‧₊˚ surto de amor.

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Henrique

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Henrique.

Goiânia, GO.

01 de junho de 2019.

Caralho, ela vai se casar, era o pensamento que me atormentava há semanas, desde que o primeiro rumor havia ganhado força por Goiânia. Era ridículo que as pessoas estivessem tratando o assunto com tanta euforia... embora ela não fosse uma completa desconhecida à elite da cidade.

Meus amigos, cientes da minha ansiedade e tensão palpáveis, confirmaram, mas eu me recusei a acreditar. Achei que pudesse ser pelo calor do momento, coisa de dois idiotas apaixonados, afinal, a ideia era ridícula; faziam no máximo oito meses que Letícia estava vendo aquele cara, dois anos a menos do tempo em que ficamos junto; e nós nunca entramos em consenso sobre o assunto. No entanto, quando os primeiros convites para a festa de noivado começaram a ser enviados, não houve margem a dúvidas 一 não quando um deles foi endereçado a minha casa, em nome do meu irmão e da minha cunhada. É, pois é. Talvez a vida estivesse mesmo fazendo de idiota.

Durante os pouco de dois anos em que estivemos juntos, eu constantemente demonstrei interesse em pedir Letícia em casamento, mas sua reação sempre foi recuar acanhada, alegando que não era o momento; fazendo questão de me lembrar que ela tinha apenas vinte e seis anos e se considerava jovem, enquanto um casamento era sinônimo de um compromisso que ela ainda não estava pronta para assumir, não enquanto tivesse outras prioridades, como o próprio trabalho

Eu me lembro da primeira vez que mencionei o assunto; foi durante nosso primeiro aniversário de namoro. Letícia decidiu fazer um jantar na própria casa para celebrar a data. Foi uma noite regada a muito vinho. Eu não era adepto da bebida, mas havia poucas coisas que eu não me dispunha a fazer por ela, como beber uma garrafa inteira de vinho barato em questão de meia hora.

Após o jantar, quando nos sentamos no sofá, já um pouco alegres em decorrência da bebida, eu vi uma brecha para mencionar o assunto. Foi enquanto eu observava Letícia, com aquele deslumbre reluzindo no olhar enquanto ela ria de algo que passava na TV. Eu sequer sabia de qual programa se tratava, nem fazia questão.

Amor... 一 a primeira menção ao seu nome, seu olhar recaiu sobre mim.

Letícia estava excepcionalmente linda naquela noite. Não que ela não fosse usualmente, mas havia algo sobre como a luz amarela do ambiente refletia contra sua pele escura, criando um contraste perfeito que me prendia, me deixando incapaz de respirar.

一 O que é? 一 ela respondeu com aquela mesma voz acanhada e sugestiva. Letícia talvez esperasse outra proposta naquela noite.

Eu ri. Não pela sua tentativa de soar sensual, mas porque ela havia criado expectativas em cima de algo irreal. Talvez acontecesse mais tarde, afinal, nós com certeza não terminaríamos a noite de forma excepcionalmente tranquila, no entanto... outros assuntos eram prioridade naquele momento.

Coletânea de Oneshots | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora