O roubo

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  Fabiana destrancou a porta. Agora ela está dentro de casa, apreensiva e nervosa. Ela procura a maleta em todos os cantos da casa mas não há um lugar certo de onde estariam os 500.000 Reais. Ela então vai até o quarto de Margô. Lá ela vasculha tudo de canto a canto, até que dentro do armário de roupas....
  Lá estava ela, a tão famosa maleta dos R$ 500.000,00 roubados da Horizontes do Paraíso, a rede imobiliária mais famosa da cidade. "Meu deus!" – pensou ela – "Não acredito nisso. O que eu vou fazer?!".
  De repente um barulho de porta se abrindo assusta Fabiana. Era sua mãe, Margô. A garota pega a maleta e vai até a sala. Chegando lá, Margô se espanta ao vê-la com a mala preta gigantesca nas mãos.

  — Fabiana? - Se espanta a mulher – ô filha que surpresa! O que faz aqui nesse horário? Tirou o dia de folga hoje?

  Fabiana pensa muito no que dizer.

  — Lembra... daquela viagem que eu te disse que iria fazer, mãe? - Fala a garota toda enrolada – Bem eu vim aqui e peguei essa maleta emprestada, posso usar ela?

  A mulher não engole a desculpa de Fabiana e logo começa se mostrar ansiosa e preocupada.

  — Essa mala? – pergunta Margô. – não, não filha. Essa mala tá velha, cheia de traças... É melhor você deixar ela aqui, eu vou até colocar ela no lixo. – desculpa-se a mulher toda nervosa e atrapalhada.

  Margô tenta pegar a mala das mãos de Fabiana, mas a garota esquiva-se para o lado, desviando das mãos de Margô.

  — Não tem problema. Vou ficar só um ou dois dias. Quando eu voltar, você coloca a mala no lixo, se ainda quiser isso.

  Margô engole isso a seco e fica mais nervosa.

  — Não. – fala a mulher com um tom diferente – essa mala você não pode levar. Me dê essa mala Fabiana.

  — Não. – responde a menina, curta e grossa. – eu sei o que tem aqui dentro. Por quê, mãe? Por quê você fez isso?

  — Eu não sei do que você tá falando... – responde a mulher cínica.

  — DO DINHEIRO, MÃE!! DOS R$ 500.000,00 QUE VOCÊ ROUBOU DA HORIZONTES!!! – Grita a menina enfurecida, nervosa e desapontada.

  Era visível o descontentamento de Fabiana com Margô. Sua própria mãe, uma ladra.

  — Você me pegou. – responde a mulher sem demonstrar tais emoções. – achei que não descobria tão cedo. Esse dinheiro Fabiana, é meu por direito. Eu não "roubei" esse dinheiro, eu me auto ressarci dos anos que eu trabalhei na horizontes e fiz horas e horas extras e não ganhei um centavo por isso.

  — Mas você não tinha o direto de ROUBAR ESSE DINHEIRO MÃE!! ISSO NÃO É MOTIVO! – Exclama a menina desapontada.

  — Eu tenho muitos outros motivos para ter pegado esse dinheiro Fabiana! A minha vida toda foi suando muito, trabalhando pesado, vendendo e revendendo imóveis, fazendo hora extra, sendo humilhada e esculachada por cada cliente insatisfeito! E eu nunca ganhei um mísero centavo a mais! – Alega a mulher indignada.

  — Eu não acredito nisso... – Fabiana começa a chorar de decepção. – Minha mãe, olha o que você se tornou. Você virou uma ladra! E EU SEI QUE VOCÊ NÃO FEZ ISSO SOZINHA!!

  — Não interessa Fabiana! Agora já foi! E esse dinheiro é meu! É meu! Agora por favor filha, devolve isso pra mim que vou aplicar isso ao banco e ele vai gerar juros. – Margô se descontrola.

  De repente Margô tenta arrancar a mala das mãos de Fabiana mais uma vez, e a menina se afasta rapidamente.

  — NÃO! – Exclama Fabiana. – Eu vou fazer o certo. O justo. Vou devolver pro verdadeiro dono. A Carolina não vale nada, mas você NÃO TINHA O DIREITO DE SE REBAIXAR AO NÍVEL DELA!

