1 Capítulo

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Heloisa

Nunca imaginei que deixaria a movimentada cidade do Rio de Janeiro para vir morar em Minas Gerais. Quando meu pai disse que estaríamos nos mudando para a antiga casa da minha avó, eu quase tive um infarto. Mas ainda bem que não morri né!

Se eu fosse meu pai alugaria lá e continuaria morando no Rio, mas como meu pai as vezes tem cérebro de minhoca, estamos nos mudando para Minas. E bom, de tantas coisas que conheci e vivi no Rio, o que mais vou sentir falta, não é a praia como todos imaginam, mas sim meus amigos. Especialmente o Lipe aquele maluco, ele teve uma paciência enorme por me aturar e para me ensinar a andar de Skate.
Papai decidiu que seríamos apenas eu e ele pilotando, o que me fez revirar os olhos. Então fui obrigada a dividir a direção com meu pai, já que era a única entre minhas irmãs com idade suficiente para ter carteira de motorista. Porém, logo assim que fizemos nossa última parada, troquei com meu pai, encostei a cabeça no vidro da janela e deixei com que o cansaço da viagem me dominasse.

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- Heloisa acorda - grita Sr. Raimundo, meu lindo e sem noção pai, e sim, o nome dele é realmente Raimundo. Não faço ideia de onde meu avô estava com a cabeça quando lhe deu esse nome. Mas acredito que na época dele, era normal ter nomes extravagantes como esse. Então, quem sou eu para reclamar ou dizer algo, não é mesmo?

- Quê?! - pergunto meio tonta, meu passa tempo preferido é viajar na maionese. Sempre sou teletransportada para um mundo muito nada a ver, onde só existe na minha mente. E sempre era dele que voltava quando alguém me acordava do nada.

- Chegamos - diz meu pai segurando a porta do carro -Vai descer do carro ou quer que eu te empurre?

- Deixa que eu empurro - grita Amanda. A casula da família, ou, na opinião da Souphe a mimada.

- Desculpa maninha, mas não foi dessa vez - digo descendo do carro.

Me viro para encarar meu futuro lar e sinceramente... de futuro não tinha nada. A casa aparentava ser mais velha que o chapéu do meu pai. E sim, por mais triste que pareça, meu pai estava usando um daqueles chapéus estilo caubói enorme, marrom e com uma fita dourada bem no meio. Era o cúmulo da moda, porém ele vivia dizendo que aquele chapéu éra de herança, e que não podia se desfazer dele, pois ele ganhou do seu pai que ganhou do pai dele, que por sua vez ganhou do seu pai e por ai vai... A lista é interminável. Então pelo chapéu vocês conseguem entender um pouquinho quando digo que a casa é velha.

- É aqui onde vamos morar? - pergunta Souphe tentando esconder seu desapontamento em um falso sorriso. A irmã do meio. Ela não era um exemplo de filha, mas também não era a pior. Ela tinha a dose certa de rebeldia e obediência.

- Ah meninas, não está tão ruim assim - diz meu pai com um enorme sorriso no rosto. - É só dar uma arrumadinha aqui, outra lá que vai ficar perfeito.

- Acabamos com a alegria dele agora ou depois? - pergunta Amanda sussurrando ao meu ouvido.

- Deixa o velho ter seus 15 minutos de alegria né - digo sorrindo.

- Ok - diz ela pegando suas malas e entrando.

- O meu quarto é o maior - grita.

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Se eu em algum momento disser que a casa está melhor por dentro do que por fora, saiba que estarei soltando uma baita de uma mentira. Meu quarto por exemplo, é até bonitinho, as paredes são de um verde claro (ainda bem que não é rosa), tem uma pequena janela que me dá acesso à frente da casa. Mas o mais legal de tudo é a recepção que recebi, sério, assim que coloco uma das malas encima da cama saiu umas 30 baratas debaixo da mesna e quanto mais eu matava mais aprecia... Acho que os insetos (barata é um inseto né?) tem aquela mania feia de ir ao velório da amiga quando o assassino, (no caso eu), ainda está perto do corpo, (no caso a barata).

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2020 ⏰

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