Capítulo único

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Passava das duas e meia da manhã e Jisung simplesmente não conseguia dormir. Isso porque já fazia um tempo que estava escutando barulhos estranhos no andar de baixo, na cozinha. Os passos e rangidos pareciam devidamente assombrosos e o enchiam de um medo genuíno, ainda mais depois de ter assistido uma live de Minho contando histórias de terror.

Ah, mas também, isso o que dava ser um grande de um teimoso!

Sabia que odiava aquele tipo de coisa e que sempre ficava impressionado, mas mesmo assim tinha permanecido até o final do vídeo. Agora, estava nada menos do que em pânico embaixo das cobertas, com medo de respirar e atrair a atenção de qualquer força maligna de tivesse resolvido passar na geladeira para um lanchinho noturno. Virou-se para o outro lado inquieto, puxando mais a coberta sobre a cabeça.

"Nossa Ave Maria que estais no céu todo poderoso..." não, espera. Não era assim. Puta merda, oração errada devia dar azar, tipo colocar disco pra rodar ao contrário. Melhor parar.

Àquela altura, todos já estavam dormindo como anjinhos, desavisados sobre o elemento estranho que habitava a casa. Outro barulho fez com que desse um pulo dentro do esconderijo, choramingando sozinho. E se não fosse fantasma coisa nenhuma? E se fosse um maluco? Um assassino? Um tarado? Pior, e se fosse um assassino maluco e tarado?

Não dava pra ficar ali esperando a morte chegar, tinha que achar um lugar seguro.

Em um segundo de coragem, afastou as cobertas de uma vez e saltou da cama, enfiando-se nas pantufas de esquilo para depois sair andando rápido na ponta dos pés, tentando equilibrar-se com os braços erguidos feito uma galinha atrapalhada.

O destino fora certeiro. Se existia alguém que poderia dar uns tabefes na cara de qualquer mau elemento, essa pessoa certamente dormia no quarto mais próximo, começava com "Lee" e terminava com "Know". Enquanto andava pelo corredor, Han amaldiçoava o dia em que tinha concordado com aquela ideia esdrúxula de Felix de enfeitar a casa para comemorar o Halloween.

No andar de cima havia teias de aranha falsas na frente das portas de todos os quartos, adesivos fluorescentes pelas paredes e, o que mais detestava, uma caveira macabra e sorridente de plástico que ficava virada justamente na direção de seu quarto. Como alguém tão fofo e iluminado quanto Yongbok podia ter gosto por aquelas coisas trevosas? Era um mistério.

Dez passos depois, finalmente alcançou o seu objetivo. Não demorou nada para dar duas batidinhas e abaixou a maçaneta, colocando a cara para dentro do cômodo alheio sem nem esperar resposta.

— Minho? — chamou-o em um sussurro, materializando-se dentro do quarto de um segundo para o outro. — Tá dormindo? — as mãos juntaram-se em frente ao corpo antes que se aproximasse da cama do mais velho em uma sequência de gestos incertos.

Lee Know parecia já ter se recolhido e estava de olhos fechados, mas não havia dormindo ainda. Depois de alguns segundos, o murmúrio enfadado ecoou tal qual um gato resmungão.

— O que você quer, Jisung? — respondeu, baixo e rouco. Cacete, estava quase pegando no sono.

— Estou ouvindo uns barulhos esquisitos vindos da cozinha — contou, mordendo o lábio inferior.

— E eu com isso? — questionou abafado, coberto até nariz. Estava fazendo um frio do caralho e se Han achava que Minho ia sair dali só para garantir que não havia nenhum monstro tomando leite com rosquinhas no primeiro andar, estava redondamente enganado.

— É que eu não consigo dormir — confessou enquanto puxava a barra da camiseta do Patolino para baixo, parando logo na beirada do colchão. O corpo estava contraído dentro da calça de moletom folgada e os cabelos loiros despenteados em uma bagunça típica depois de rolar de lá para cá na cama em pura dor e sofrimento. — Tô com medo. Posso ficar aqui com você?

Happy Halloween, jagiya! - OneShot | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora