Atrasos

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Os raios de sol adentravam pela janela, que fora aberta na noite anterior numa tentativa de diminuir o calor e refrescar o ambiente. Com a iluminação, Yoongi despertou vagarosamente do sono pesado, remexendo-se na cama grande e constatando que o marido ainda dormia. Analisou sua expressão serena. Jungkook era um homem lindo. Mesmo com o cabelo escuro desgrenhado, os lábios rosados entreabertos ou o rastro de saliva na bochecha. Sem conseguir se conter, o loiro depositou um singelo selar na testa do amado, que apenas suspirou, se aconchegando nos lençóis. 

O Min resolveu finalmente levantar, infelizmente, tinha afazeres a cumprir. Tomou para si o celular que descansava na mesinha de cabeceira, era a primeira coisa que conferia antes de, de fato, iniciar o dia. Por alguns segundos, encarou o aparelho petrificado. Talvez seu celular estivesse com defeito? O horário não batia. Pegou então o de Jungkook, onde percebeu que não, aquele era de fato o horário certo; 7 horas e 45 minutos. Estavam com quase uma hora inteira de atraso! 

Desesperadamente, acordou Jeongguk, que após algumas sacudidas, despertou assustado.

— O quê aconteceu? Alguém morreu?! — o Jeon perguntou embolado, ainda confuso. Seu marido corria pelo quarto enquanto desajeitadamente tentava vestir as calças.

— Sinto muito, querido, mas o despertador não tocou, não sei o que houve. Agora estamos todos atrasados, se apresse, por favor — Yoongi explicou já fora do quarto, no corredor. Precisava acordar o bebê e o preparar o quanto antes. Em seu alcance vinha o mais novo, que andava tranquilamente de olhos fechados, ainda enrolado no cobertor florido.

— Ah, não docinho, não precisa se afligir. Eu que desliguei o despertador — proferiu com um ar orgulhoso. Estranhamente, ao entrar no quarto infantil, Jeongguk esbarrou em algo duro. Bem, não se lembrava de ter uma parede ali…

Ao abrir os olhos, se deparou com as costas do esposo. Este que ao se virar, pode conceder ao moreno a visão de uma pequena bolinha de carinha amassada. O sorriso em seus lábios fora instantâneo. Mas, ao olhar o rosto de Yoongi, algo dentro de si sentiu que estava encrencado. 

— Você fez o que…? — perguntou calmamente. Jeong sentiu a espinha gelar com a voz serena. — Oh meu raio de sol, olha só, você estava tão cansadinho ultimamente, eu só queria que você pudesse dormir um pouquinho mais. Então desliguei o despertador sem você saber, e funcionou! Você 'tá até mais radiante! — O moreno explicou, abraçando o outro homem. Não esquecendo de adicionar um sorriso doce, talvez assim escapasse de uma bronca. 

Um balbuciar alegre soou no quarto. — Viu! O bebê concorda! — argumentou. O Min respirou fundo pela quinta vez no dia, tentando manter a sanidade mental. — Certo, mais tarde conversamos sobre isso, agora, por favor, se apresse, você tem uma reunião em menos de 30 minutos. — E foi então que Jeongguk caiu em si. Havia esquecido completamente sua reunião com os membros do conselho. Ouviu apenas o riso nasal e sarcástico do mais baixo e se pôs a correr contra o tempo. 

O loiro então resolveu arrumar o neném. Banhou-lhe, trocou as fraldas e escolheu uma linda roupa; um macacão creme com uma fofa estampa de ursinho, sem esquecer, claro, a touquinha com orelhinhas. Agora estava completamente protegido contra o frio. — Vamos senhor bochechudo, o café nos espera! — ouviu a gargalhada gostosa do filho após ter uma framboesa soprada nas bochechinhas coradas. Yoonie tinha convicção de que não existia som melhor que a risada de Daeho.

Serviu uma tigela com cereais e uma boa quantidade de leite para o marido, visto que não tinham tempo para algo nutritivo, não demorou muito para que o tal se sentasse à mesa ao lado de Dae, que babava seus dedinhos em sua própria cadeirinha. Yoongi fazia alguns ovos mexidos para si mesmo. Não era exatamente um cozinheiro conceituado, mas conseguia se virar. Todavia, no final das contas a família tinha o relé costume de consumir comida industrializada.

— Eu realmente espero que você não esteja tentando dar cereal para o repolhinho — o Min proferiu ao ouvir a risada suspeita. O marido tossiu disfarçadamente. — Olha só a hora! Deixem-me ir! 

O loiro olhou para a trás, ouvindo a porta da sala bater. O chaveiro colorido sobre a mesa chamou sua atenção e fora quase impossível não revirar os olhos. Como um homem daqueles podia ser tão desatento? Junto do bebê, andou até a garagem, vendo Jun indo em direção ao carro. — Querido, não está esquecendo algo? 

O mais alto se virou para olhá-lo. Como era tolo. Se aproximou dos dois, depositando um beijo na testa do bebê, que se contorceu pela sensação engraçada. — Papai te ama! — Voltou-se então para o seu carro, até a voz de Yoongi o parar. — Não era exatamente isso, meu bem…

Jung suspirou, às vezes questionava sua própria percepção. Agarrou o rosto do marido, tomando os lábios dele para si de forma singela e puramente apaixonada. Não importava quanto tempo se passasse, nunca se cansaria de beijar o seu homem. 

— As chaves, Jeon! As chaves! — O moreno riu ao ter o objeto balançado perto de seu rosto. — Até mais meus amores! 

E Jungkook finalmente partiu para o trabalho, deixando para trás um esposo com um sorriso bobo desenhado nos lábios.

— Que papai bobo que você foi encontrar hein. — Yoon sacou o celular do bolso traseiro, discando o número conhecido. Já tinha perdido o horário de qualquer forma. Não faria muita diferença. — Olá senhor Daejung, tive um imprevisto com Daeho e não conseguirei trabalhar hoje… isso, sinto muito… certo… obrigado. 

— Então, vamos assistir ursinhos carinhosos!? — O bebê bateu palminhas, mesmo sem saber exatamente sobre o que seu pai falava. Yoongi riu, estava ansioso para desperdiçar o resto de sua manhã com muito carinho e besteiras.

Manhã turbulenta | Myg + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora