Eles estavam cada vez mais perto.
Era uma questão de tempo até que a alcançassem.
Mas estava tão cansada que precisou parar de correr, ao menos por cinco minutos.
Ela olhou para todas as direções, não fazendo ideia do local onde estava dentro do labirinto de pedras e fogo de seu sequestrador. A lava fervente escorrendo pelas paredes arrepiou sua espinha. O calor do ambiente e do chão pedregoso aquecia as solas delicadas de seus pés, e as primeiras gotas de suor começavam a brotar por baixo de sua franja.
A única coisa que ela ouvia era o silêncio. E o silêncio era a pior parte.
Ela era uma presa, não importava o quão forte fosse. Dentro daquele castelo, ela não valia nada, era apenas um prêmio a ser colocado na parede. Sua alegria era pisoteada a cada passo pesado do rei que sacudia o chão. Mesmo que ele a enchesse de joias, promessas, comida farta e melodias de piano, sentia apenas sufoco e dor.
Era sempre assim. E uma parte dela nunca ia se acostumar.
Ele nunca desistiria dela. Como um conquistador de terras, queria mais do que tudo o território proibido e cobiçado do coração da princesa.
Porque ele a amava, mas ela implorava pelo ódio dele. Pelo menos, assim, os sentimentos poderiam ser recíprocos.
Droga, eles chegaram.
Por trás dela, as tartarugas verdes começaram a correr com risos histéricos e os bracinhos estendidos na esperança de agarrá-la pelo vestido ou pelos cabelos dourados.
Ela correu, ignorando a dor do salto apertando seus finíssimos pés. Guardou todo o fôlego psssível dentro do peito pois ela sabia que ia precisar.
À esquerda, as criaturas baixas e marrons que eles chamavam de Goombas vieram em bando.
À direita, bombinhas prestes a explodir corriam com pernas descontroladas e um tanto perdidas.
O alvo de todos eles era apenas um.
Ela não sabia mais para onde correr. Não via nenhuma saída, nenhuma brecha, estava sem nenhum poder especial. Quando a ponta de seu sapato bateu em uma pedra do chão, ela caiu sentindo uma imensa dor. E então, ouviu a risada grave e maléfica de Bowser.
Seu corpo tremeu. Ele estava perto. Ele estava perto. Ele estava perto.
Os Koopas, os Goombas e as bombas avançaram ainda mais e estavam apenas há alguns metros dela.
Tudo ao seu redor emitia gritos embebidos em fúria, desespero, loucura. E ela sabia que sua tentativa de fuga faria Bowser prendê-la na gaiola.
Peach fechou os olhos e gritou.
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Suas costas desgrudaram do colchão com um único e rápido impulso para frente e suas pálpebras abriram.
Com os olhos arregalados e respiração ofegante, a princesa agarrou forte o lençol que cobria suas pernas. Ela moveu o rosto em todas as direções, observando cada detalhe do ambiente. Viu seu armário de duas portas, sua penteadeira com espelho em formato de coração, sua prateleira de coroas, suas luminárias apagadas, suas paredes cor-de-rosa. Sim, começava a ter certeza de que estava mesmo em seu quarto.
Pela janela, ela viu a lua cheia iluminando o Reino Cogumelo, e alguns de seus raios prateados davam brilho ao chão de porcelana. Peach olhou para as próprias roupas e tocou com os dedos trêmulos o tecido rosa de cetim da camisola. Não estava com calor, mas sua testa e suas costas tinham um pouco de suor.
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Don't Wanna Close my Eyes - Mario x Peach Oneshot
FanfictionDepois de um terrível pesadelo, só tem uma pessoa que a princesa Peach poderia chamar.