Film Out

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Jimin crescera em um palácio em Yongdong... Pequeno e um tanto decadente, mas um palácio assim mesmo. O apartamento em Tóquio que comprara um ano e meio antes, quando deixara Jungkook era pequeno, mas encantador. Sua aquisição mais recente, uma casa com um belo jardim murado nos arredores de Paris, era um exemplo da elegância do século dezessete.


Ainda assim, enquanto saia do elevador privativo no vigésimo-primeiro andar e se via sob o teto pintado a mão no vestíbulo, a magnificência da cobertura de dois andares de Jungkook roubava-lhe o fôlego, exatamente como acontecera na primeira vez em que pisara naquele chão de mármore.


Deixando sua bagagem e as sacolas de compras no vestíbulo, atravessou a imensa sala de estar até a direita da ampla escadaria e abriu as portas de correr de vidro que davam para o grande terraço. Uma profusão de cores e fragrâncias combinadas harmoniosamente formavam o exótico jardim.


Em um amplo canteiro junto a uma parede, cresciam roseiras amarelas. Ao lado, uma trepadeira em flor ia avançando por treliça branca. No deque elevado de madeira, a piscina e a banheira de hidromassagem refletiam o sol brilhante daquela tarde de junho.


Quem não soubesse o verdadeiro motivo que o levara a tornar a morar ali poderia ser perdoado por pensar que ele entrara em um paraíso.


Acima, o céu azul de Seoul mostrava-se em todo seu esplendor de verão. Para além do terraço o sol refletia-se nas paredes espelhadas das torres de escritórios recentemente construídas na área.


Havia sido exatamente em um dia como aquele que ele chegara ali como recém-casado, com o ar tão quente e parado que as lágrimas que não conseguira conter haviam secado rapidamente em suas faces. Com menos de quarenta e oito horas de casado já soubera quanto o marido o detestava.


Ficara parado ali naquele mesmo lugar, até bem depois do pôr-do-sol e, pela centésima vez, fizera uma prece para que Jungkook o amasse. Ou se não fosse pedir muito, que ele conseguisse deixar de amá-lo.


Suas preces não haviam sido atendidas em nenhum dos aspectos, e lembrar-se das semanas que se haviam seguido deixavam-no de olhos marejados novamente.


Aborrecido em se ver voltando tão depressa aos velhos e maus hábitos, esforçou-se para se recompor e tornou a entrar na sala de estar. Como a cidade, a sala também passara por alguma mudança, não pelo acréscimo de novos itens, mas pela remoção de qualquer coisa que pudesse fazer com que Jungkook se lembrasse dele.


- Faça o que quiser aqui. Não me importo. – retrucou ele seco, quando Jimin sugerira suavizar a austeridade da decoração com vários presentes de casamento e objetos pessoais que levara consigo de Yongdong... Relíquias adoráveis. Deixara tudo para trás quando fugira daquele casamento.


Agora as peças de mobília escuras e sóbrias que Jungkook, ou possivelmente um decorador de interiores, escolhera antes de tê-lo conhecido ofereciam o único contraste aos estofados carpetes e paredes claros. Até mesmo a lareira clássica, limpa meticulosamente e sem o menor sinal de cinzas, parecia incapaz de prover calor.


Jungkook apagara cada vestígio dele de seu lar tão completamente quanto o tirara de sua vida e, enquanto algumas pessoas pudessem admirar a severa elegância da sala, sem as recordações do lar de sua infância e de sua família, Jimin a achava fria e hostil.


Certamente, ele não jogara fora aqueles tesouros que a família de Jimin conseguira salvar da devastação dos conflitos políticos que haviam reduzido tantas famílias ricas à pobreza, não era? Enquanto se "readaptasse" ao antigo lar, como Jungkook mencionara naquela manhã, descobriria que seus objetos de família haviam sido apenas guardados em algum lugar, certo?


Voltando ao vestíbulo, Jimin evitou olhar para as escadarias que levavam aos quartos e carregou as compras para a cozinha de ar igualmente frio. Não demorou a descobrir que Jungkook nem sequer fora exato quando dissera haver apenas o básico na geladeira.


Embora a adega de temperatura controlada a um canto estivesse bem abastecida, a geladeira e a despensa estavam praticamente vazias, na verdade.


Através das portas de vidro dos armários de cima, não se via um copo, xícara ou prato. Finas teias de aranha entremeavam-se pelas panelas de cobre que pendiam do suporte de aço inoxidável acima da bancada, evidenciando a falta de uso.


Quanto aos fornos embutidos importados da França, ele duvidava que tivessem sido usados desde a última vez em que cozinhara ali, mais de um ano e meio antes.


Na verdade, o andar principal inteiro da cobertura tinha o aspecto de um imóvel pouco usado, possuído por um homem que passava por ali apenas ocasionalmente para verificar seu investimento, e Jimin não tinha razão para acreditar que no andar de cima às circunstancias eram diferentes.


Não havia vestígio da ligeira desarrumação doméstica cotidiana, nem sinal do calor encontrado em um lar partilhado por um casal apaixonado. Seu pai poderia até ser levado a acreditar em contrário, mas da maneira como as coisas estavam sua mãe não se deixaria enganar nem por um minuto sequer.


Dando-se conta de que ainda tinha muito mais coisas a comprar, Jimin vasculhou as gavetas à procura de um bloco de papel para fazer a lista de tudo que era necessário. Não encontrou nenhum, em vez daquilo deparou com um delicado avental florido, com um babado em torno da barra, e um pote pela metade de um sofisticado creme para as mãos.


Quase pôde sentir a cor se esvaindo de seu rosto, um nó contraindo-lhe o estômago. Nenhuma daquelas coisas lhe pertencera e por certo eram femininas demais para serem do Jungkook. Daquele modo, de quem seriam?


Não faça isso consigo mesmo, disse-lhe a voz da razão com severidade.


Já seria difícil o bastante poupar os pais de preocupações, deixando-os acreditar que seu casamento era estável e feliz. Assim tinha que se concentrar na tarefa pela frente. Limpar toda a cobertura e arrumá-la para que parecesse minimamente com um lar.


E isso levaria afinal, o restante do dia para fazer parecer que alguém morava naquele lugar...



Continua...






Nota: Essa história é uma adaptação de uma fanfic MINHA de outra plataforma. 

Queria avisar que alguns flashback apareceram ao longo da história, e estará em destaque: em itálico na maioria das vezes, então não estranhem.
Eu sei que o cap. é pequenininho, mas esse é só para vocês conhecerem um pouco do lar do nosso casalzinho, ok?

Resistindo a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora