Finalmente o dia chegou, eu estava nervosa até demais. Um sentimento estranho me invadia a cada minuto que passava como uma eternidade. Nesse dia iria apresentar meu noivo oficialmente aos meus pais e me mudar pra morar com ele. Pode parecer estranho, afinal ele é meu noivo e apresentá-lo aos meus pais tão tarde pode ser meio que considerado uma grande displicência mas meus pais não moram na Inglaterra então estamos aproveitando a estadia deles para colocar toda essa loucura no lugar. Eu corri ao "Standing Up", pra mim era um lugar mais que desconhecido, já que só agora me mudei pra Londres, antes morava em uma cidade vizinha chamada Brighton. Meu noivo, Freddie, sempre morou por aqui e por isso eu me mudaria ao seu apartamento de maneira a evitar maiores confusões com seu trabalho.
Entrei no Standing Up com minhas coisas e olhei ao redor procurando um rosto familiar. Era acolhedor, não tinha praticamente ninguém e isso fazia do local perfeito para passar o tempo em um dia tão quente. O piso era quase todo em madeira, o teto cinza dava um toque diferente ao estilo do bar. No balcão um homem de cabelos grisalhos dormia de maneira que não ouviria nem se explodisse uma bomba bem a sua frente. Assim que parei em frente ao guichê um rapaz alto de cabelo preto veio a meu encontro.
— Olivia? - Ele perguntou e eu o olhei.
— Hum... Sim? - Indaguei com a sobrancelha levemente arqueada.
— Olivia! sou eu seu tio Noah!- O rapaz disse abrindo os braços.
— OH MEU DEUS! Tio Noah! Que saudades, o senhor mudou tanto - Soltei minhas coisas e abracei o mais forte que pude, eu amava abraços.
— Sente querida, vamos conversar um pouco.
Ele pegou minhas coisas e me levou a um canto mais escuro e privativo do estabelecimento. Sentei-me e observei ao redor, havia um garoto moreno sentado assistindo a um jogo no balcão com um rapaz de cabelos castanhos levemente bagunçados.
— Ei Noah! - O moreno chamou desviando seus olhos em minha direção — Essa é sua namorada?"
— Não. Ela é minha...- Meu tio começou mas foi cortado enquanto falava.
— Uou ela é bem nova - O menino de cabelo castanho comentou, eu me mexia no sofá desconfortavelmente.
— Na mesma, meu nome é Zack - disse o moreno que levantou e veio em minha direção para apertar minha mão.
— Prazer, me chamo Olivia Brown - Falei apertando sua mão com certo receio.
— Prazer Olivia Brown, meu nome é Larry, Larry Peaze. - O amigo do Zack fez o mesmo mas eu estava mais confiante em apertar sua mão pelo carisma do mesmo.
Antes que o tio Noah falasse algo ouvimos a porta se abrir e entrarem mais dois garotos, ambos vieram reclamando de algo e sentaram próximos a Zack e Larry, que haviam retornado aos seus lugares no balcão.
— É sua namorada Noah? - Um dos garotos que acabou de chegar virou pra ficar de frente para nós, os outros 3 viraram em seguida.
— Não, é minha sobrinha - Meu tio explicou e revirou os olhos para a pergunta do amigo.
— Neste caso, sou Henry e só pra deixar claro, estou solteiro - o de cabelo comprido falou e me lançou um sorriso, muito belo por sinal.
— Ridículo - o rapaz que veio com Henry murmurou — Sou Luís.
— Eu sou Olivia Brown, prazer em conhecer vocês.
— Então, O que faz aqui Olivia? - Henry perguntou, saindo do balcão e vindo ao sofá onde estávamos.
— O que se faz em um bar, Smith? - meu tio ironizou e eu não pude evitar o sorriso.
— Estou esperando meu noivo e meus pais - Falei tentando parecer calma.
— Parabéns - Luís falou sorrindo.
