Prologo.

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Estava eu andando pela calçada em uma noite calma e nem um pouco agitada, fazia um tempo que eu saia na rua sozinha, talvez porque a escola não deixava. Depois do primeiro ano, tudo fica mais difícil e a escola pede mais esforço. Como sempre – posso não ter um rosto de estudiosa, mas sou –, estou sendo uma das melhores no ensino médio, mesmo com professores me odiando.

Professores odiando alunos estudiosos? Ah sim, na minha escola tem essas coisas de preconceito, e os professores vão na onda, não quero chegar nesse assunto agora.

Eu poderia ir para algum lugar, mas estava com preguiça de pensar em um lugar para ir, então fiquei sentada em um banco da praça. Eram três quadras da minha casa, sem nenhum medo. Meus pais, provavelmente estariam vendo TV e não ligariam por eu estar na rua as onze horas da noite, por um certo ódio sobre mim. 

Observei que não só tinha eu naquela praça, mas um garoto que eu nunca vi por esse bairro. Estava com uma calça de couro preta e uma blusa branca com o boné para trás, observava o céu. 

Desviou seus olhos para mim abrindo um sorriso, sorri de volta, mas logo desmanchei meu sorriso e desviei meus olhos olhando para um pombo que nos acompanhava.  Mexi em meus cabelos para o lado. Por um acaso meu celular tocou e li que era minha mãe, atendi caso fosse alguma urgência, mas na verdade eu queria tirar paz aquela noite, o que eu não consegui.

– Lacey? – ouvi minha mãe falar.

– Não, aqui é a Chiquinha. – zoei e pude ouvir uma risada fora da ligação.

– Onde está? Preciso que vá comprar um remédio para mim. – disse e eu pude ver que era sacanagem. 

– Graças a Deus, Deus te deu duas pernas, duas mãos, dois olhos e farmácias fechadas a essa hora da noite, não é verdade? – Ri ironicamente e desliguei. 

 – Que grossa – sua voz foi como uma musica navegando na minha mente, fiquei inconsciente por alguns segundos. Ouvi sua risada e sua sombra se sentar no meu lado.

– Minha mãe me ensinou a não falar com estranhos. – disse observando meus sapatos.

– Não vou te fazer nenhum mal. – Não respondi. – Me deixe me apresentar, sou Justin, estou aqui em Stratford a um dia, moro a três quadras daqui, vejo que vocês não saem a noite como fazemos em Los Angeles. – Riu baixo. Nem por um segundo respondi o que ele dizia, podem dizer que eu sou ignorante, mas não é isso, eu estava só processando tudo o que aquela voz maravilhosa dizia. – Me desculpe ser tão chato – disse se levantando.

– Não. – Se virou e eu pude ver seu rosto com um sorriso. – Sou Lacey, mas pode me chamar de Cey ou CeCey. 

– Tudo bem Cey, o que faz sozinha? – perguntou se sentando.

– Dando um tempo aos estudos e você? – perguntei depois de alguns segundos muito longos.

– Meu irmão não quis sair comigo, então tive que sair sozinho, estou passeando mesmo. – lambeu seus lábios e sorriu. 

– Eu vou embora, preciso ir pra casa, minha mãe deve estar preocupadíssima. – falei apressada me levantando. 

– Okay – se levantou. – Foi bom te conhecer CeCey.

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