As lembranças batem como vento no seu rosto, sentindo a alegria de correr em um campo verde próximo de uma arvore cujo a luz do sol passando sobre as folhas, da textura da grama embaixo de seus pés, fazendo leves cocegas. Lembrando das suas mãos, suasas pequenas mãos tentarem cobrir aquela luz enquanto soltava leves risadas e duas mãos vindo de cada lado e o cobrindo e uma voz dizendo;
- Ah, te peguei seu fujão.... - e virou rapidamente rindo e alegre e ele o gira mas ao ver seu rosto ele se assusta com o que vê, ou melhor, o que não consegue ver. Não consigue ver nenhuma feição, não há nada, apenas o formato de seu rosto nada mais, não há olhos para ver, não há boca para dizer, não há nada, um vazio, mas seu rosto mexe como se tentasse gritar e um som semelhante a uma sirene e ele cai das mãos de seu pai e tudo se escurece.
Acordando assustado, respiração forte e ofegante,desesperadamente em busca da bombinha de ar e coloca rapidamente na sua boca, como se o seu pulmão clamasse por algo que lhe desse de volta o ar, ao pressionar com tamanha ferocidade pois não havia ar que conseguisse puxar, ao pressionar e sentir o ar voltando, o alivio, o ar saindo de meus pulmões novamente, as mãos menos tremulas pois o medo de não sentir o ar é agonizante, era aterrorizante, não maior que a solidão e o abandono que sentia ao ver as lembranças dos seus sonhos, não tinha o rosto do meu pai, não havia fotos deles, tudo que tinha foi jogado fora, quem além de mim naquela casa, uma profunda e completa solidão, não solitude mas a mais temível e completa solidão. Tendo que desde muito cedo trabalhar e estudar, a vida não lhe deu o conforto e muito menos uma família estável. Seu pai deixou uma lacuna, um grande vazio ao abandonar esposa com um filho pequeno, deixar uma carta cuja a culpa do seu sumiço é atribuída a esposa que o fez perder ''o melhor da vida''. Isso gerou uma grande revolta em Lucas a ponto de guardar ela, mas ao mesmo tempo ser a única lembrança que seu pai tinha deixado, mas algo não estava certo, como ele pode ter uma lembrança tão feliz de seu pai e naquela carta está uma pessoa totalmente diferente, alguém que não amava seu filho, inclusive o desprezava por ser um atraso na vida desse homem que não pode ser chamado de pai, mas era isso o que lhe restava, uma breve lembrança de um bebê que corria dos braços do pai mas não de medo, mas porque era o momento mais feliz e seguro que ele teve, o momento em que o calor dos seus braços o cercava e aquilo o acalmava, como pode um homem que brincava com tanto amor deixar uma carta que diz que sua esposa e filhos são um peso, como pode alguém que cuidava tanto da esposa deixar algo assim, não tinha lógica alguma sobre aquilo, algo o incomodava, era como garras que o rasgava por dentro, uma ferida interna que só se acalmaria quando viesse as respostas do porquê disso.
Então aos 15 começou a ir a biblioteca e pegar livros de psicologia, estudava incansavelmente enquanto outras crianças em seu tempo de folga das atividades escolares buscavam todo tipo de atividade que lhes dessem prazer, a busca dele era por respostas, estudando desde motivos que os pais abandonam os filhos, abandono, mas foi bem a fundo, sobre o inconsciente e o como pode ter afetado seu próprio psicológico com esses traumas, viu que tinha que lutar para não replicar o que seu pai fez, mas Lucas apesar de sentir raiva, algo o chamava mais a fundo, um comichão dentro de sua cabeça, uma coceira mental. Isso o incomodava a ponto de tirar seu sono, era praticamente seu nêmeses. E um motivo para também guardar rancor da sua mãe era como ela apesar do seu abandono, seu amor por ele ainda era forte. Isso o indignava de tal forma que ele não compreendia, como pode guardar esse amor por alguém que a abandonou e a deixou em uma cama de hospital? Guardar esse carinho por alguém que a deixou a chamando de vadia. Um amor quase incondicional, que não importa o que ele fez ela sempre estaria lá o esperando, todas essas duvidas se acumularam e com isso ele decidiu ir visitar sua mãe no hospital psiquiátrico. Em meio as lembranças de seus sonhos e o estado da sua mãe o sangue começou a borbulhar, quase como um vulcão que vinha com tamanho ódio que suas mãos se fechavam e pressionando as unhas contra a própria palma fazendo com que a unha quase entrasse na carne. Então respirou fundo, logo buscando a bombinha para respirar mais tranquilamente, ao olhar para o relógio viu que já era 16:00 horas e precisava correr, pois tinha uma consulta com a psicóloga, após a crise de sua mãe Lucas teve sua emancipação adiantada, já tentou algumas vezes antes das crises de sua mãe mas ao ver ela sendo levada após atacar um homem. Isso foi um choque para ele, ver sua mãe sedada e algemada, como ela pode fazer isso, não aguentava mais. Não chegou a ver a luta com seus próprios olhos, só os comentários como;
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Simulacro
Mystery / ThrillerApós o misterioso desaparecimento de seu pai, Lucas foi criado pela sua mãe que com muito esforço trabalhava em uma loja, mas após um surto psicótico atacou um homem que ela diz estar machucando seu marido, foi internada em uma das maiores clinicas...