O SENHOR DA CASA 113

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Isabelly parou em frente a casa, o coração batendo forte como um tambor e o medo transpirando por sua pele. A porta e as janelas estavam fechadas, dando a impressão de que o lugar estava vazio, mas Isabelly sabia bem que não estava, ela sabia bem quem morava naquela casa.

Era uma casa grande de tijolos, uma moradia antiga e muito bem construída, com uma grossa porta de madeira. Os tijolos eram tingidos de vermelho-vinho e o telhado era de cerâmica esmaltada no estilo colonial. O jardim era bem cuidado, com uma grama bem verde e bem aparada, vasos de flores, pedras coloridas e um bonito limoeiro nos fundos. Não parecia de forma alguma uma casa abandonada, porém o morador que ali habitava nunca era visto.

­­– Eu não vou apertar a campainha, não vou mesmo – disse Isabelly dando meia volta, mas nem deu dois passos e voltou novamente para onde estava, encarando a casa. O medo a consumia, mas a curiosidade a consumia mais. – Mas eu preciso saber quem mora aí, quem é esse tal senhor.

Sabia que sozinha, jamais encontraria coragem para ir até aquela casa, porém se tivesse alguém para acompanhá-la... Mas seus amigos eram resolutos em não aceitar a aventura. Todos morriam de medo daquela casa e das lendas macabras envolvendo o tal senhor que lá vivia, dessa forma ninguém queria nem mesmo se aproximar do tal casarão, quem dirá apertar a campainha e entrar lá dentro.

Mas havia alguém, alguém que iria topar aquela aventura, alguém com coragem o suficiente não somente para apertar a campainha, como também para entrar no casarão e até mesmo tomar uma xícara de chá com o tal senhor misterioso.

Só que havia um problema. A pessoa em questão não morava naquela cidade, iria visitá-la durante as férias de verão, mas as férias ainda demorariam e até lá Isabelly precisaria esperar.

– É não adianta, vou ter que esperar a minha prima vir me visitar, não vou conseguir entrar aí sozinha, vou ter que segurar essa curiosidade – disse Isabelly para si mesma, resolvendo enfim voltar para sua casa.

Desta forma a menina esperou até que as férias chegassem. Não contou nada a sua prima, pois queria fazer surpresa, sabia que ela amava aventuras e que surpresa melhor para ela do que uma aventura tão interessante. Sabia que ela amaria.

O tempo passou, as férias chegaram e a tal prima de Isabelly veio visitá-la conforme o prometido, mas ela estava diferente, não parecia mais a mesma prima tão alegre e entusiasmada que Isabelly bem conhecia e não pareceu muito interessada quando a surpresa lhe foi revelada.

– Não acho essa uma boa ideia Isa – disse a prima, com uma expressão preocupada no rosto de muitas sardas. Os cabelos cheios e ruivos estavam presos num coque desajeitado e as roupas amassadas como era o habitual, porém seu rosto era mais sério e seu olhar mais maduro.

– Como assim Alice? Você ama aventuras – disse Isabelly chocada com aquela resposta e sem entender o comportamento da prima.

– É uma longa história Isa, mas eu não posso te falar nada, fiz uma promessa e pretendo cumpri-la. Tudo o que você tem que saber é que eu não vou mais me meter nessas aventuras malucas, isso é algo perigoso.

– Mas o perigo é o que torna as coisas divertidas.

­– Você diz isso porque nunca enfrentou um perigo de verdade, nunca viu a morte de frente, se tivesse visto, mudaria de opinião.

– E você viu por acaso? – disse Isabelly aborrecida, sem entender o que sua prima dizia, o que ela queria dizer com ver a morte de frente.

– Sim eu vi e ela tinha olhos azuis, opacos e vazios – disse Alice se lembrando, se lembrando da terrível criatura. – Se você quer se aventurar nessa tal casa, faça isso, vá em frente, mas não conte comigo e se quer um conselho: melhor deixar tudo isso quieto.

O SENHOR DA CASA 113Onde histórias criam vida. Descubra agora