1. Life always gives second chances

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Sempre adorei esportes. Futebol, vôlei, handball, eu adorava tudo. Na infância era apenas eu e minha irmã nos divertindo na quadra do colégio com os garotos mais velhos e tentando esquecer todos os problemas que tínhamos em casa, já que vivíamos a vida de uma típica família disfuncional. Um pai alcoólatra que não conseguia parar em nenhum emprego e uma mãe que sustentava a casa com o salário mínimo que ganhava por meio de faxinas.

Eu e minha irmã sempre tivemos esperança de que em algum momento aquilo tudo fosse acabar, que não teríamos que escutar as brigas diárias e nem acordar e ver minha mãe fazendo o café da manhã de olho roxo. Ela sempre dizia que estava tudo bem, mas era óbvio que não estava, mas mesmo assim ela aguentava tudo nas costas para que nós não sentíssemos nada.

Nossa alternativa de melhoria de vida era a universidade. Para alguns o ensino superior era uma opção, mas para mim e para Ava era a única forma de sair da nossa casa em Brixton.

A vida inteira nós rejeitamos tudo, festas, drogas e até amizades, éramos geniais. Minha mãe morria de orgulho em ter duas gêmeas que conseguiam responder qualquer pergunta complexa de matemática com 11 anos de idade.

Ava amava física, ás teorias, as fórmulas e todo o resto a deixavam completamente encantada, já eu, sempre adorei o mundo mágico da comunicação, meus professores sempre me falavam que eu tinha potencial para mais do que apenas um curso de marketing, mas eu adorava ficar sentada em frente à televisão enquanto via as publicidades das maiores marcas do mundo.

Com 18 anos, Ava encontrou um homem de 24 anos chamado Jeremie, ela dizia que ele era o homem da sua vida. Até então, nenhuma de nós duas havia ficado com nenhum cara, eu não conseguia nem pensar em ficar com um garoto, eu só pensava em garantir o nosso futuro. Resumo da história, ela engravidou no meio do ano letivo e o cara desapareceu do mapa. Foi completamente doloroso ver minha irmã desesperada por ter acabado com o nosso sonho por causa de um imbecil. Mas além de tudo, foi triste demais ver minha mãe tentando lidar bem com toda aquela situação quando realmente estava mais preocupado em ter mais uma boca para alimentar.

Os anos passaram e eu não desisti. Eu lutei muito para dar uma vida para minha irmã, meu sobrinho e minha mãe, e foi satisfatório o dia que chutei a bunda do meu pai e levei a minha família para morar em um apartamento descente próximo ao centro de Londres.

Foi difícil. Difícil conseguir uma bolsa de estudos na Universidade de Londres, difícil ter um trabalho de meio período enquanto precisava estudar para as provas finais. Mas no final foi gratificante, ainda mais porquê depois de todo meu esforço, eu estava sentada em frente a minha irmã que apresentava lindamente o trabalho de conclusão da sua graduação em matemática. Eu estava tão orgulhosa!

— Sua mãe é um gênio. — falo para Ben, que estava sentado ao meu lado enquanto sorria para Ava.

— Eu quero ser como ela, tia. — ele diz soltando um sorriso angelical.

Ben era um anjinho de 8 anos. O garoto era uma graça, além de ser educado e encantador, ele tinha um cabelo no corte tigela fofo e seus olhos puxados o deixavam um charme. Pelo menos ele puxou as coisas boas do merdinha do pai dele.

Olho para o lado e vejo minha mãe emocionada chorando e lembro de como foi na minha formatura a 5 anos atrás. Eu amava ver minha mãe feliz.

Logo após o final da apresentação eu pulei nos braços da minha irmã, eu estava tão orgulhosa dela ter batalhado tanto e conseguido realizar nosso sonho.

— Você estava tão linda e vai ser uma professora tão linda! — digo emocionada.

— Sem chorar, não podemos borrar a maquiagem, vamos sair para comemorar nossas vitorias! — ela diz empolgada.

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⏰ Última atualização: Apr 27, 2023 ⏰

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