  — Eu não tô brincando Fabiana. – Fala a mulher com uma calma, mas com um olhar de revolta. – VOCÊ ME OUVIU?! EU NÃO ESTOU BRINCANDO!!

  Margô se descontrola e de repente vai correndo até a porta da sala e a tranca.

  — Pois daqui você só sai quando devolver a minha maleta! – grita ela barrando a porta com as duas mãos. – Eu passei a vida aguentando seus surtos, seus devaneios, quando você se casou com o Luiz, EU paguei seu casamento! Quando vocês perderam tudo, EU acolhi vocês na minha casa, EU paguei o enxoval do seu filho, e depois que eu levei um rombo financeiro, ninguém pôde me ajudar! Por tanto esse dinheiro é mais do que merecido!

  — DINHEIRO ROUBADO, MÃE!! DINHEIRO SUJO!! DINHEIRO QUE VOCÊ E UMA PESSOA AINDA MAIS SUJA, ROUBARAM JUNTAS!! – Exclama Fabiana.

  — Eu fiz o que eu fiz porque eu cansei de perder Fabiana. Eu cansei de estar sempre embaixo, sempre sendo pisoteada. Se é preciso ser suja para ter uma vida tranquila e boa de verdade, então eu SIM, SOU MUITA SUJA! – Exclama a mulher descontrolada. – e agora você vai me dar esse dinheiro por BEM OU POR MAL!!

  Margô pula em cima de Fabiana, e tenta tirar a maleta das mãos da garota, ao mesmo tempo que tenta machuca-la para largar mala com dinheiro. Gritos de dor de Fabiana ensurdecem o cômodo da sala, uma briga de arranhões e puxões de cabelo.
É quando Fabiana chuta Margô ao chão e a mulher bate com o rosto no mesmo. Margô se levanta vagarosamente, gemendo de dor e raiva. O ódio tomou conta da mulher.

  — Nem a sua irmã... Me deu... Tanto trabalho... – responde a mulher ofegante – A Vanessa foi ausente, mas nunca me deu desgosto algum. Você é burra Fabiana! Além de não ter nada, ainda por cima engravidou! E o menino nem é filho do Luiz. É um bastardo, igualzinho a VOCÊ! Deus é justo. Ele me deu esse dinheiro porque ele sabe meu sofrimento. – Continua a mulher se levantando lentamente do chão – E VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE TIRÁ-LO DE MIM!!

  Margô mais uma vez, pula contra Fabiana e dessa vez parte para uma agressão mais séria, com tapas, chutes e arranhões que chegam a corta o rosto e braços de Fabiana. Mais gritos, empurrões, e Fabiana sem saber o que fazer. Seria sua mãe, capaz de matar a própria filha para conseguir o dinheiro de volta?
  Fabiana não deixa por isso, e dá um soco na megera. E sai correndo em direção a janela do apartamento. Lentamente Fabiana, põe seu braço em direção para fora da janela, com a maleta na mão.

  — Você quer seu dinheiro? – pergunta a menina com um tom sério. – Vai pegar.

  — Se você fizer isso Fabiana, eu acabo com você! Eu acabo com a sua RAÇA! – Exclama a mulher do chão com um olhar loucura e ódio.

  Fabiana solta lentamente a mala, e Margô sai correndo para tentar pegá-la de volta. A mala vai caindo, e Margô se aproxima. É tarde demais. A mala se abre no ar, e todo o dinheiro cai voando sobre o ar. As pessoas vêem e ficam loucas, em menos de 10 segundo, há uma multidão reunida catando nota por nota. O grito louco e enfurecido de Margô, é ouvido do alto do prédio.

  — NÃOOOOOO!!

  Fabiana se senta ao chão e desaba em choro e nervosismo, enquanto Margô sai correndo para pegar seu dinheiro de volta. Ao chegar lá embaixo, poucas notas ficaram ao chão, o valor havia diminuído consideravelmente, muitas pessoas pegaram as notas, e saíram correndo. Margô se joga ao concreto do chão e desaba em choro também.
  Minutos depois, Margô Volta ao apartamento. Descabelada, machucada, acabada, louca e mais do que isto, possessa de ódio e indignação.

  — Desgraçada! Você acabou com a minha vida. – Exclama a mulher da porta de entrada do apartamento.

Trechos que dariam um bom livroOnde histórias criam vida. Descubra agora