Capítulo um

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Após me livrar da minha peruca loira, soltei meu cabelo marrom e arrumei minha franja, ainda me olhando no espelho passei um batom vermelho, retirei o casaco que era duas vezes maior que eu e o deixei embaixo da pia, revelei meu vestido vermelho bem colado, coloquei meu salto scapin e saí do banheiro. O movimento no aeroporto estava como sempre, não avistei nenhum rosto familiar enquanto varri o local com meus olhos. Mais calma, retirei o celular do meu sutiã discretamente e li as mensagens de Klaus, meu braço direito e motorista.

"Estou na entrada do aeroporto."

Fui andando depressa até a entrada e logo reconheci meu bom amigo, ele estava com uma feição mais velha, a barba estava se fazendo presente em seu rosto, seu cabelo loiro apresentava alguns fios brancos, mas a elegância e o charme dele ainda continuavam os mesmos.

-- Senhorita Johnson -- disse e abriu a porta pra mim, com um sorriso largo de boas vindas.

Sorri de volta e entrei no carro. Klaus bateu a porta, entrou em seguida e acelerou.

Após tomar um banho, fui participar de uma reunião da empresa, onde tentaríamos fechar um acordo. Escolhi um blazer preto, uma calça jeans e um salto simples.

Dessa vez Klaus não me levou, eu fui dirigindo para a empresa sozinha. Consegui chegar na hora, mas se o trânsito tivesse colaborado, eu teria chego uns minutos antes para arrumar a mesa da reunião do jeito que eu gosto. Tive que deixar na mão dos secretários incopetentes.

Adentrei a grande empresa de vidros azulados e me dirigi ao penúltimo andar, para a sala de reuniões. Na porta o estagiário Ben me recepcionou.

-- A reunião já irá começar, senhorita -- avisou.

Assenti e adentrei no local, percebendo que só dois lugares, dos oito, da mesa estavam de desocupados. Assim que os demais presentes perceberam a minha presença, se levantaram em respeito, eu me sentei e eles o fizeram em seguida após meu comando.

-- Podemos dar início à reunião? -- perguntei.

-- Ainda falta um membro, o representante da empresa com quem iremos negociar -- explicou Marta.

-- Vamos esperar, então.

Odeio esperar esses incopetentes.

Após uns minutos de espera, a porta se abre, revelando um lindo homem, com o rosto mais belo que eu já vi na minha vida.

-- Sinto muito pelo atraso, o trânsito me pegou! -- se desculpa.

Com a rouquidão de sua voz quase tenho um orgasmo, mas me controlo cruzando e apertando as pernas.

A reunião se resumiu em envestidas para o homem atrasado, chamado Jamie Dornan. Confesso que ele me despertou algo bom, que eu nunca havia sentido antes. Informalmente insisti na idéia de que nos encontraríamos de novo por aí.

Ao chegar em casa pesquisei sobre ele, descobri que ele é casado há dois anos, com uma tal de Amélia, mas isso não afetará os planos que eu tenho para nós. Sei que ele será meu, mais dia ou menos dia. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Klaus.

Me: "Descubra onde Jamie Dornan mora, onde costuma ir, onde trabalha e do que gosta de fazer."

Me: "Ah, e veja como é o relacionamento dele com a esposa."

Em menos de um minuto Klaus confirmou que se encarregaria disso.

Ótimo, uma parte do plano está começando a ser executada.

Enquanto não tive nenhuma resposta de Klaus, fui adiantando meu trabalho, ganhando dinheiro a cada minuto com empresas internacionais. Vendendo e comprando ações novas, até que cansei e cacei o número de Jamie. Em dez minutos consegui achar, mas não queria assustá-lo e fui dormir.

-- Senhorita Johnson, consegui o que me pediu! Vigiei-o o dia todo -- Klaus me contou.

A notícia, por melhor que fosse, não consegiu me fazer despertar por completo. Então abri meus olhos devagar e fui me sentando.

-- O que descobriu?

-- Ele trabalha numa cafeteria. Sua mulher chegou em casa às 20 horas e nem o cumprimentou, devem estar numa crise de casamento. As outras informações terei acesso durante a semana, após observá-lo -- constatou.

-- Não se esqueça: total discrição -- alertei.

        Klaus assentiu e saímos do quarto, me dirigi para a cozinha, enquanto meu fiel motorista foi em direção a sala. Preparei um chá para mim e saí, indo para o café em que Jamie trabalha.

      Decidi iniciar mais um de meus joguinhos, Jamie seria uma peça importante no tabuleiro, basta saber moldá-lo, para que não aconteça o que aconteceu da última vez.
        
         Acabei me lembrando da minha última aventura, meu último desvaneio e no caos que tudo se transformou no fim.

       Ao avistar o café com uma placa gigante, logo parei o carro no estacionamento que tinha ao lado, sem pressa alguma, mas com vários pensamentos rondando minha mente, fui adentrando no local, que se mostrou muito agradável, com um cheiro delicioso de grãos de café sendo moídos e uma imagem privilegiada das costas de Jamie que logo reconheci, ele se encontrava atrás do balcão, preparando alguma bebida que eu não consegui identificar. Me sentei no banco, de frente para ele, e quando Jamie se virou, o espanto foi tamanho que o líquido da xícara em sua mão deu uma pequena agitada.

-- Senhorita Johnson! -- exclamou.

-- Por favor, somente Dakota. -- E sorrio brevemente.

-- O que faz aqui? -- ele perguntou.

        Observei-o atentamente ir até um cliente,entregar a xícara que estava em sua mão e voltar para mim como um cachorrinho.

-- Não que eu esteja pensando que você veio aqui só para me ver, é óbvio que veio para tomar café... -- embaralhou-se sem criar expectativas.

-- Bom, eu não gosto do café daqui, então talvez a outra opção esteja correta.

        O rosto de Jamie se iluminou com a minha resposta e senti que ele estava interessado na conversa, mas logo eu concentraria toda a atenção dele em mim.

-- Então... aceita sair para dar uma volta depois do seu expediente?

Obcecada por Jamie Dornan (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora