21st - Blood for blood

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Gaara nunca fora o tipo de garoto que sentava quietinho e ficava longe de problemas, não, ele nunca fora o tipo de criança a ser chamada de inocente... Ele nunca fora inocente mas... Por mais que procurasse, o que havia feito para acabar encrencado com a máfia?! A única explicação que tinha era... Era o maldito garoto Uchiha, que era o culpado pelo término do seu primeiro namoro que deveria ter sido o único, mas aquilo não podia ser verdade, podia? A coisa dos Uchihas serem todos mafiosos corruptos?... Olhando o canivete ensanguentado em suas mãos trêmulas, encarando a sala escura e vazia e sem nada para ouvir além da própria respiração, ele quase podia sentir os seus pensamentos descendendo em espirais sem sentido. E então, a porta foi aberta.


- Ora, ora... O ratinho trouxe um canivete é?~

- Q-Quem é você?! Fica longe de mim!

- Oh, não se preocupe, ratinho, eu não vou encostar em você... Mas ele vai~


Deidara mostrou um sorriso psicótico e indicou Itachi que entrou na cela com um semblante frio capaz de congelar o inferno, fechando a porta atrás dele. Gaara sentiu um arrepio percorrer sua espinha assim que seus olhos encontraram os olhos ônix do irmão Uchiha mais velho, aquilo só podia ser brincadeira... Não é? Não estava prestes a ser morto pela máfia por causa de Sasuke Uchiha... Não é?!


- Você tem cinco minutos para tentar se justificar, pirralho, e eu espero que você tenha uma ótima desculpa.

- E-Eu... E-Eh... P-Por favor... E-Eu não...

- Se você começar a implorar... - Itachi tinha um rosnado na voz, o ódio transparecendo sob o olhar gelado, como aquele pirralho tinha a ousadia de machucar o seu irmãozinho e depois agir como se fosse uma vítima? - Eu vou deixar os meus corvos comerem você vivo. Agora, mais uma vez, seu pirralho prepotente, é bom você me dar uma razão muito boa para ter machucado o meu irmãozinho.

- E-Ele roubou meu namorado! - Gaara gritou a explicação por puro medo, ele sabia que estava encrencado, e que aquilo não era uma brincadeira - E-Eu só... E-Eu só queria ele de volta...

- Oh... Então você não só é um covarde, mas é estúpido também... - Itachi rolou os olhos e se aproximou de Gaara, segurando a lâmina do estilete por reflexo quando o garoto tentou acertá-lo com ela, chutando o estômago dele a ponto de fazer o ruivo cuspir sangue - Você acha mesmo que consegue me enfrentar? Seu pirralho insolente...

- Itachi! Itachi, pega leve... - Deidara pediu, entrando no meio para tentar lembrar o Uchiha mais velho que aquele garoto era só isso, um garoto - ... Eu sei que cê tá puto pelo Sa—

- Sai da minha frente, Deidara. - Itachi cuspiu as palavras, ele não ficava com raiva facilmente, mas quando ficava com raiva... A posição de Deidara não era nada segura. - Esse pirralho maldito machucou o meu irmãozinho, e eu vou fazê-lo em pedaços.


Deidara realmente não tinha talento para herói, não mesmo... Bem, pelo menos ele podia dizer que tinha tentado. Ele saiu da frente de Itachi e daquela cela no porão do hospital que estava na maior parte abandonado, mesmo sendo mantido bem já que aquele prédio sempre fora a base da Yakuza desde o tempo de Fugaku, Deidara era um mafioso mas não era um assassino, e ele sabia o que iria acontecer naquela cela. Não foi surpresa ver Itachi sair do hospital com o cabelo molhado e roupas trocadas, mas foi uma surpresa vê-lo sozinho, sem a mala preta como normalmente acontecia, então ele levantou uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa.


- ... Quê?

- Cadê o garoto?

- Trancado? Quê? Você achou que eu ia matar o pirralho?

- Bem, sim? Normalmente é o que acontece quando o teu irmãozinho precioso está metido na conversa.

- Você faz parecer que eu sou psicótico... É um garoto, não um adulto, ele levou uma surra mas eu não vou matar a criança também... Deu vontade com certeza, mas eu não vou. - Itachi deu de ombros de leve, Deidara sempre fora seu amigo, mas ele às vezes parecia esquecer que Itachi era perfeitamente racional mesmo quando estava com raiva. Itachi seguiu seu caminho em silêncio e subiu na Harley preta, pressionando o acelerador de leve para fazer o motor roncar. - Você vem?

- De moto? Com você? - Deidara riu - Nem fudendo, meu amigo. Eu vou a pé, muito obrigado.

- Medroso


Itachi riu leve, estava muito mais tranquilo agora que o pirralho que havia machucado seu irmãozinho estava pagando o preço do que fez... Claro que teria que largá-lo em algum lugar até o fim do dia, não queria um caso de criança desaparecida que pudesse ser ligado a ele e por isso mesmo tinha tido certeza de não deixar nenhuma evidência marcante no garoto, bem, nada além de uma bela cicatriz para lembrá-lo de não cometer o mesmo erro novamente. E Gaara realmente não iria esquecer da lição nunca mais, há final, era impossível ele se sentir mais vulnerável, sentado numa cela escura, com uma série de cortes cauterizados marcando seu peito permanentemente com letras que agiam como uma etiqueta: T-E-R-R-O-R-I-S-T-A. Ele não conseguia tirar os olhos da cicatriz que ardia em vermelho graças à pele queimada, em choque demais para chorar com a dor ou sofrer pelos problemas que aquela cicatriz ainda viria a lhe causar.

Ele não ousou mover um músculo na cela escura que agora estava impregnada com o cheiro de carne queimada, sangue e urina. Ele não resistiu ao ser pego e arrastado por um garoto de cabelos ruivos e piercings, e ele não resistiu ao ser jogado na mala de um carro preto, ele não deu um pio até ser jogado na calçada perto de sua casa e continuou calado até que o carro já estivesse fora de vista. Ele nunca falaria sobre aquilo para ninguém, é claro, não para os seus pais, nem para a polícia que foi chamada, mantendo a boca fechada mesmo depois de ser levado ao hospital, de repente ser um delinquente não parecia mais tão divertido assim...

Ele seria um bom garoto agora.

Gangsta's paradise - ItasasuOnde histórias criam vida. Descubra agora