Pécora

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Pécora, Substantivo feminino, aquela que se deita por ganância, mulher de má vida, prostituta.

Pécora, Substantivo feminino, aquela que se deita por ganância, mulher de má vida, prostituta

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Rosalie Maloley P.O.V

A música pulsava no ar, e eu me movia ao som dela com uma precisão que só a dor e o amor podem ensinar. Dançar não era apenas uma forma de trabalho para mim, era uma forma de libertação, de expressão, de fuga. Como as sacerdotisas nos templos de Afrodite na Grécia, eu dançava para os homens, mas sem a entrega que esperavam. Não me deitava com ninguém. Eu apenas dançava, e era o suficiente. Minha dança era minha única possessão verdadeira, algo que ninguém poderia me tirar.

Mas meu coração? Esse estava em algum lugar muito mais distante, com a pequena Athena, a minha razão de existir. Ela era a luz que me tirava da escuridão, a única verdade que me mantinha intacta. Quando olho para ela, vejo um pedaço de mim mesma — mas também vejo um futuro. O que me custa, no entanto, não é o esforço de trabalhar ou lutar por nossa sobrevivência. O que realmente me pesa é a verdade dolorosa de como ela veio ao mundo. Athena é fruto de uma violência que não pude controlar, mas que, de algum modo, me transformou.

Eu tinha 15 anos quando a minha vida foi virada de cabeça para baixo. Fui drogada numa festa da escola, e todo o meu futuro foi roubado por um homem que não merecia nada além do desprezo. Fui jogada na rua, com um bebê crescendo dentro de mim. Meus pais me expulsaram, e, para completar, o dinheiro que recebi dos pais do meu agressor foi uma tentativa de apagar nossa existência — de nos fazer desaparecer.

Mas eu não desapareci. Eu lutei. Tive que trabalhar de tudo um pouco para sobreviver, ser vendedora, garçonete, atendente... qualquer coisa que me permitisse alimentar minha filha e garantir que ela tivesse algo que se assemelhasse a uma vida decente.

Quando Athena nasceu, o mundo parecia ter me dado um recomeço. Mas o preço da minha liberdade foi alto. Os avós dela tentaram apagar nossa vida, tentando nos afastar ainda mais de qualquer vestígio de conforto. Me deram dinheiro — muito dinheiro — para desaparecer. E eu desapareci, mas não da maneira que eles imaginavam. Eu usei aquele dinheiro com inteligência, sabia que seria um tempo sem trabalhar, então guardei tudo que pude. Eu faria o que fosse necessário para manter Athena longe de tudo isso.

Eu sabia que precisaria voltar ao trabalho antes que ela completasse 5 meses. Foi nesse momento que encontrei Destiny. Não era algo que eu esperava, mas mudou minha vida para sempre. Vi a garota caída em uma mesa de supermercado, mal conseguindo se manter de pé após uma ressaca pesada. Ela parecia um desastre, mas era uma tempestade envolta em elegância e beleza. Seus cabelos verdes chamaram minha atenção imediatamente. E, embora fosse falastrona e bagunceira, me vi conectada a ela de uma forma inexplicável.

Destiny era uma mulher de contrastes. Ela era alto astral e, ao mesmo tempo, pragmática. Quando ela me apresentou ao dono de uma boate, minha vida tomou um rumo inesperado. Eu nunca imaginaria que acabaria dançando lá, mas ela me guiou pelos primeiros passos. O lugar não era nada como os outros que eu ouvira falar — clientes selecionados, e um ambiente tranquilo, onde o foco estava no meu corpo e não em mais nada. Eu tinha regras, e essas regras eram claras: dançar, mas não me deitar com ninguém. Isso era o suficiente.

Encontros - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora