Srta. Gypsy era uma jovem bonita e atraente. Era difícil de admitir, mas ela tinha me chamado atenção e isso vinha me perturbando. Sempre procurei prezar pelo mantimento da ética profissional na universidade, principalmente na relação com meus alunos. Em mais de 10 anos de docência eu nunca tinha tido tanta curiosidade como no momento em que bati meu olhar em Mia. E isso não era bom.
Não mesmo.
Mia era claramente muito mais nova que eu, além de ser praticamente uma caloura em Cambridge. De longe, era uma situação problemática. De perto também. De repente me vi contando uma mentira sobre a situação de seu trabalho, e no outro instante, estava com ela em minha sala. Sei que não era o ideal, mas eu precisava conhece-la. Ansiava por esse momento.
A observei atentamente desde que entramos na sala. Pude notar o desconforto em sua face, então tentei tranquiliza-la. Logo após, ela já havia se soltado e estava a analisar os diversos livros que existiam por ali. Se antes, ao trocar olhares no anfiteatro em uma distância considerável, eu tinha a achado bonita, imagine agora tão de perto. Todos meus pensamentos se intensificaram e eu me encontrava desacreditado com as minhas próprias atitudes. Era absurdo. E arriscado.
Mas eu ansiava.
Visualizei o momento em que ela se desequilibrou da escada ali presente. Ia ser uma queda feia. Eu não deveria intervir na ordem natural das coisas, mas instintivamente agi. Corri até onde ela estava e, por sorte, consegui chegar a tempo de salva-la. Ela caiu como pluma em meus braços. E isso era muito perigoso.
— Você está bem? — perguntei, tentando transparecer calma após alguns instantes.
Ela se encontrava paralisada e seu rosto estava extremamente vermelho. E a situação que nos encontrávamos era engraçada: Mia, jogada em meus braços e suas mãos apoiadas ao redor do meu corpo. Parecia ter entrado em estado de choque.
— Srta. Gypsy? - insisti. Sem nenhuma resposta.
Tudo o que eu conseguia reparar naquele momento era em como sua respiração estava acelerada. O movimento de seu peito, que descia e subia rapidamente. Os olhos amendoados e em como eles refletiam medo e insegurança. Seria mentira se eu dissesse que também não estava nervoso com a situação. Era tentador ter ela aqui, em meus braços, tão vulnerável e acessível. Eu conseguia senti-la em minhas mãos devido a posição de contato que nos encontrávamos. E isso era perigoso.
O que será que se passava na cabeça dela nesse momento? Disso eu não sabia, mas na minha se passavam as mais diversas coisas que eu não teria coragem de verbalizar.
Após alguns segundos (que pareceram horas), Mia pareceu ter recobrado seus sentidos e se desvencilhou do meu corpo rapidamente, com o rosto ainda mais ruborizado. Eu entendia a situação constrangedora em que estávamos, mas tentei não transparecer meu nervosismo. Passei a mão pela nuca e coloquei uma das mãos na cintura, sem saber muito bem o que fazer. E de fato, não sabia o que dizer. Se esse encontro tinha começado com o objetivo de nos conhecermos melhor e aliviar a tensão, acredito que esse episódio só tenha servido pra intensificar.
— Me desculpe Sr. Mikkelsen.... eu sinto muito — disse ela, com um olhar de súplica. Eu senti seu tom choroso, e a minha única vontade era abraçá-la. Entendia a situação, mas não queria que ela chorasse de vergonha por minha causa.
— Não precisa pedir desculpa, querida. - falei em um tom calmo, na expectativa de que isso a consolasse. Comecei a me sentir um tanto culpado por vê-la quase chorando ali na minha frente. — Você se machucou? —perguntei, um tanto preocupado.
— Acho que não. — disse ela, enquanto passava as mãos pelo corpo — Graças a você, obrigada! — agradeceu, com os olhos cheios de lágrimas. Senti que ela iria desmoronar em lágrimas na minha frente a qualquer momento, e eu provavelmente não iria saber como reagir. Eu sou um cara fechado, admito, e, consequentemente, apoio moral não é o meu forte.
— Por que você está chorando? — perguntei, confuso. Será que ela realmente não tinha se machucado?
— Bem.... meio que tô com muita vergonha. — falou — Sou uma pessoa muito tímida, então acabo reagindo com intensidade a quase tudo. — riu nervosa. Eu a entendia perfeitamente, mas continuava bastante preocupado.
— Entendo... — balancei a cabeça, em tom de compreensão — Mas se você se sentir melhor, podemos continuar nossa conversa — tentei. Apesar de achar que essa não era o melhor momento, fiquei na esperança de poder conversar um pouco mais com ela.
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classroom - ᴍᴀᴅs ᴍɪᴋᴋᴇʟsᴇɴ
Fanfictionuma estudante de direito passando por dificuldades com suas produções acadêmicas e o novo professor do departamento com total disposição para ajuda-la.