Oneshot

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   Se você não tivesse entrado pela porta, com seu cabelo rosa desbotado curto, sua risada alta que contagia o ambiente, sua delicadeza e olhos verdes que predem qualquer um e sua doçura na voz como uma melodia que não sai da cabeça, se você não tivesse me cativado eu não estaria aqui me questionando sobre tudo. 

    Eu sempre mudava  bastante de escola, problemas com os pais, sabe como é? Adultos com problemas que não deveriam ter tido filhos, a proposito tinha 17 anos, no ultimo ano do ensino médio, tinha transferido de escola mais uma vez depois de ter problemas com a coordenação por contas de falta, aparentemente quando você falta mais de um mês seguido é um problema e você repete por faltas, incrível não? Não era tanto para mim. Eu tinha pensado sobre isso, eu avisei, mas como sempre eles não me escutaram. Então mais uma vez eu estava recomeçando em outra  escola. Gostava de pensar que a vida "reseta" mais uma vez e você conheceria novos horizontes, não que mude muita coisa de escola para escola....São os mesmos dramas, os mesmos grupinhos e as mesmas coisinhas de sempre, mas me consolo com o mudar de ares, gosto de tentar pensar sempre em algo bom, para não afundar em algo que eu não tenho controle. Gostava de ter controle sobre as coisas. Principalmente minha vida, ou pelo menos uma parte dela. 

    Jasmine era a parte boa, ou a que bagunçou tudo. Conheci ela nessa nova escola, ela era linda. Gosto de falar sobre ela, poderia passar horas descrevendo como o piscar de olhos dela é diferente dos demais, mas, além de ser estranho não acho que é algo que eu deveria reparar e ficar comentando sobre. Mas que fique claro que ela é diferente, perfeita em todos os sentidos. Não sabia que me sentia assim sobre meninas. É estranho. Nunca pensei a fundo sobre sentimentos românticos, não tinha tempo para isso. Parecia que eu tinha muitos problemas para lidar, e romance era algo que eu não teria controle, não era para mim, algo que eu não merecia. Isso, até eu conhecer ela. 

          — Você é nova aqui? - Ela perguntou sorrindo, com aquele sorriso que mexia com todas as minhas células possíveis, e eu posso jurar que eu sentia cada uma delas.
         — Nova aqui na sala? Ou na cidade? - Eu perguntei parecendo uma idiota, eu tinha plena consciência disso, mas ela não ligou -ou fingiu que não- porque ela deu uma pequena risada e sentou na cadeira livre na minha frente colocando a bochecha sobre uma das mãos se apoiando em minha mesa. Eu segui cada passo dela com os olhos, acho que desde o começo me apaixonei por ela, amor a primeira vista? Isso é amor? Não sei, mas ela mexia comigo, e disso eu tinha certeza.
          — Os dois, aposto, moro aqui minha vida toda e não tinha te visto aqui antes. Eu teria reparado em você. Eu gostei do tênis. - Eu confusa como sempre olhei para meu tênis esquecendo até mesmo o que tinha calçado de manhã, mas assim que olhei para baixo suspirei, era claro que ela tinha gostado dos meus tênis, eram a cara dela. Um All Star todo surrado  com o vermelho desbotado. Eu sorri sem graça para ela, e olhei seus tênis, que era um amarelo quase tão desgastado quanto o meu. Naquele momento ela me deu o sorriso mais lindo que eu já vi no mundo. 

        Passamos o final do intervalo inteiro conversando sobre os nossos hobbies, ou os dela, eu não gostava muito de falar sobre mim mesma, e acho que ela percebeu isso porque teve uma hora que ela parou de perguntar, ou ela só não ligava o suficiente. Jasmine era uma incógnita de vez em quando, e isso é uma das milhares de coisas que me chamavam atenção nela. Nesse dia nós não nos desgrudamos, talvez fosse para ser desde o começo, ela me passou o seu número  no final do dia. Na hora eu lembro de ter ficado feliz demais, não entendendo o porque de me sentir assim, sabendo que poderia dar um dos famosos cinco minutos em minha mãe e eu teria que deixar tudo para trás como uma fugitiva. Minha mãe adora fazer isso, fugir eu digo.

SheOnde histórias criam vida. Descubra agora