Chorando Pitangas Juntos.

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              Chorando Pitangas Juntos

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              Chorando Pitangas Juntos.          
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       Assim que saí do Nostra Art, comecei a caminhar de maneira furiosa e desesperada rumo ao hotel. Estava com ódio de todos os meninos do mundo. Ódio de todas das “Jaquelines” do universo. Até mesmo a Stella, que até então não tinha feito nada, eu estava com raiva também. Me perguntava a todo momento o porquê dela ser tão extremamente perfeita. Naquele momento, a minha listinha mental tinha sido rasgada em vários pedacinhos.

   Antes de entrar no hotel e ir direto para o quarto, ouvi uma voz longe. Procurando por pura curiosidade, vi alguém sentado na beirada da piscina, molhando seus pés e falando ao telefone. Parecia zangado. Esfregando meus olhos, vi que era Ângelo. Ele desligou seu telefone com raiva, o deixou na beirada ao seu lado, e cobriu seu rosto com suas mãos, dando um chute na água. Ia claramente ignorar e continuar minha jornada “triunfante” mas decidi mudar os planos de última hora e caminhar até ele. De alguma forma, era até reconfortante pensar que não só eu tinha problemas e que ter dias desgastantes não era privilégio meu.

  Suas calças tinham as mangas erguidas mas também estavam um pouco molhadas.

— Grande dia, não? — Falei para ele, que se virou e fechou ainda mais sua expressão.

Me sentei ao seu lado, cruzando minhas pernas, evitando contato com a água.

— O que você quer? — Ele perguntou. O seu tom de voz era arrogante, como sempre, mas agora demonstrava também tristeza e estava um pouco rouco.

— Nossa, que mau-humor. Credo. — Murmurei.

— O que você quer? Não tá vendo que não quero brigar com você? Vá encher o saco de outra pessoa. — Ele continuou, se levantando, mas o puxei de volta.

— Espera aí. Eu também não quero brigar com você, tá? Por que nós não conversamos como dois adolescentes normais? — Pedi. Um sorriso apareceu no meu rosto assim que ele resolveu se sentar novamente, aceitando a proposta — Vai, me conta. O que aconteceu que te deixou com essa cara amarga? Não que sua cara já não seja amarga naturalmente… — Ele me olhou de maneira séria — Tá, desculpa. É difícil abandonar velhos costumes. O que houve? É bom conversar quando se está chateado, e eu sei bem disso.

— O dinheiro do bar não está suficiente e vão mandar para leilão a casa de praia do meu pai. Tentei fazer um acordo com eles agora, mas não querem saber. São muitos meses atrasados. E aquele lugar tem muito valor sentimental pra mim e para ele. Não sei o que fazer. — Ele contou, terminando de falar e olhando diretamente para os meus olhos, como se perguntasse se eu estava satisfeita.

  Os olhos castanhos de Ângelo se paralisaram nos meus, como se ele implorasse por alguma ajuda, opinião, conselho. Qualquer coisa.

— Mas o bar não estava indo bem? Andou estando quase cheio todos esses dias. — Murmurei, me lembrando de quando fui à casa de praia de Victor, na infância. Era um lugar paradisíaco, parecia ter saído de um conto de fadas. Mamãe, Stella e eu tinhamos adorado. Quando chateado, Ângelo se isolava, sentava na areia e ficava por longas horas trocando olhares com o imenso mar. Era mimado e ficava bravo com frequência. Puxar as minhas tranças, para minha infelicidade, parecia o deixar mais feliz.

A Vida Mentirosa Da Mentirosa Sol.Onde histórias criam vida. Descubra agora