𝑰. ÚNICO

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Ao observar os olhos claros e rosto doce, de personalidade extrovertida e sensível, ninguém poderia imaginar quem Stuart Macher era de verdade. Em seus momentos mais íntimos e solitários, o único modo que encontrava de satisfazer-se, era perfurando sua pele macia e pálida, manchando-a com o escarlate de seu sangue ardente. Aquilo o deixava insanamente excitado. A dor física o deliciava. Era um masoquista de primeira mão, com fetiches em facas e muito sangue, além de desejos considerados polêmicos e incomuns, como rape fantasy e fearplay. No entanto, existiam muitos empecilhos que levavam Stu a nunca realizar seus sonhos perversos e levemente perturbadores. O primeiro era que ninguém o entenderia, afinal seus desejos não eram tão comuns assim para a época em que vivia. O segundo, Stuart era gay, mas novamente, considerando a sociedade preconceituosa em que vivia, não podia arriscar revelar-se de tal forma. Por fim, ele não conseguia sentir atração por ninguém que não fosse certo rapaz com quem dividia seu dia a dia, seu melhor amigo, William "Billy" Loomis. Sem outra saída, o pobre Stu disfarçava sua sexualidade, forçando-se a namorar uma garota da escola, Tatum Riley.

Enquanto isso, Billy era um garoto pouco mais baixo que Stuart, porém, apenas de olhar para ele, era possível notar que era mais maduro e sério. Era difícil decifrar o que se passava na mente do garoto, quando assim como Stu, ele tinha segredos obscuros. Há meses, assassinatos sangrentos vinham acontecendo na cidade de Woodsboro e alguns suspeitos haviam sido presos, mas, todos foram liberados por falta de provas. Tudo o que se sabia era que o assassino era um homem que vestia uma roupa negra e uma máscara com a face de um fantasma, sendo apelidado pela mídia pelo nome de Ghostface. Billy admitia internamente gostar do título atribuído a ele, era divertido ver as pessoas temendo a si, mesmo que ninguém desconfiasse de seu envolvimento com todas aquelas mortes. Ele tinha um plano que envolvia seus “colegas” da escola, queria matar quase todos ali, especialmente Tatum, garota a qual não sabia exatamente o motivo, mas sentia enorme repulsa, assim como Sidney, sua própria namorada. A odiava, mas também amava ver como ela era facilmente manipulada por ele, aqueles olhos inocentes nem imaginavam o monstro que via todos os dias, monstro esse, responsável direto pela morte de sua mãe. Billy tiraria tudo dela antes de matá-la. Quanto a Stuart, não sabia ao certo qual sentimento tinha pelo rapaz. Ele era irritante, porém menos desprezível que o resto e parecia obedecer a todas suas ordens, quase como seu cãozinho estimação, se precisava de algo, mandava Stu fazer e ele iria de bom grado. Achava interessante.

Foi graças a essa devoção velada, que o não tão doce e ingênuo Stuart, se safou da morte e pode finalmente provar do sabor do verdadeiro prazer.

[...]

Foi alguns dias após a quinta morte de um aluno da escola onde estudava, as aulas foram suspensas e Stu queria comemorar. Resolveu fazer uma festa e chamou seus amigos, que por sua vez, traziam outros amigos e assim, a festa se tornava mais movimentada. Havia bebida e muito sexo, porém, ele próprio rejeitou transar com a namorada, estava mais interessado em observar Billy, que beijava Sidney no canto da sala. Observava as mãos bobas que trocavam, aquilo fazia seu peito doer. Sentia raiva da menina, não podia negar, queria estar no lugar dela. Sentir as mãos fortes do homem em seu corpo, queria ser machucado por ele, usado da forma que ele desejasse. Contudo, sabia que aquilo nunca passaria de uma fantasia, Billy nunca o olharia daquele modo. Frustrado, o rapaz começou a beber sem se preocupar com a ressaca que viria na manhã seguinte.

Pouco mais de meia hora depois, já embriagado, Stu saiu pelos fundos de sua casa, segundo ele, para urinar. A área estava vazia, logo foi entrando no banheiro de madeira quando ouviu um grito abafado vindo dos arbustos. Mesmo com a visão turva, ele se aproximou, indo para trás das folhas verdes e avistando uma cena que deveria ter sido assustadora, no entanto, seus pés não se moveram e ele não conseguiu tirar os olhos do que acontecia, completamente vidrado.

𝐒𝐔𝐁𝐌𝐈𝐒𝐒𝐈𝐕𝐄 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐏𝐀𝐓𝐇Onde histórias criam vida. Descubra agora