POR UMA RAZÃO POR UMA ESTAÇÃO OU PELA VIDA INTEIRA

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"Por que as pessoas entram em nossas vidas?
Elas entram em nossas vidas por uma "Razão", uma "Estação" ou uma "Vida Inteira". Quando se percebe qual deles você é, vai saber o que fazer por cada pessoa."(Autor desconhecido)


Barceloneta, agosto de 2021


Olívia ajustava o banco da bicicleta. O sol timidamente começava a iluminar os edifícios do Port Olimpic. Uma turma entusiasmada e bonita que ia ocupando as bicicletas ao som de Del Mar, a canção do verão 2021. De longe o avistou na recepção retirando as sapatilhas e os fones que iria usar na aula; depois caminhando como essas pessoas que não têm boleto para pagar, ele atravessou a parte coberta por uma tela de nylon onde estavam os sofás, plantas e um buffet com garrafinhas de água, frutas e barras de cereais. Com o celular em mãos, ele registrava tudo para postar em suas redes sociais.

Hey! — a chamou.

Fernando Gutierrez, em algum momento da vida foi mordido pelo bichinho do medo de estar perdendo alguma coisa, o FOMO*. E desde então, tinha dificuldade em dizer não à algum convite. Mesmo que isso significasse emendar o almoço do sábado, com uma noitada e pedalada na praia às oito da manhã do domingo.

Depois que recebeu as fotos de Olívia, pediu o número dela e começaram a conversar. Combinaram de se ver quando ele fosse à Barcelona, o que aconteceu um mês depois.

( FOMO: Fear of missing out. Medo de perder algo ou o medo de ficar de fora. Sentimento de apreensão de que alguém não está a par ou está perdendo informações, experiencias, etc).

O estúdio onde Olívia treinava estava fazendo um especial de verão, pedalar na cobertura do hotel W com vistas à praia de Barceloneta com seu mar azul de mansas ondas brancas.

"Mais baixo do que eu imaginava", observou Olívia caminhando na direção do rapaz de pele tingida pelo sol mediterrâneo, que sorria para ela mostrando os dentes pequenos e quadrados. Pessoas com dentes incisivos quadrados, são determinadas. "Já descobriremos", Olívia abriu seu sorriso com seus incisivos ovais. Dentes de artista.

Lidando com a estranha sensação que sempre ocorre quando se passa algum tempo conversando com uma pessoa pela internet antes de conhecê-la pessoalmente, Olívia sorriu e estendeu a mão sob a inspeção de um par de bisbilhoteiros olhos negros.

— Te derrubei da cama?!

— Praticamente isso!

Fernando, passando por cima da formalidade dela, puxou a mão estendida para perto e lhe deu dois beijos no rosto.

— Nem acreditei que você viesse mesmo! — comentou ela — Vi nos seus stories que estava no festival de música em Vilanova! Imagino que você nem dormiu... — Podia deduzir por seus olhos vermelhos.

— E eu quase que não vim! A noite foi puxada.

Um dos instrutores posicionado na bicicleta gritou:

—Bora pessoal, que a festa já vai começar!
—Estou na bicicleta vinte e quatro. Qual é a sua? — perguntou Olívia.
— A oito.

Fernando respondeu, parecendo aflito ao se dar conta de que estava bem na frente.

— Maravilha. Que Deus me guarde! — ele falou.

Então começou o sem parar de pedalar, levantar pedalando, pedalar sentado, aumentar peso, pedalar movendo as mãos pelo guidão, pedalar cruzando os braços, batendo palmas, mais força, pedalar agachado. Aumentar velocidade. Duas fileiras atrás, Olívia ria. Podia ver que ele estava segurando o vômito. Quanto mais as pessoas se animavam, menos Fernando parecia saber se ria de desespero ou se chorava de pânico. "O que eu vim fazer aqui?!", dizia a expressão de espanto dele, com o cabelo molhado de suor cobrindo a testa.

A RESPOSTA DE ALINA ( EM REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora