A Gata Borralheira

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Era uma vez um casal muito rico e feliz, que tinha uma linda filha de 10 anos. Infelizmente com o passar dos anos, a mulher contraiu uma doença pulmonar grave, que entupia suas vias respiratórias de mucosa, impedindo a circulação do ar. Cada dia se sentia mais fraca e com mais dificuldade para respirar, seu marido tentava de tudo para amenizar sua dor, achar uma cura para essa doença.

Ele recorreu a diversos curandeiros, aos melhores bruxos, dos mais conhecidos até os anônimos por todo reino e arredores. Gastou fortunas com as mais diversas poções e tratamentos mirabolantes, mas nada funcionou.

Quando a mulher sentiu que a morte ia se aproximando, pediu à sua única filha, que estava já com 15 anos, que se aproximasse de seu leito e lhe disse:

— Minha querida filha, seja sempre humilde, dedicada e bondosa para que Deus esteja sempre do seu lado e, lá do céu, eu ficarei olhando por você — Dito essas palavras, fechou os olhos e morreu.

Mesmo tendo se passado dois anos desde do falecimento de sua mãe, a menina ia todos os dias visitar sua sepultura e chorava, sem jamais esquecer seus conselhos, continuava humilde e dedicada.

Quando chegou o inverno, a neve formou um verdadeiro lençol sobre seu túmulo e, na primavera, com a chegada do sol, ele se desfez. Seu pai voltou ao trabalho mais do que nunca e fazia longas viagens de negócio, em uma delas, conheceu uma mulher também viúva, na qual encontrou conforto por compartilhar o mesmo sofrimento e acabou se casando com a mesma.

A nova esposa trouxe consigo para casa dois filhos que, apesar da bela aparência, eram invejosos e abrigavam a maldade em seus corações. A partir de então, como seu pai viajava muito, ela tomou conta da casa o que transformou a vida da pobre Cintia de cabeça para baixo.

— Essa boba vai morar conosco? — perguntou um deles.

— Quem quer comer pão, deve fazer por merecê-lo. Ela que vá para a cozinha! — exclamou o outro.

E começou sua transformação: tiraram-lhes as belas roupas,

fizeram-na vestir um trapo velho e rasgado acinzentado e nos pés, uma sandália de madeira para que pudessem ouvir ela se aproximar.

— Olhem só para a nobre garota antes tão bela e vaidosa, como ela está arrumada! — gritavam eles, rindo e empurrando a menina para a cozinha.

Cintia tinha que trabalhar de manhã à noite, levantar pela madrugada, buscar água, acender o fogo, cozinhar, lavar, servir a nova dona da casa sempre que ouvisse o sino tocar e ai dela se demorasse.

Além disso, seus irmãos faziam de tudo para magoá-la: zombavam dela e jogavam grãos de lentilha e de ervilha nas cinzas para que a menina tivesse que recolhê-los.

À noite, quando estava cansada, tinha que dormir no chão do sótão da casa que era empoeirado, com apenas uma coberta fina a cobrir o frio noturno. Em consequência disso, estava sempre empoeirada e suja, por isso passaram a chamá-la de Cinderela. Como o pai raramente ficava em casa, não tinha conhecimento do que se passava e deixava tudo nas mãos de sua atual esposa, confiava cegamente nela e em seu julgamento.

Achava que sua filha tinha se tornado uma rebelde, por não aceitar que o homem se casasse de novo e sua madrasta estava tentando educá-la, apesar de ser um pouco rígida na concepção dele, mas ela enchia ele com mentiras que transformavam Cintia na vilã, ao que ele começou a acreditar nelas de tal maneira que começou até mesmo a tratá-la como Cinderela. Certa vez, como o pai tinha decidido ir a uma feira, perguntou a seus fi lhos o que desejavam que ele lhes trouxesse.

— Belas roupas! — disse o primeiro.

— Um cavalo puro sangue — pediu o segundo.

— E você, Cinderela, o que quer de presente?

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