Capítulo 2

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Um cheiro forte adentrou minhas narinas, algo piscava freneticamente, tentei abrir meus olhos mas sem sucesso.

- Você disse que ela iria acordar!

- E ela vai, tenha paciência. Onde você a encontrou mesmo?
Ouvi o barulho de algo balançando, como se fosse um chocalho, as vozes misturadas me deixavam ainda mais confusa.

- Ela estava fugindo do Fransuar,  ela disse que apenas lembra de estar fugindo dele e mais nada, logo em seguida ela desmaiou e eu a trouxe para cá.

Abri meus olhos e me deparei com um teto coberto de algo que parecia ser lodo? O que poderia ser isso?

- Eu te falei que ela iria acordar!

Olhei para o lado e me deparei com uma mulher, ela tinha um bastão em sua mão, talvez para auxiliá-la a ficar de pé?

- Finalmente acordou, você ta se sentindo bem? Imagino que a pancada na sua cabeça tenha sido forte.

Minha cabeça doía bastante e eu estava bem confusa, então nada daquilo foi um sonho afinal... Eu realmente vim parar em um mundo desconhecido e o pior de tudo é que eu não faço a mínima ideia de como vim parar aqui, tudo não passa de uma grande nuvem nebulosa.

- Garota, você sabe onde está?

Neguei com a cabeça.

- Sabe por quanto tempo você apagou?

Novamente neguei

- Hera, eu trouxe você para cá e também fui eu quem te salvou do Fransuar, lembra disso?

Assenti com a cabeça.

- Perdeu a língua depois que bateu a cabeça ou ela nunca falou de verdade Kaamale?

A mulher perguntou impaciente.

- Ela tá se recuperando de uma pancada, vó, o que mais a senhora queria? Que ela acordasse cantando junto com os pássaros?

Aquela mulher parecia nova o suficiente para ser mãe dela.

- Você desmaiou e bateu com a cabeça, ficou quase dois dias desacordada, estávamos nós perguntando quando você iria acordar. Isso se você realmente iria acordar.

- Minha cabeça dói tanto, sempre ué fecho os olhos só consigo lembrar apenas do seu bichinho correndo atrás de mim, e nada mais.

Coloquei a mão em minha cabeça tentando forçar ainda mais minha mente, mas nada adiantava.

- Talvez só seja amnésia, não se force tanto.

Aquela mulher molhou seus dedos em uma tigela e logo em seguida passou em minha testa fazendo alguns símbolos.

- Talvez isso ajude com a dor de cabeça.

Em um piscar de olhos a dor de cabeça sumiu.

- Agora em relação a sua amnésia, não tem o que possamos fazer, esse meio tempo que você estava desacordada a minha avó e eu tentamos fazer o possível para te fazer lembrar de algo, mas infelizmente não conseguimos.

Elas pareciam um pouco frustada.

- Nunca vimos humanos aqui em CaSirna, então gostaríamos de entender como exatamente você veio parar aqui, mas como você não lembra e não conseguimos resolver isso, então o que resta é você ficar conosco por um tempo.

A mulher informou.

- Você pode viver aqui com a minha avó, não sabemos como as pessoas iriam reagir com uma humana andando entre eles.

- Então eu vou viver por aqui para sempre?

Elas riram.

- Para sempre não, até você recurar a sua memória. Nesse meio tempo vamos tentar te ajudar com isso, caso precise ir até a cidade podemos dar um jeito de te levar até lá usando disfarces ou até mesmo feitiços.

Kaamale explicava detalhadamente, ela realmente parecia ser uma boa pessoa? Será que é correto chamar ela de pessoa?

- Ei, você tá prestando atenção?

A mulher estalava os dedos na minha frente para que eu prestasse atenção.

- Desculpa perguntar, mas o que exatamente são vocês?

Elas se entreolharam e então deram de ombros.

- Eu sou uma bruxa, a minha neta é uma elfa mística. A propósito eu me chamo Ayla.

Ela estendeu a mão para mim.

- Então vocês duas moram aqui nessa caverna?

- Ayla mora na caverna sozinha, ela decidiu por conta própria se isolar de tudo e todos, assim seria melhor para ela. Eu moro na cidade assim consigo ficar de olho em tudo e em todos, e no seu caso deu pra ouvir os rugidos, então fui conferir o que era.

- E seus pais?

A questionei e Ayla me encarou com os olhos arregalados.

- Agora tenho que ir, caso precise de algo pode falar com Ayla, ela vai te ajudar com o que precisar, e eu irei vir todas as noites para saber como você está se sentindo e talvez para lhe apresentar a cidade.

Ela vestiu seu casaco branco e saiu, foi tão rápido que mal tive tempo de processar exatamente o motivo dessa mudança repentina.

- Certo, já que estamos só eu e você aqui, me explica como é lá no mundo humano, vocês também tem magia? Como fazem lá?

Aquela mulher estava tão empolgada e interessada em tudo.

- Nós infelizmente não usamos magia, num geral a terra funciona de uma maneira simples, utilizamos da tecnologia para viver praticamente, vocês sabem o que é tecnologia?

Ela estava com um olhar de interrogação.

- Nada mais é que a mistura da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas.

Seu rosto estava ainda mais confuso.

- Melhor deixar esse assunto para lá, enfim, você deve está com fome, vou preparar algo para você comer. Espero que goste de sopa.

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