Tentação

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instigar, induzir.

Ao pé da letra, tentação é você fazer exatamente aquilo que não é pra ser feito mas eu estava ali cogitando e preste a fazer, enquanto um lado meu gritava e piscava sinais de alerta o outro falava pra eu aproveitar o clima e esperar os próximos capítulos.
Em consciência eu sabia que tinha uma possibilidade de aquilo tudo ser uma péssima ideia principalmente levando em consideração os meus relacionamentos do passado mas eu não sabia explicar o porque desta vez eu simplesmente não virei o rosto e tentava ignorar, talvez fosse o olhar fixo sobre mim ou o maxilar trincado, as tatuagens que levemente apareciam no pescoço e mãos, o cigarro na boca ou até mesmo as roupas pretas e os acessórios pesados, tudo ali era um breve sinal de alerta que ressoavam na minha mente enquanto eu dançava e olhava para ele, a música estava alta mas minha cabeça em foco absoluto não me permitia ouvir com clareza parecia que o mundo a minha volta estava em câmera lenta.

Após algumas músicas e goles na minha bebida eu estava em completo êxtase e me movimentava na mais pura leveza, eu estava dormente de qualquer pensamento mas eu ainda conseguia sentir o peso do olhar daquele homem que estava sentado a poucos metros de mim em uma mesa com outros quatro rapazes, era hipnotizante a forma como ele levava o copo de whisky para os lábios e dava um gole eu tinha certeza que podia ouvir o som da bebida quente descendo pela garganta dele, era quase um pecado.

Ele vestia uma blusa de gola alta canelada que ficava justa em quase todo o corpo o que me permitia a visão quando a luz vermelha caia sobre ele, era forte e tinha ombros largos, cabelos levemente longos e pretos, uma tatuagem no pescoço que no fundo da minha alma podia se ouvir as minhas mais sinceras súplicas para poder ver de perto caso você fixamente me olhasse nos olhos por muito tempo.

Estava começando a ficar quente e barulhento demais ali, pego meu casaco e minha bolsa e decido sair e ir a parte de cima da boate que era mais aberta e pouco movimentada já que era mais usada por uns e outros casais que vinham para suprir seus desejos carnais, por sorte do destino estava relativamente vazia o que era de se esperar, havia somente alguns casais se beijando em um lado escuro, era bom respirar um ar e sair do ambiente quente que estava apesar da minha cabeça não me deixar esquecer daquele homem.

A visão da cidade de Nova York de cima era impagável, hipnotizada por tudo mal consegui ver a sua chegada, ele estava ali do meu lado levando um cigarro até a boca  e eu fielmente seguia observando cada movimento seu.

-É uma borboleta. - disse, enquanto acendia o cigarro.
-o que? - Olhei para ele sem entender o que estava acontecendo.
-a tatuagem no meu pescoço, você estava olhando antes vi que estava curiosa. - ele vira para mim e solta um pouco da fumaça pelo nariz. - é uma mistura de borboleta e caveira. - faz um gesto com o indicador descendo um pouco da gola da camisa mostrando.
-é muito bonita, algum significado? - pergunto me virando pra ele.
-nenhum, só achei que combinava comigo. Não concorda? -perguntou,  sorrindo de lado e me olhando.
-sim, fica bem em você. - virei e voltei a olhar para frente.

Eu estava nervosa, então ele havia percebido e pelo visto eu não estava enganada sobre a nossa troca de olhares dentro da boate.

-você está nervosa porque? Lá dentro você dançava enquanto olhava pra mim nem parecia a mesma pessoa. - disse, chegando um pouco mais perto de mim.
-nossa então você observa bem, como tem tanta certeza que era pra você que eu olhava? - me viro em sua direção o encarando.
-Bem, eu era o único naquela mesa a sua frente então imagino que você não estaria olhando e se movendo daquela forma para a parede que havia atrás de mim - falou, virando novamente para a frente passando a mão nos fios soltos do cabelo e os colocando para trás.

Mentalmente eu estava gritando e me julgando ser tão sonsa, ele era certeiro e bem direto o que fodia ainda mais aquele jeito dele, parecia que ele não tinha pudor algum de dizer nada.
Conversamos mais um pouco e então pude saber seu nome, Chang Kyun. Im Chang Kyun, ele era sul-coreano, tinha 27 anos e era cantor solo, estava em NY para passar as férias junto com alguns amigos os quais eu imagino que sejam os que estavam na mesa com ele, durante nossa conversa eu apenas focava em uma coisa, seu perfume fazia uma mistura extremamente atraente que oscilava entre o amadeirado da sua fragrância, cheiro de álcool e cigarro e pelos deus como aquilo me quebrava.

-A vida de idol deve ser complicada não é? - falo, olhando para o mesmo - Digo, fãs enlouquecidas a rotina cansativa de filmagem e produção falta de privacidade e as regras sobre com quem você deve ou não se relacionar.
-é, mas são as consequências sobre relacionamentos a minha empresa só pede atenção, meus relacionamentos são bem rasos e os amigos que tenho fazem parte da indústria já fora eu observo antes de pensar em fazer algo. - finaliza dando um gole na sua bebida.
-Você observou bem antes de vir até aqui falar comigo? - pergunto o encarando.
-Na verdade fiquei curioso, quando vi que você retribuía os meus olhares eu pensei “ por que não?” -  finaliza me olhando enquanto passava a língua nos lábios.

Filho da puta, era inegável que ele a essa altura já tinha percebido que havia mexido um pouco comigo e ele estava adorando brincar e testar até onde tudo isso iria parar.

"Eu cairia nesse oceano de luxúria sem remorso algum, me deliciando no pecado e no teu gosto."

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