Capítulo 2

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Capitulo 2

    Um ano depois da crisma de Will eu iniciei a  minha, agora eu estava com meus 13 anos e fazia parte da turma de sábado e ele se tornou catequista da turma de domingo. Confesso que eu não estava muito a vontade de ir, me sentia deslocada e despreparada para aquilo, experiências novas me assustavam e eu sempre tentava fugir, faltei o primeiro encontro estava decidida em não fazer aquele ano mas na missa do domingo de manhã algo me fez mudar de ideia, talvez o fato de eu ver o Will e Lou com a turma nova deles, não sei de verdade, no sábado seguinte eu fui, estava com muito medo, minha ansiedade estava nas alturas e eu sentia vontade de sumir a cada segundo, no momento que eu cheguei uma garota veio em minha direção, sentia que eu já a conhecia  mas não lembrava de onde.

--- Oiee , sou a Helena! Qual o seu nome?--- ela sorria de forma simpática.

--- Olá, meu nome é Maya. Esse é meu primeiro dia.--- respondi com receio.

--- O meu também! Não consegui vir no anterior, estava na fazenda do meu avô em outro estado e não daria tempo de vir. Mas que bom te conhecer! Vou te apresentar uma galera.--- ela me apresentou aos amigos.

Ela me apresentou  quatro amigos, Mia, Charlie, Pietro e Marcos. Eles eram legais, me disseram que estuavam na mesma escola, a  escola estadual Marie Curie que inclusive era a mesma que eu iria estudar no próximo ano e a mesma que Will estudava. O encontro da crisma correu tudo bem, fizemos uma dinâmica de conhecimento, a brincadeira da Teia, onde cada um pegava um pedaço do barbante e falava algumas coisas sobre si, idade, nome, escola, série e tudo mais e no final toda a roda ficava entrelaçada em uma espécie de teia de aranha, confesso que tive vergonha no começo, mas aos pouquinhos fui me soltando e acostumando com a situação, mas infelizmente meu conforto acabou assim que vi a porta, era John, irmão de Will, ele carregava uma bíblia em uma das mãos e na outra o celular onde se encontrava em um telefonema, tentei me manter calma, porém sem sucesso, cada vez que eu o via mais nervosa eu ficava. Ele desligou o celular e vaio em direção a roda e assim que ele me viu logo me deu um pequeno aceno que logo retribui sentindo as maçãs do rosto queimarem, nunca fui do tipo de esconder minhas emoções com facilidade, principalmente quando estava com vergonha de algo, nisso ser expressiva me incomodava muito. Logo depois do encontro ganhamos um par de BIS de ‘’boas vindas’’, um pequeno mimo que eu particularmente achei fofo e deixou meu coração todo quentinho. Assim que sai do salão papai já estava esperando na porta, depois dali fomos fazer a compra da semana com a mamãe, eu amava aquilo, era bobo? Talvez, mas pra mim era único, amava ficar andando no mercado e olhando aquilo que claramente meus pais não iriam comprar me  imaginando há alguns anos fazendo as compras da minha própria casa. Eram coisas simples assim que eu amava, ficar com meus pais enquanto eles seguiam listas e listas de alimentos era particularmente divertido, mas ninguém imaginava que aquela Maya iria tirar uma folga...muito menos eu.

