𝐈

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𝐴𝑛𝑑𝑦



Ele estava jogado no chão da ponte, tão perto da borda que uma rajada de vento poderia tê-lo jogado na água a qualquer momento.

Curioso, como  que ele não caiu ? 

Me abaixei para pegá-lo e examiná-lo. Era um luxuoso celular de cor preta, moldado em um material metálico. Exalava um cheiro de terra úmida que desapareceu tão rapidamente que eu pensei em estar sonhando.

A tela estava intacta, não tinha nem um arranhão sobre o écran, observei nas laterais para ver se havia um botão de ligar. Eu esperava que não funcionasse, mas quando apertei o botão, a tela acendeu.

O aparelho estava carregado e as cinco barras alinhadas no canto direito indicavam que a recepção estava excelente. O vento batia na folhagem dos salgueiros fazendo barulhos. Me virei, procurando por uma presença humana.

As margens estavam desertas. Atrás da cortina de árvores erguiam-se os gritos e as gargalhadas de Alexia e Ítalo. Eles me chamavam, em poucos minutos, eu os alcancei. Voltei minha atenção ao celular e examinei o rio. Nenhum barco no horizonte.

Além disso, por que alguém passeando de barco, deixaria o telefone em um ponte de embarque? 

Me sentei, deixando as pernas penduradas no ar e acariciei as bordas negras. Embora não tivesse nenhum logotipo de marca conhecida, o aparelho devia custar uma fortuna.

Movida pela curiosidade, quis consultar os últimos números discados, mas estavam apagados. Então acessei a lista de contatos. Incluía um número impressionante de nomes e sobrenomes. Embora eu os tenha percorrido, não fui além da letra A.

Como pode esta máquina ter tantos contatos na memória? 

Nós armazenamos uma quantia absurda consumida pelos os contatos.

Quem pode conhecer tanta gente? 

E se eu ligasse para uma dessas pessoas aleatórias, saberia a quem pertence o telefone e poderia devolver ao dono. Mordi meus lábio inferiores. Eu sei que é o certo. Mais esse celular esta me tentando terrivelmente.

Ele não é seu! - sussurrou a voz do meu subconsciente.

Bem, para começar, vamos ver se funciona....

Com o polegar, disco o número da vovó.

Três toques e um "Alô?" cantoria.

- Sou eu vovó, tudo bem?

- Sim, minha pequena, estou tomando um chá com Sra. Debye. Por que está me ligando?

- Assim...Eu só queria te dizer um oi.

- Isso é muito bom, querida. Você está em casa?

-Não, no campo, ando com amigos mas logo estarei de volta. Bom, beijos. Irei te ver amanhã à tarde, ok?

- Boa ideia, vamos bater um papo e tomar um chá, tenho muitas cerejas. Tchau querida.

- Adeus, vovó.

desligue a ligação.

Foi uma maravilha, o som estava com uma clareza perfeita.

Durante a breve conversa, tive a impressão de que minha avó estivesse ao meu lado. Com a curiosidade me dominando, fiz mais ligações usando o celular encontrado, pelo simples prazer de trocar algumas palavras.

𝑳𝒐𝒔𝒕 𝑪𝒂𝒍𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora