos de controle. Os cabelos molhados pós banho refrescavam seu corpo que lidava com um calor estranho, já que o ar condicionado estava ligado. Assim que terminar essa conta, aumento o ar. Foi o pensamento de Luana. Ela não era muito boa em contas, então quando começava essa etapa do planejamento, precisava de foco total. E foi por isso também que enfiou os fones de ouvido e colocou sua playlist de músicas clássicas para ajudar no foco. O volume alto a isolava de tudo e ela podia se dedicar aos números. Errar qualquer um daqueles dados era o mesmo que ter que refazer todo o trabalho! E ela não estava nem um pouco afim de passar por isso! Já bastava ter estragado a noite de Ashua, ela não queria estragar a própria noite!

E mesmo com tantos números e sinais matemáticos dançando em sua mente, ela não conseguia parar de pensar naquele olhar frio e dolorido que Ashua lhe deu. A culpa que Luana sentia era maior do que a raiva pela fato de o orçamento estar apertado. Nos próximos dias, ela precisaria ter mais controle do quanto estavam gastando por ali. Mas controle não era algo que aqueles alunos da Escola Castro Reis pareciam conhecer. A despesa com garrafas plásticas de água estava quase o triplo do que havia sido programado. E tudo porque os filhinhos de papai achavam legal jogar garrafa de água potável pra cima toda vez que alguém puxasse o grito da torcida. Eles não sabem que podemos ficar sem água daqui alguns anos? Aparentemente não!

Exausta de encarar planilhas, contas e números, Luana quase gritou quando percebeu que estava na última linha do que precisava preencher. Pintou de vermelho a célula que mostrava o cachê do tal apresentador que sumiu e escreveu um e-mail para a equipe dele pedindo o valor pago para reservar a data de volta. E pode ter certeza que o tom de voz do e-mail não era nada simpático. Luana culpava ele pelo que tinha feito com Ashua e, de certa forma, ela estava certa. Mas também pensou que ele poderia ter feito muito pior na hora e acabaria causando um constrangimento sem fim à menina.

Assim que salvou os arquivos abertos, Luana puxou o fone de ouvido e se preparou para levantar e mexer na temperatura do ar condicionado. Foi quando se deu conta do barulho do lado de fora. Era óbvio que estava acontecendo uma festa nos corredores do andar. Aparentemente, todos os alunos estavam reunidos ali e quando Luana olhou por uma fresta da porta, viu que eles tinham trocado as lâmpadas, antes brancas, por coloridas, e agora tudo parecia uma enorme boate com teto colorido. Meu deus, por favor não quebrem nada, meu orçamento já está apertado demais. Foi a única coisa que Luana conseguiu pensar naquele momento. E quando ouviu as vozes se aproximando da porta do seu quarto, correu para fechá-la. Afinal de contas, não queria que eles soubessem dela ali. Queria fingir que nem existia. Foi andando até o ar condicionado, pois seguia com um calor inexplicável.

– Rasura! Rasura! Rasura!

Não... não... não... diz que isso é mentira, por favor! Ao correr de volta para a porta, sem frestas agora, Luana viu que uma grande parte das pessoas se reunia na frente do quarto de Ashua gritando pelo apelido dela. Eram mais de 20 naquele momento e ela só queria gritar alto para que todo mundo fosse embora dali, mas sua paralisia em momentos tensos não deixou que ela se mexesse muito. Foi quando a porta do quarto do lado do de Ashua abriu e surgiu uma menina que Luana não conhecia. Ela parecia gritar com eles, mesmo que não desse pra ouvir nada do que estivesse falando. As pessoas tentavam forçar a entrada para procurar pela corredora, mas a tal garota era forte o suficiente para impedir. Luana não deixou esse fato passar despercebido. E então, a porta que ficava bem em frente ao quarto de Luana, que ela sabia ser o quarto da corredora, abriu bem devagar. Com os olhos amedrontados e um casaco escondendo seu corpo, Ashua saiu lá de dentro.

Quarto 206 (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora