Pete caminhou pelo cemitério silencioso, seu corpo tremendo pelo frio do fim de tarde. Ele carregava uma única flor nas mãos, uma rosa vermelha que ele havia escolhido com cuidado. Ele não queria fazer isso, não quando não estava preparado. Uma apreensão tomava conta do peito, a dor lhe aprisionando como as palavras presas na garganta desde o final dos anos 80.
Quando finalmente chegou ao túmulo de Tom, Pete se abaixou no chão gelado, ajoelhando-se diante da lápide dele. Ele sentiu a voz falhar, entristecido com a situação que insistia em consumir todo o seu clima para fazer qualquer coisa.
Mav ficou em silêncio por alguns instantes, olhando para a lápide como se esperasse que Tom aparecesse de repente, pronto para compartilhar alguma piada ou história engraçada—Deus, Tom odiava as piadas de Pete—mas não havia nada além do vento uivando entre as árvores e o som distante de um carro passando na estrada. O silêncio o machucou, droga, como ele queria ouvir a voz de Ice, mas infelizmente a única comunicação que tinha com ele era através de palavras, onde Pete imaginava em ler aquelas palavras com a voz de Ice.
Saudade era o nome. Pete sentia saudade de Tom Kazanski, a última vez que conversou com ele, lembra de que ambos falaram sobre Goose, com Pete desabafando sobre o quanto sentia falta dele, do quanto aquele dias cantando "Great Balls Of Fire". Sobre como trabalhar para a Top Gun deveria os deixar preparados para a morte, mas de alguma forma, Pete nunca esteve.
Primeiro, Goose. E agora, Ice. Oh céus, Pete estava sem os dois. Caramba, o último assunto foi ele pedindo conselhos à Ice para lidar com o filho do amigo, mas não teve como contar para ele como foi o último de seus voos de teste. Ele sabe o quanto Ice era rigoroso, ouvir críticas dele ainda lhe rendia muitos suspiros de ironia.
Um silêncio que se estabeleceu desde quando não pôde mais ouvir a voz dele, para Pete, o silêncio de Ice era como se um dos seus belos Super Hornet jamais emitisse aquele lindo boom ao quebrar a barreira do som quando rasgando o céu.
Com cuidado, Pete colocou a rosa vermelha no topo da lápide, sua mão tremendo um pouco enquanto ele a arrumava. Ele fechou os olhos por um momento, respirando fundo para controlar suas emoções. Finalmente, ele abriu os olhos novamente e olhou para a flor que ele havia deixado lá.
"Eu sinto muito, Ice.", disse ele em voz baixa. "Eu sinto sua falta todos os dias, eu sinto que..."
E então, Pete perdeu as palavras. Aquilo que eles esconderam durante anos veio à tona.
"Ice, poderíamos ter ficado juntos, mas eu sinto muito, não conseguimos. Quando nos separamos e você a conheceu, eu perdi meu rumo, não soube o que sentir."
Pete ficou mais alguns minutos, em silêncio, procurando as palavras certas para dizer ao vento, esperando que de algum lugar, Ice o estivesse ouvindo.
"Ice, você era mais do que um amigo, sabes muito bem o que eu sinto por você, aqueles dias onde eu ficava contando as minhas piadas ruins, céus, eu nem sei como você aguentou..." Pete soltou um suspiro, sentindo o peso das palavras "Eu nunca vou esquecer da nossa primeira noite juntos, onde fugimos para passar a noite dentro daquele cockpit apertado de um F-14, em seguida, todas aquelas noites fugindo dos alojamentos para dormir juntos, abraçados e fingindo que nossa rivalidade um dia jamais existiu e também..."
Pete perdeu a voz por um momento, soluçando de forma a não chorar. Ele nunca foi um homem que gostou das lágrimas, sempre preferiu sofrer em silêncio, deixando as dores se perderem no labirinto de suas memórias. "O fato do nosso romance ter sido um segredo, eu sinto muito. As coisas hoje são tão mais fáceis para dois homens viverem juntos, mas antes... não eram. Droga, eu sinto que poderíamos ter sido felizes, mas quer saber? Enquanto eu te tive ao meu lado eu fui feliz."
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Saudade | Icemav (Top Gun)
FanfictionMaverick decide ir ao cemitério dizer suas últimas palavras para Ice depois de ele partir, só não esperava que uma velha amiga estivesse lá para segurar sua mão quando a saudade de Iceman e um segredo estava lhe matando.