Meu dia vai ser bem longo, não tanto quanto eu gostaria, porque deve acabar bem cedo. Até o momento não sei o motivo de tudo isso estar acontecendo. Preciso reagir antes que seja tarde demais. Estou me encaminhando para meu fim. Preciso entender. Preciso tentar entender. Qual foi meu pecado para merecer tal morte?
Tudo começou há algumas semanas atrás, no que deveria ser um início de semana normal, como o de qualquer outra pessoa comum. Não! O que estava a acontecer não era nada normal, nada comum.
No dia em questão meu despertador, que ficava estacionado sobre uma pequena cômoda cor marfim que estava posta ao lado direito da minha cama, tocou exatamente às 5:45h. Era uma segunda-feira, acordei meio que desnorteado, sem disposição de levantar e ir ao trabalho, sendo assim permaneci sobre a cama por mais alguns instantes tentando reunir forças suficientes para erguer meu corpo e dar início à minha rotina. Dez minutos depois, consegui elevar-me para principiar meu dia. Assustei-me ao ver minha casa, algo tinha acontecido naquele lugar. Móveis quebrados, estantes e livros jogados ao chão e sangue em alguns locais específicos do recinto. Reparei também em minhas roupas, uma coloração vermelha também dominava minhas vestimentas. Sim, também era sangue, sem dúvida alguma. Corri ao banheiro e verifiquei meu corpo inteiro. Nada. Nem sequer um arranhão, com exceção ao meu braço, que carregava algumas poucas marcas, mais parecidas com marcas de unhas, que, porém, não explicavam todo aquele liquido que estava em minha roupa.
Não entendia nada. Por quê estaria meu apartamento todo "destruído"? Sim, destruído, podemos até chamar assim. Por quê minhas roupas estavam todas revestidas com sangue? Não sabia dizer se era bom ou ruim, mas, ao que tudo indicava, nada, ou quase nada, daquele líquido pertencia a mim.
Estava atrasado para meu trabalho. Eu era perito criminal e precisava chegar muito cedo para iniciar meu expediente. Tentei esquecer o que estava presenciando e me apressei tentando não perder a hora. Troquei meus trajes rapidamente e parti rumo ao meu destino.
Trinta minutos depois eu já estava dentro do meu carro, rumando ao prédio que nos sediava. Ao rádio tocava Schéhérazade de um maestro russo chamado Rimsky-Korsakov. Era uma das minhas sinfonias favoritas. No meio do caminho recebi um chamado para um caso, no rádio policial explicava "Jovem não identificada encontrada morta por morador de rua, todas as unidades se direcionem ao local", depois, então, aumentei o volume da canção e conduzi o veículo até o local.
Ao chegar, me deparei com uma multidão ao redor da área isolada, muitas pessoas estavam chorando, pareciam desesperadas, inconsoladas. Ao que me parecia, era uma pessoa muito querida. Atravessei todo o perímetro e procurei saber o que já haviam coletado, para a minha surpresa eu era o primeiro perito a chegar ao local, assim, nenhuma informação havia sido colhida sobre o caso, a não ser o nome e idade da vítima que eram Stephanie Clark e 22 anos, respectivamente.
Era uma moça linda, jovem, com todo um futuro pela frente. Era apenas uma criança.
Ainda não tinha observado à condição que estava a menina até então, foi naquele momento que atentei ao seu estado. Era uma visão aterradora. Seu sangue formava uma poça num círculo perfeito ao seu redor. Suas vísceras estavam à mostra, ultrapassando os limites entre o interior e exterior de seu cadáver. Pedaços de seu corpo foram arrancados: unhas e até alguns dedos. Era uma barbaridade, algo desumano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Midnight Ripper (HIATUS)
Short Story"Meu dia vai ser bem longo, não tanto quanto eu gostaria, porque deve acabar bem cedo. Até o momento não sei o motivo de tudo isso estar acontecendo. Preciso reagir antes que seja tarde demais. Estou me encaminhando para meu fim. Preciso entender. P...