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NO VERÃO DOS CATORZE, Gat e eu pegamos o barco a motor pequeno sozinhos. Foi logo depois do café da manhã. Bess obrigou Mirren a jogar tênis com as gêmeas e Taft. Johnny tinha começado a correr aquele ano e estava dando voltas na trilha da costa. Gat me encontrou na cozinha de Clairmont e perguntou se eu queria sair de barco.
—Na verdade, não.
Eu queria voltar para a cama com um livro.
—Por favor!
Gat quase nunca pedia por favor.
—Vá você.
—Não posso pegar o barco. —ele disse. —Não parece certo.
—É claro que pode.
—Não sem um de vocês.
Ele estava sendo ridículo.
—Aonde você quer ir? perguntei.
—Só quero sair da ilha. Às vezes não suporto ficar aqui. Eu não conseguia imaginar, na época, o que ele não suportava na ilha, mas concordei. Saímos de barco pelo mar usando jaquetas corta vento e roupa de banho. Depois de um tempo, Gat desligou o motor. Ficamos comendo pistache e respirando o ar salgado. A luz do sol brilhava sobre a água.
—Vamos entrar — eu disse.
Gat pulou e eu fui atrás, mas a água estava tão mais fria do que perto da praia que tirou nosso fôlego. O sol se escondeu atrás de uma nuvem. Soltamos risadas de pânico e gritamos que entrar na água havia sido uma ideia muito idiotaO que tínhamos na cabeça? Havia tubarões longe da costa, todos sabiam disso.

Não fale nos tubarões, minha nossaNós nos apressamos e empurramos um ao outro, lutando para ser o primeiro a subir a escada atrás do barco.

Depois de um minuto Gat se afastou e me deixou ir na frente.

—Não porque você é menina, mas porque sou uma boa pessoa ele me disse.
—Obrigada. —Mostrei a língua.
—Mas quando um tubarão arrancar minhas pernas, promete que vai escrever um discurso sobre como eu era incrível?
—Combinado. —eu disse. —Gatwick Matthew Patil foi uma refeição deliciosa para um tubarão.

Parecia histericamente divertido passar tanto frio Não tínhamos toalhas. Juntamo-nos debaixo de um cobertor de lã que encontramos sob os assentos, os ombros despidos tocando um no outro. Pés frios, um em cima do outro.
—É só pra gente não ficar com hipotermia. —disse Gat. —Não pense que te acho bonita ou algo assim.
—Sei que não acha.
—Você está puxando o cobertor.
—Desculpe.
Uma pausa.
—Eu te acho bonita, Cady. Não quis dizer o contrário. Na verdade, quando ficou tão bonita? É perturbador. — Gat disse.
—Continuo igual.
—Você mudou durante o ano. Está atrapalhando minha estratégia.
—Você tem uma estratégia?
Ele fez que sim, solene.
É a coisa mais ridícula que já ouvi. Qual é sua estratégia?
—Nada penetra minha armadura. Nunca notou?
Aquilo me fez rir.
—Não.
—Droga. Achei que estivesse funcionando.

Mudamos de assunto. Falamos sobre levar os pequenos para Edgartown assistir a um filme à tarde, sobre tubarões e se realmente comem pessoas, sobre o jogo Plantas Versus Zumbis. Então voltamos para a ilha.

Não muito tempo depois, Gat começou a me emprestar seus livros e me encontrar na praia pequena no início da noite. Ele me procurava quando eu estava deitada no gramado de Windemere com os cachorros. Começamos a caminhar juntos na trilha que circunda a ilha, Gat na frente e eu atrás. Falávamos sobre livros ou inventávamos mundos imaginários. Às vezes dávamos a volta várias vezes até ficar com fome ou entediados.

Rosas japonesas demarcavam o caminho com um pink vivo. O cheiro era leve e doce.

Um dia, olhei para Gat, deitado na rede de Clairmont com um livro, e ele parecia..... Bem, parecia ser meu. Como se fosse minha pessoa particular.

Fui para a rede ao lado dele em silêncio. Peguei a caneta de sua mão — ele sempre lia com uma caneta na mão — e escrevi Gat no dorso de sua mão esquerda e Cadence no da direita.

Ele pegou a caneta de mim. Escreveu Gat no dorso da minha mão esquerda e Cadence no da direita.

Não estou falando de destino. Não acredito em destino, almas gêmeas ou sobrenatural. Só sei que entendíamos um ao outro. Completamente.

Mas tínhamos apenas catorze anos. Eu nunca tinha beijado um menino, embora fosse beijar alguns no ano seguinte, e de alguma forma não rotulávamos aquilo de amor.

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⏰ Última atualização: May 05, 2023 ⏰

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Mentirosos- E. LockhartOnde histórias criam vida. Descubra agora