A semana começou tranquila, estava voltando da escola as 11:30 de uma manhã movimentada, hoje eu iria começar uma nova atividade, uma oficina de multimeios onde tinha várias coisas novas, aula de desenho, natação, informática, atividade de hortas, atividades físicas e eu estava muito empolgada, o ônibus iria me buscar na porta de casa as 12:30 e iria me deixar de volta as 17:30, ou seja seriam tardes semanalmente agitadas. Logo que entrei no ônibus todos ficaram me olhando, o veículo estava relativamente vazio e tinham de crianças a adolescentes e todos conversavam em uníssono, passei de cabeça baixa e me sentei no local mais afastado possível. O ônibus correu seu percurso normalmente até que parou em uma escola, onde havia um grupo com aproximadamente 13 pessoas, de 12 à 17 anos de idade, todos embarcaram e assim foi até o destino final, o clube United Soulbank, mais conhecido como Clube USb, era um clube de uma agência bancária da cidade, onde funcionários e sócios frequentavam mas que também cediam o espaço para essa oficina. Chegando lá descemos e formamos nossa fila, eu era nova então não fazia ideia de qual turma eu pertencia, as turmas eram organizadas por números pares, por que disso? Eu não fazia ideia, mas era assim, e eu apenas aceitei. Fui enviada para a turma 04, a mais lotada de todas, lá tinha um grupo de meninos que não paravam calados um segundo sequer, sempre fazendo palhaçadas e piadas de mal gosto eles eram os irmão Anthony e Norman e seus amigos Ripper, Blake e  Richard, logo eu virei assunto entre eles, sempre os via me encarando e murmurando uns com os outros e sinceramente eu não estava nada interessa no que eles estavam falando sobre mim, preferia nem ficar sabendo para evitar aborrecimento.

No intervalo eu estava sentada em um banco na quadra quando Norman veio em minha direção e se sentou do meu lado.

--- Eae novata, qual é a boa? Oque achou do lugar?—ele disse com um sorriso sarcástico.

--- Normal, aqui até que é legal. --- eu respondi sem querer dar abertura para um diálogo.

--- Pois é, novata, cansei de te chamar de novata, qual o seu nome?---ele continuou tentando puxar assunto.

--- É Maya, muito prazer. --- respondi apenas eu realmente não estava interessada em conversar com ele, meio que ele não tinha me passado uma impressão muito boa.

--- Caso queira saber, o meu é Anthony, muito prazer.—ele disse estendendo a mão esperando que eu a apertasse e assim eu fiz.

--- Agora que já sabemos nossos nomes, me diga, quantos anos tem?—ele perguntou

--- 13 anos.—respondi apenas para ser gentil

--- Hum...entendi, 13 anos, imaginei que fosse mais velha com esse corpo e tudo mais...—ele não terminou a frase e eu fiquei até que aliviada, essa conversa estava indo para um lado bem estranho.

--- Com todo respeito me diga, tem namorado?—ele perguntou sem rodeios, creio que era isso que ele queria saber desde o início.

--- Não, não tenho namorado.--- respondi sem enrolação

--- Um ficante talvez?

--- Também não, nunca tive nenhum.

---- Pera...? VOCÊ NUNCA FICOU COM NINGUÉM!? Eu duvido!!—ele duvidou

--- Não, nunca fiquei com ninguém.--- respondi com sinceridade

---Então está me dizendo que é BV? Nunca beijou ninguém?--- ele parecia incrédulo

---Nunca beijei ninguém.—respondi, nunca pensei nessas coisas, não é prioridade para mim isso.

--- HAHAHA, certo, você nunca passou perto da boca de outra pessoa. Entendi, entendi, então tudo bem. --- ele riu

--- Não entendi qual é a graça?--- perguntei sem entender o motivo da risada

--- É que, sei lá, você sabe...ser BV é meio vergonhoso né, ainda mais na sua idade, tem gente até namorando. Mas tudo bem, sem problemas. ---ele disse fazendo menção de ir embora.

--- Afinal, o que veio fazer aqui?--- perguntei já irritada com a situação.

---Nada, apenas estava tentando arrumar você para o Norman, mas deixa pra lá, bancar professor de beijo não rola né, quem sabe uma próxima. Tchau novata. --- ele disse dando um sorriso e uma piscadela.

Com toda a certeza no mundo eu nunca havia ficado tão sem reação em toda minha vida, aquele diálogo tinha me deixado estagnada. Como pode existir um ser tão arrogante desse modo? Não imagino nada tão fora da noção. Afinal isso nunca tinha sido um problema pra mim, beijar ou deixar de beijar não fazia muita diferença, mas estranhamente uma certa insegurança me invadiu. Será mesmo que isso era tão vergonhoso assim?

           

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⏰ Última atualização: Apr 18, 2023 ⏰

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