Quero Matar Meu Assistente (capítulos degustação)

Capítulo 1

Isa

Há um mês fui promovida, algo que deveria ter acontecido somente quando me formasse, ou seja, daqui a alguns meses. Estou feliz? Muito, pois nunca pensei chegar em tão pouco tempo onde estou. Como iniciei a faculdade, precisei arranjar um emprego, pois só assim teria condições de levar o meu curso até o fim. Quando estava procurando trabalho, li o anúncio do escritório da Duda, já havia três anos que o abrira, porém, ela me disse estar difícil encontrar alguém que a entendesse, que fizesse exatamente as coisas como ela queria, precisava de alguém não só para anotar recados, mas que ajudasse um pouco mais e que fosse organizada.

Quando ela disse a palavra organizada, já me empolguei, pois meu nome do meio é organização. Ao mesmo tempo que ser organizada era uma benção, por outro lado, às vezes, se tornava um problema. Tenho o que os psiquiatras chamam de TOC, Transtorno Obsessivo Compulsivo, no meu caso é com a organização, não posso e não gosto de ver nada fora do lugar e no trabalho não é difere, é até pior, pois, além disso, sou metódica. Realizo as coisas sempre do mesmo jeito, pois assim não tem erro.

Sei que ela me deu a chance de mostrar meu trabalho, fiz o melhor que podia, quando acabou o tempo de experiência fui efetivada e aqui estou, nem bem virei Diretora Administrativa, já estou tendo que ficar em seu lugar. Não estou reclamando, ela soube me ensinar muito bem como as coisas funcionam, mesmo o setor financeiro não sendo a minha área.

Até estando afastada, ela não deixa passar nada, tanto que exigiu que eu mandasse o relatório semanal para ela. Já viu se eu não mandar, antes eu era exigente com as coisas relacionadas à Duda, pois era sua secretária. Ela quem dava às ordens e eu só cumpria, mas por conta dessa minha organização, de querer tudo no seu devido lugar e no tempo, corre pelos setores que a aprendiz superou a mestra. Só cumpro com meu papel, pois sei que se eu não fizer nada, o pessoal relaxa por mais respeito e admiração que eles tenham pela Duda, quando ela se afasta eles acreditam que podem diminuir o ritmo. Antes não podia realizar muita coisa, mas agora? Tenho carta-branca.

Se tenho vida social? Bom, acho que não, nunca fui muito de sair, no começo da faculdade até que sim, ia para barzinho com o pessoal ou até mesmo boate, mas nesse último ano, me dediquei ao trabalho e ao meu TCC, Trabalho de Conclusão de Curso. Namorar então? O que é isso mesmo? Sério, não faço ideia de quando foi a última vez que saí com alguém. Sinto falta? Quem não sente, mas tenho prioridades e estar em uma relação com alguém nesse momento não tenho como, ainda mais que o meu serviço triplicou e também tenho o meu trabalho da faculdade para entregar.

Saio dos meus pensamentos com meu celular tocando. Quando vejo é a Duda, ela criou um grupo para o chá revelação do bebê dela.

"Oi, meninas, espero que estejam bem. Criei esse grupo, a fim de pedir para as tias mais lindas desse mundo, que me ajudem em algo muito especial."

"Oi, já gostei do, tia linda. — A irmã da Duda fala."

"Cunhadinha, o que você está aprontando?"

"Amiga, fala logo o que você quer. — Bia, como sempre, direta."

"Doce desse jeito? Podem se preparar. — Falo."

"Pois bem, eu e o Felipe, já sabemos qual é o sexo do nosso bebê. Então, serão vocês a descobrirem, por isso, quero que organizem um almoço na minha casa nesse sábado. Não desejo nada exagerado, entendeu Bia? Será só para nós, pais, irmãos e amigos mais próximos. Conto com vocês meninas, agora sairei e deixo vocês decidirem."

"Eu avisei. Pois bem, meninas, o que vocês têm em mente?"

"Já sei quem chamarei para fazer o almoço e quanto a decoração, meninas alguma ideia? — Bia fala."

"Pensarei em algo, conhecendo a minha irmã, menos é mais."

Assim, trocamos mensagens e organizamos o almoço, confesso que ter a Samantha e a Marina a mais na minha vida está sendo ótimo, mesmo não saindo muito. Elas são "uma figura", a Bia já conhecia, mas as duas se juntando com ela, meu pai, tenho dó dos homens. Não sei o que se passa com elas, mas pensa em três mulheres que amam falar mal do sexo oposto, a Bia, tem os casos dela, mas vive reclamando. Sou tirada dos meus pensamentos com alguém batendo na porta.

Isa: Entre! — Raquel entra, ela é minha secretária. — Sim?

Raquel: Quero saber se precisará de mais alguma coisa. — Olho as horas e vejo que já está quase na hora de ir embora.

Isa: Não, você já terminou tudo que te passei? — Ela assentiu. — Sendo assim, já pode ir, só vou terminar isso aqui e organizar minhas coisas para ir embora também.

Raquel: Obrigada senhorita, até amanhã.

Isa: Até. — Ela sai e fico sozinha. Pronto, mais um dia de trabalho concluído. Olho uma última vez para minha mesa, vejo se está tudo no lugar, se não esqueci de guardar nada.

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