CAPITULO 1- Meu Bicho Papão

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* Antes de começar, devo avisar que contém alguns gatilhos*

                          Abusos e agressões física e verbal

Boa leitura, aproveitem 



Todos dizem que mudanças são sempre complicadas, cansativas e chatas

Para mim, são traumáticas!

Bom, pra vcs entenderem a minha aversão a mudanças tenho que voltar um pouquinho no tempo

Toda criança já ouviu dos mais velho que existia um monstro que pegava crianças desobedientes, e claro, ficavam medo do bicho papão que ou mora no armário, ou até mesmo em baixo da cama.

Ouvia minhas amigas contarem entre risos o quanto elas ficavam apavoradas com as histórias e em como seus cobertores mágicos às protegiam de todo perigo noturno

Vocês nem imaginam o quanto as invejo por isso, pois o meu bicho papão não se esgueirava pelas sombras apenas para puxar o meu pé, o meu bicho papão era monstruosamente real e dormia no quarto ao lado

Ainda tenho em minha mente a imagem nítida da minha mãe implorando para que aquele homem não gritasse, pra que ninguém ouvisse. Para que, eu, não ouvisse enquanto ela era brutalmente espancada.

Sou assombrada todos as noites, tendo flashes da única noite em que vi minha mãe deitada em posição fetal enquanto aquele monstro a chutava. Ele só parou quando ela estava desmaiada.

Sem apoio, sem ninguém a quem recorrer eu ouvia tudo trancada no quarto

Mesmo nesses momentos ela pensava em mim, minha mãe sempre me trancava lá e escondia a chave. Dizia que era pros monstros não entrarem no meu quarto.

Mesmo pequena sempre quis ir embora daquela casa, queria me livrar do monstro e quando a perguntava do pq de não irmos embora, ela me dizia " As vezes ser assombrada por um bicho papão é como pisar num chiclete, ele te segue onde quer que você vá"

Quando tinha certeza de que o monstro já havia terminado de extrapolar sua fúria ela ainda conseguia tomar banho e se maquiar para vir ate meu quarto, numa triste tentativa de não fazer daquilo pior pra mim

Sabe o que mais me revoltava? Era que da porta pra fora ele sempre fora um exemplo de pai e marido. Pra cidade inteira o senhor prefeito era o melhor homem do mundo
as vezes me pergunto se realmente ninguém sabia, ou simplesmente não se importavam
creio que a segunda opção fosse a triste realidade. Já que além de espancador profissional era um rato, desviava e roubava descaradamente os recursos da cidade e obvio tinha seus comparsas nessa sujeira toda

Só conseguimos nos livrar das garras daquele monstro quando aos 12 anos pulei a janela do meu quarto e corri pra casa da vizinha onde chamei a polícia. Felizmente aquela mulher nos ajudou, ela sabia, ela ouvia e quando cheguei em sua casa aos prantos e um braço quebrado pela queda não, hesitou em chamar a policia

Lembro-me até hoje de seu abraço em prantos me pedindo perdão e dizendo que o marido não a deixava fazer nada. Claro que não deixaria, seu marido era um vereador aliado do monstro

Quando os policiais chegaram, já sabia que ele não ficaria preso. O senhor prefeito jamais ficaria preso, não quando o delegado recebia propina. E foi assim que nossa saga de mudanças começou. Fugimos naquele mesmo instante com a ajuda de nossa vizinha, minha mãe correu para pegar nossos documentos, e eu no augi dos meus 12 anos cometi um crime

corri para o cofre e havia muito dinheiro ali, até mesmo dólares, contas e senhas que fiz questão de limpar. Ele jamais poderia reaver, afinal não era dele. Raspei o cofre e sorri pensando num ditado antigo "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão"

Constantemente nos mudávamos, não pude me dar ao luxo de criar raízes em um único lugar, aquele homem nunca nos perdoaria por manchar a imagem dele, e muito menos por rouba-lo

Vivíamos sobre constante ameaças, até minha mãe enfim conseguir enfrenta-lo, e agradeço todos os dias pelo anjo que Deus colocou em nossas vidas em forma de advogado, e que depois de muita persistência se tornou meu padrasto

Ele quem ajudou minha mãe com o divórcio, e os papeis que trouxe comigo junto o dinheiro descobrimos que eram provas mais que suficiente para manter aquele monstro na cadeia e foi o que fizemos. Nunca fui tão feliz quanto o dia que soube que ele enfim havia sido preso.

