CAPÍTULO UM

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                                       Crystal
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Dias atuais.

Ele não pertencia a este lugar. Por que esse pensamento me surgiu no instante em que pousei os olhos nele, eu não sabia. Mas foi o que aconteceu. Não foi pela sua aparência - eu já vira homens bonitos, arrumados e aparentemente íntegros aqui antes. Depois de ingerirem algumas gostas de álcool,ou aspirarem a atmosfera do grupo que permeava o ar, eles acabavam agindo exatamente como os outros tolos ébrios dispostos a gastar seu dinheiro e dispensar qualquer medida de decência que tivessem. E ele não parecia deslocado por estar com medo. Também já tinha visto isso antes - olhos disparando ao redor, nervosos e excitados pelo ambiente. Não, o homem sentado sozinho na mesa perto dos fundos do salão, segurando uma Miller Lite, não parecia assustado, apenas curioso. Sua cabeça girou lentamente conforme ele observava o ambiente, e não pude evitar que meu olhar acompanhasse o dele, imaginando sua avaliação.

Minha própria curiosidade me confundia e me perturbava. Eu não ficava curiosa a respeito dos homens que vinham ali e não conseguia encontrar uma explicação para isso. Fechei os olhos, empurrando os pensamentos para longe enquanto a música tomava conta da minha mente. Quando minha apresentação chegou ao fim,os aplausos explodiram e fixei um  sorriso no rosto.

Anthony caminhou por trás da multidão, garantindo que ninguém tomaria sequer um pouco de liberdade e puxando para longe de mim os que tomavam, enquanto protestavam. Cinco minutos depois, quando me virei para sair, meus olhos se depararam com o homem nos fundos, ainda sentado na mesma mesa, observando-me. Endireitei a coluna, algo em seu rosto espertou minha mente. Eu sabia que o vira ali antes. Eu o conhecia? Seria isso o que ficou atiçando minha atenção?

Assim que me vi nos bastidores, tirei o dinheiro de dentro da minha roupa de baixo, desamassando as notas até dobrá-las num bolo grosso.

- Bom trabalho, amor - Cherry disse ao se aproximar de mim, indo na direção do palco.

- Obrigada. - Sorri, apertando-lhe de leve o braço de leve quando nos cruzamos.

Destranquei meu armário no corredor e enfiei as gorjetas na bolsa antes de seguir para o camarim que eu dividia com duas outras garotas. Como era noite de folga delas, para variar eu tinha o espaço sempre lotado demais só para mim. Afundei na cadeira diante da pequena penteadeira tomada por caixinhas, tubos e estojos de maquiagem, cremes e perfumes. No silêncio do cômodo, os sons dos homens na plateia que me assistiram dançar encheram minha mente - os gritos, os chamados e os assobios que descreviam em detalhes o que eles queriam fazer comigo. Ainda sentia o bafo impregnado de cerveja, o cheiro de perfume pungente e de suor que me oprimiam quando eu me inclinara e dançara na direção de todos aqueles gritos masculinos e das mãos que tentavam me apalpar.

Por um instante fantasiei usar o braço para empurrar tudo sobre a superfície diante de mim para o chão, observando tudo se quebrar e se derramar, misturando-se numa bagunça de cores, texturar e fragrâncias. Sacudindo a cabeça, encarei o reflexo no espelho, tomada por uma necessidade de agarrar uma toalha para esfregar e borrar toda maquiagem que cobria meu rosto. Deus o que há comigo?

Um nó se formou na minha garganta e fiquei de pé rapidamente, derrubando a cadeira em que estava sentada com um estrondo.

- Crystal?

Virei a cabeça na direção da voz do Anthony, o que quer que estivesse no meu rosto o fez franzir o seu.

- Você está bem menina?

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2023 ⏰

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O MELHOR DE VOCÊ - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora