Narração: Guilherme Sampaio
Homofobia é uma violação criminosa do Direito Humano fundamental a liberdade de expressão e da singularidade humana, revelando-se um comportamento absolutamente repreensível.
Há um Projeto de Lei da Câmara 122 de 2006, (PLC 122/2006) ou PL 122, que trata-se também, como a principal lei anti-homofobia.***
Você conhece uma pessoa bem resolvida de verdade? Do tipo que mete o pé na porta do armário, escancara sua personalidade, diz "foda-se" para a sociedade hipócrita e preconceituosa, não precisa da aprovação alheia para dizer e fazer o que quer, não se assume para ninguém de fato, porque demonstra tudo aquilo que deseja, é autentico, e automaticamente, já não precisa de rótulos.
Então... essa pessoa aí deve ser muito foda, mas ela definitivamente não sou eu.
Sempre me auto defini nas rodas sociais como um cara hétero tímido, sim hétero, mas a verdade é que eu sou um covarde e ponto, porque eu não tenho dúvidas quanto a minha identidade sexual, eu só tenho medo do que possam fazer comigo se alguém descobrir que sou homossexual.
A propósito, namastê, meu nome é Guilherme Sampaio, Gui, e atualmente eu resido em um armário mental e não estou nem perto de sair dele, eu sei, de fato é patético, mas eu nunca nem disse em voz alta no espelho que eu sou gay, principalmente agora que estou desesperada e dolorosamente apaixonado por um maldito homofóbico gostoso para um caralho que foderia a minha vida se me descobrisse.
Eu sempre tive umas crises de ansiedade bem ruins quando imaginava que alguém no ensino médio poderia estar analisando cada movimento meu por desconfiar da minha sexualidade, isso me fazia parecer bem tímido então eu me agarrei a esse disfarce esteriotipado e me escondi do resto do mundo, obviamente eu nunca fui uma pessoa sociável, mas isso piorou muito quando eu me vi na universidade novamente cercado por uma manada de neandertais homofóbicos agressivos, e assim, os meus ataques de pânico tiveram início.
Uma crise após a outra, de crise em crise eu percebi que usar uma bombinha para asma me ajudava nesses momentos, e eu já não saia de casa sem ela, para me ajudar a relaxar nesses momentos sombrios.
Eu me sentia um merda por precisar me esconder dentro do armário, por ter tanto medo de ser descoberto, por me forçar a agir como um hétero em lugares públicos e até precisar beijar meninas para não desconfiarem de nada, eu não tinha coragem de ser quem eu era e nem de correr atrás do que eu queria, que se resumia a uma única pessoa: Frederico Vikkari.
Eu não conseguia nem chegar perto dele sem que as minhas mãos suassem de uma forma tosca.
Era só haver uma simples apresentação de um trabalho em grupo e sentir os olhos dele voltados para mim quando era a minha vez de explicar o conteúdo que a minha língua embolava e meu estômago se contorcia dolorosamente, e apesar de saberem que eu sou inteligente, todos da minha turma de direito, absolutamente todos, achavam que eu não conseguiria me tornar o advogado que eu sempre me dediquei para ser por vacilar ao falar perto dele e aparentemente não ter uma boa oratória e não falar de forma eloquente.
Se ainda não ficou claro, deixe-me retomar, Frederico e eu estudávamos Direito na USP, que apesar de ser uma universidade pública, você não conseguiria dar dois passos sem esbarrar em um merdinha filho de algum milionário, e Vikkari era exatamente desse tipo de pessoa.
Ao chegar, logo no início das aulas todas as noites ele usava o termos como "viado, boiola, bichinha" para "ofender" os seus amigos do fundão. Eu me contorcia ao ver que para ele ser gay era mesmo algo ofensivo e digno de zoação, além dos vários comentários totalmente desnecessários que fazia a plenos pulmões lá do fundo da sala para que todos soubessem que ele era de fato um hétero babaca, isso era motivo de orgulho para ele e vergonha alheia para mim.

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Glass Boy
RomanceAgir como hétero dava náuseas em Guilherme, mas essa era única forma de passar despercebido ao lado de tantos trogloditas neandertais homofóbicos que haviam a sua volta. Era óbvio que Gui os odiava... com apenas uma excessão. Frederico Vikkari. Fr...