Estando quase na metade do caminho, tive que voltar para casa por perceber que havia esquecido o meu trabalho de biologia. Enquanto voltava correndo, um carro passou por uma poça d'água e eu acabei muito molhada.
Chegando em casa, tive que tomar outro banho, vestir meu uniforme reserva e pegar o meu trabalho. Tudo isso o mais rápido possível. Perdi a primeira aula e cheguei na sala na metade da segunda, podendo entrar somente após ser reclamada pela professora.
Percebi que estavam todos em duplas para um experimento químico, mas havia uma cadeira vazia ao lado do garoto que adora me tirar do sério.
- Como eu dizia, seus lugares de hoje serão os mesmos até o final do ano. - a professora disse.
- E eu achando que minha vida aqui não poderia piorar... - murmuro me sentando.
- Estressada, amor?
- não estou boa para aturar as suas gracinhas hoje, então me economiza. - colocamos nossos óculos para iniciar o experimento.
- Problemas, meu anjo?
- Não sei como isso pode ser da sua conta, mas sim. Problemas.
Meço líquidos e lhe entrego uma dose, a qual o vejo misturar com outro líquido e depois ver a quantidade antes de dividir ao meio com outro recipiente.
- Voilá! - diz, quando a mistura dá certo.
- Muito bem. - disse a professora ao passar por nós.
- Qual a segunda parte?
- Bem aqui, querida. - me entrega o papel com as instruções.
- Achei que já tivesse dito para parar de me dar apelidos.
- E disse. Eu só escolhi não obedecer. - reviro os olhos.
- Espero que essa conversa seja sobre o experimento. - ela passa por nós mais uma vez.
- Agora cala a boca. Se ela falar mais uma vez, nós dois estamos fora - ele me olha sugestivo - Não que me importe com você, claro.
- Claro... Continue dizendo coisas assim para si mesma e, talvez, em algum momento, acabe acreditando.
- Tempo esgotado! - a professora diz, na frente da sala, logo quando nossa mistura fica pronta.
As luzes da sala são apagadas e vemos ambos os recipientes brilhando na cor azul. Sorrio animada e contente pelo experimento ter dado certo. Olho para o lado e ele está sorrindo de canto, mas logo faz um comentário idiota que me faz revirar os olhos.
O sinal toca, indicando o fim desta aula e início de outra.
A aula atual é de história e eu não me lembro de ter ficado tão entediada na vida como fico nessas aulas. Suspiro pela vigésima vez e me pergunto como uma aula pode ser tão insuportavelmente chata.
- Entediada, princesa?
- Você não faz ideia... - o ouço rir nasalmente.
- Não se preocupe. Já que você e eu estaremos lado a lado daqui em diante, não me faltarão oportunidades para lhe encher o saco. - seu sorriso de canto estava presente em cada palavra dita.
- Pelo amor de deus... Porquê, de todas as pessoas nesta sala, justamente você é a minha dupla?
- Você realmente tem muita sorte.
- Ah, cala a boca!
Alguns minutos de aula depois, estava tentando não dormir e acabei reparando nos anéis em sua mão esquerda. São bonitos. Levo minha mão até a sua e começo e mexer neles distraidamente.