Era fofo o jeito que meu padrasto corria atrás da minha mãe, e ela coitada estava tão acostumada a ser tratada como animal que nem percebia e o deixou sofrendo por ela, até que Itachi e eu demos um empurrãozinho

Sim o nome dele é diferente pq é japonês. Meu padrasto, Fugaku Uchiha veio com Itachi para o Brasil pouco depois que a mãe dele faleceu.

Agora depois de anos eles estão voltando ao Japão e minha mãe e eu iremos junto, nós cinco com certeza seremos imensamente felizes tenho certeza disso.

E Digo cinco pq minha mãe está gravida, e agora os dois estão parecendo dois adolescentes e Deus, vou agradece-lo pelo resto da vida por devolver a felicidade a ela

- SN querida, já terminou? Vamos Itachi ou perderemos o voo – Meu padrasto grita do lado fora enquanto Itachi e eu conferimos se não ficou nada

- Pai, nós temos tempo calma – Itachi grita de volta- SN vamos ou o papai enfarta

SN: Duvido, do jeito que ele está ansioso nem doente ele fica em solo brasileiro

Rimos enquanto terminávamos de colocar as coisas no carro, sorri meio em pânico quando pensava que em poucos dias estaria numa faculdade
Venho tendo aula de japonês desde que fomos morar todos juntos, meu padrasto fez questão de proporcionar a mim tudo que Itachi tinha. Aulas de inglês, japonês, cursinho pré-vestibular

Meu padrasto fez mais por mim e por minha mãe em cinco anos do que meu genitor fez a vida toda. Só em saber que ele nunca a machucaria ele já se torna a melhor pessoa do mundo em minha concepção


Claro que minha mãe fazia de tudo por Itachi, ela tentou ajudar financeiramente, mas meu padrasto não aceitou, até pq dinheiro é o que não falta a ele. De tanto minha mãe insistir fizeram um acordo de que o dinheiro que eu, bom que eu "consegui" ficaria investido pra Itachi, eu e agora nosso irmãozinho ou irmãzinha. Ele a chamava de mãe o que fazia minha mãe ficar toda boba.
Meu irmão e seus encantos, lindo, educado, charmoso e um safado de carteirinha maior. Sei bem pq eu quem ajudava as meninas nas desculpas com os pais pra saírem com ele. E quando digo saírem me refiro ao quarto dele

Agora imagine pra uma garota de 19 anos com pouquíssimos amigos, e quando digo pouquíssimos é pq é a minha realidade, apenas duas amigas e meu irmão

Mas não posso reclamar, elas são incríveis e agora tenho que deixar tudo e acompanhar minha mãe pra outro país

Sinceramente nem sei pq estou reclamando, até um tempo atrás eram apenas minha mãe e eu, agora somos uma família. Minha mãe, meu padrasto e um meio irmão que é maravilhoso e está incluso na minha enorme lista de melhores amigos.

Saio de meus devaneios quando minha mãe diz super empolgada que chegamos ao aeroporto, apenas sorri e depois de sair do carro e logo pegar as malas a abracei forte

S/N: Te amo, muito!

- Também amo e muito você, seremos muitos felizes querida

S/N: Não mãe, não seremos – ela me olha com receio e eu sorrio a abraçando de volta- Nós já somos felizes

- Vocês duas andem logo, deixem as declarações para depois ou perderemos o voo, e caso isso aconteça o Dr Fugaku vai acabar ficando maluco – Itachi fala fazendo drama

- Ansioso como está é provável que ele viaje até mesmo sem a gente

Apenas rimos de minha mãe e seguimos ao portão de embarque após o check- in



*Espero que tenham gostado, deem estrelinha e comentem pra eu saber se devo continuar 

Uchiha Madara - Meu Príncipe SamuraiOnde histórias criam vida. Descubra agora