cap.1

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Todos nós temos uma parte de si que ninguém conhece, que ninguém vê, que ninguém sabe.
Em todos nós, existe um lugar dentro de si ou não, que apenas nós sabemos onde dói, acolhe ou atinge.
Como se eu ou você, fosse mero acaso de uma enorme coincidência celular que nós transformaram de matéria, a humano, como se tudo fosse destinado a ser um destino, como se tudo fosse pensando dessa maneira.

Lan zhan, ou melhor, Lan Wanji, a segunda jade do império de Gusulan e o atual chefe desse clã, é o maior mafioso de toda china, sempre escondido sobre a sombra de seus subordinados, nunca viram o rosto da segunda jade de gusu, exceto por uma ou duas aparições por ano no baile de máscaras, do qual não fica nem 15 minutos ou algum leilão ilegal do qual tbm, não participa mais que algumas horas, sempre é claro, escondendo seu rosto.
Tal ato era o que de certo modo, permitia a segunda jade de gusu viver uma vida moderadamente comum, sendo um CEO em uma empresa de ações.

Como de costume, Lan Wanji estava virado após o mesmo pesadelo de anos, assimilando novamente cada detalhe como se algo passa-se de certo modo, despercebido. Analisava os documentos referentes a mercadoria de drogas que logo mais chegaria ao porto, sendo quem é, a mesma expressão que fazia analisando os papéis era a mesma que comia, matava, para tudo, uma verdadeira pedra, uma casca para que ninguém veja ou note o que pensa ou almeja.

Ainda assimilando o pesadelo que tivera e concentrando-se, mesmo que de maneira falha, na papelada, escuta três batidas da porta, seguindo por um leve chamado.

- Irmão?- era Xichen, a primeira jade e aquela que deveria ter sucedido o clã mais famoso e ilegal da china, mas recusou ao ver que talvez sua bondade, ou melhor, amor em excesso, fossem atrapalhar tal império.
Xichen gostava de ser anônimo, levar uma vida suave e leve, mesmo que de faixada, gostava de poder sair e ser livre, gostava da ideia de viver e não apenas sobreviver e manter um clã.

Sem esperar que o gélido irmão respondesse, já sabendo que não teria uma resposta além de "hm", o que muitas das vezes era apenas um leve encarar, abriu a porta do escritório de seu irmão. Vendo ele, que, seu irmão franzia a testa, ato esse que se não fosse seu irmão, jamais notaria, imaginou que a carga preste a chegar estava com problemas.

- Wanji? Algo errado com a mercadoria?-

-hm.-

- Então qual o problema meu irmão? Está a horas dentro desse lugar.-

Wanji evitou olhar para seu irmão, porque ele era o único que conseguia capturar suas expressões quase que inexistentes, foi criado e treinado para isso, lutar, matar, não expressar, reprimir, mesmo que isso signifique reprimir ao seu próprio lobo.
Levantou-se da cadeira em que estava e foi até a enorme janela que dava vista para toda a cidade.

Seu irmão entendeu exatamente o que aconteceu, seu irmão dês do primeiro rut, que se revelou não só um alfa, como um lupos puro, como seu pai, sofria de pesadelos frequentes, mas nunca deu detalhes ao que sonhava tantas e tantas noites.
Sabia pouco, que ele ao delirar de febre e dor, já que não aceitava deitar-se com ômegas ou betas para se satisfazer, (chegando a arrancar a traquéia de uma empregada beta que tentou seduzi-lo) via alguém, não só via alguém, como, vendo por suas palavras alucinadas, choro e tentativas em meio ao delírio febril de segurar algo que não estava ali, era alguém que prezava muito e sofria por... seja lá o que estivesse ocorrendo no pesadelo.

- Já fazem 4 anos que você tem o mesmo pesadelo irmão, está na hora de buscar ajuda.-

- Não sou louco.- disse olhando por cima do ombro o mais velho.

- Não disse que és, apenas que deveria tentar se curar de algum modo disso-

-hm-

Vendo o que irmão não daria abertura como em todas as outras vezes, apenas suspirou, avisando que os empregados prepararam o jantar e que tentasse comer algo, saindo da sala se despedindo do irmão, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

Pensamentos que se mantinham no pesadelo, não era muito o que via, mas o que via, fazia seu lobo uivar em tristeza, amargando sua boca e afundando seu coração no seu peito.

Via sangue, muito sangue, se via em vestes brancas coberta por vermelho, sentia o desespero crescente, na sua visão borrada, via alguém, um homem, um omega, vestindo preto e vermelho, igualmente banhado em sangue, via seu desespero quando segurava sua mão e chorava como nunca chorou na vida real, fora de sua mente e pesadelo.
Via pequenos corpos e sentia tanto desespero que podia sentir o coração quebrando, rasgando, tentava pegar aquelas crianças, aqueles filhotes, seus filhotes, em algum lugar de si, achava que eram seus filhotes, seus filhos, mortos.

O maior sonho da vida da jade era ter filhotes, então tal cena do pesadelo muitas das vezes o fazia acordar tbm aos prantos na vida real, seu maior sonho era casar, amar, ser amado e ter filhotes. Mas não queria apenas casar por casar e ter filhos por ter filhos, ele queria amar.
Como se em algum momento a oportunidade de amar tivesse sido tirada de si ou até mesmo os filhotes que não tinha.

Nunca tentou se relacionar com outro alguém, porque sua mente pertencia a quem seja que estivesse naquelas vestes, acreditava que não era apenas um mero pesadelo, acreditava que era algo além disso.
Sabia que sua classificação o fazia amar apenas uma vez, marcar e se relacionar com outro alguém que não quem ama, o faria agonizar, agonizar seu lobo que não aceita ninguém e muito provavelmente, matar quem tentar estar forçadamente do seu lado.
  Mas tudo que ele queria era ser amado.





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