— Quem quer que seja, este cara tem sorte. - Henry comentou me analisando um pouco.
— Ei! tira os olhos da minha sobrinha ou eu arranco eles! - Tio Noah falou me fazendo rir, sempre amei a energia caótica dele — Olívia, eu vou lá fora pegar uns pacotes mas já volto! Não deixe nenhum deles te corromperem.
— Pode deixar - Falei sorrindo.
Ficamos conversando lorotas enquanto o meu tio não voltava, os rapazes eram definitivamente muito engraçados e com poucos segundos de conversa eu já estava me sentindo bastante confortável com eles. Não demorou muito e meu tio voltou, com uma carta na mão e uma expressão confusa no rosto.
— Olivia, uma garota acabou de me entregar isto, é pra você - Ele me entregou uma carta.
A carta tinha um tom de branco, meio desbotado, estava um pouco suja e na frente havia escrito meu nome com letras maiúsculas bem mal-escritas, a abri e comecei a ler.
"Liv, mil desculpas, mas não posso ir conhecer seus pais. Parece repentino, mas descobri que amo outra pessoa e não quero mais planejar nada com você. Me desculpe mesmo por não ter falado antes e não ter sido sincero. Eu sinto muito. Seja feliz,
Assinado Freddie."Lágrimas caíram e molharam todo o papel em minha mão, quando levantei o olhar todos me olhavam preocupados. Senti que talvez fosse melhor não contar a esses estranhos sobre isso, não queria que tivessem pena de mim, meu peito apertava e doía como um inferno, só de pensar em tudo que eu enfrentei até aqui e o quanto queria que fosse apenas uma brincadeira de mal gosto. Comecei a sentir falta de ar, os garotos correram até mim e só então tentei falar mesmo que de forma falhada.
— Ele terminou comigo.
Todos arregalaram os olhos e me analisaram um pouco, me senti péssima por fazê-los se preocuparem. Tentei parar de chorar e me recompor mas parecia cada vez mais difícil com os garotos calados se entre-olhando, Larry me abraçou e colocou minha cabeça em seu peito, tentando me acalmar passando bem devagar os dedos entre meus cabelos.
— Sinto muito - Zack finalmente falou.
— Tudo bem- Enxuguei minhas lágrimas devagar e comecei a respirar fundo para me acalmar.
Só então eu percebi o mais importante: meus pais! Eles vão ficar tão desapontados comigo, depois de tudo que passei nesse relacionamento ser deixada de uma maneira tão patética. Eu tenho que contar a eles assim que chegarem mas não sei como o fazer, nem sei por onde começar, briguei tanto com eles por conta do Freddie. Mas no fim, acho que foi melhor assim, nosso relacionamento não estava lá dos melhores, mas eu não tinha coragem de dar para trás naquele momento.
Levantei e com certa dificuldade liguei para o meu noivo, desesperada para que o mesmo atendesse apesar de que o telefone nem mesmo chamava. Alguns minutos de insistência depois recebi uma mensagem dos meus pais avisando que estavam no táxi... Só podia ser brincadeira.
Fui ao banheiro lavar o rosto e sentei novamente com os meninos, pensando no que fazer e como fazer mas parecia que quanto mais eu pensava menos fazia sentido. Todos estavam em um silêncio gélido e ao mesmo tempo reconfortante.
Vi minha mãe e meu pai entrarem e meu coração gelou, parecia que tudo estava em câmera lenta, eu já estava mais calma mas parecia que tudo ia desmoronar novamente na minha cabeça. Os amigos do meu tio perceberam e se afastaram um pouco de mim, deixando apenas meu tio Noah sentado comigo no sofá.
É agora...
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The Writer
RomanceDescanso a cabeça em seu peito, apesar de sentir que não resta mais nada... Tenho medo de que o que tínhamos tenha desaparecido. Olho no meu coração e há uma luz na escuridão. Ainda há um pouco de esperança que você me deu, que eu quero manter... P...