Nunca aconteceria entre nós

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Ao abrir seu armário naquela manhã, Chou Tzuyu viu a avalanche de corações despencaram de uma só vez, espalhando-se pelo chão feito água. Intrigada, a Chou tentou analisar o que diabos era aquilo. Até pensou que pudesse ser um engano, ou talvez alguma pegadinha idiota dos calouros. Mas não. Aqueles corações azuis e roxos eram específicos demais.

Assim que viu o flash quase cegar seus olhos, Tzuyu rapidamente os esfregou. Já sabia quem estava por trás daquela maldita câmera. Park Jihyo.

— O que vai fazer com essa foto? — a Chou perguntou inquieta, ainda zonza pelo flash exagerado em seus olhos.

— Vai ser a capa do jornal da faculdade. Fui contratada ontem para fazer a coluna de fofoca.

— E desde quando a faculdade tem uma coluna de fofoca? Que palhaçada é essa?

Jihyo sorriu, deslizando seus dedos sobre a câmera, limpando-a cuidadosamente.

— Desde que Minatozaki Sana e Chou Tzuyu abriram portas para o entretenimento especulativo.

— Seu entretenimento especulativo é uma grande farsa! — Tzuyu rosnou. — Por que não simplesmente procura um emprego em que não precise meter seu nariz atrevido na vida das pessoas?

— Chou, vocês são um fenômeno. Um acontecimento. Existe o mundo antes de vocês e depois de vocês! — Jihyo lançou a alça da câmera sobre o ombro esquerdo. — Não percebe isso?

— O que eu percebo é que arrombaram meu armário. De onde veio tudo isso? — Tzuyu pegou um dos corações, olhando desacreditada para aquilo. — SaTzu? O que é SaTzu?

— São as iniciais de vocês. É o nome do casal, bobinha. Sana e Tzuyu, sabe? — Jihyo explicou sorridente, voltando a estourar outro flash contra o rosto da Chou. — Nem adianta ficar brava comigo, eu estou apenas cumprindo ordens. E também, a culpa é de vocês duas. Queriam fama? Pois bem, conseguiram!

Jihyo deu as costas para a maior, retirando-se dali em passos apressados. Antes que a Chou pudesse alcançá-la.

— Vai mesmo dar visibilidade para boatos falsos na sua página? Que tipo de profissional faz isso? — Tzuyu debateu. — E que fique claro que eu nunca quis fama!

— Problema seu, Chou. Você é famosa agora e é melhor aceitar isso — Jihyo respondeu, indiferente, afastando-se mais e mais. — Aliás, os corações foram feitos pelo fã clube de vocês.

A personificação do diabo, vulgo Park Jihyo da turma de Jornalismo, finalmente deixou o local com sua maldita câmera nas mãos, enquanto Tzuyu permaneceu em frente ao armário, ainda se questionando sobre o que faria com as dezenas de origamis ocupando o pouco espaço que tinha.

Percebeu quando a figura encostou-se no armário ao lado, um tanto cansada, mas não o suficiente para abrir mão de fazer uma piadinha inofensiva.

— Admiradores secretos? Ou são admiradoras? — Sana apontou para os corações com um meio sorriso nos lábios. — Pensei que não desse esperança para mulheres. Por que guarda tudo isso?

— Antes de qualquer coisa, eu não dou esperança para mulheres. Para ninguém! — Tzuyu abriu um sorrisinho forçado. — E não são minhas admiradoras. São nossas. Temos um fã clube.

A expressão de Sana mudou no mesmo instante. Assumiu uma postura séria, um olhar preocupado, um medo visível de ter seu plano com Nayeon destruído por aquelas fofocas.

— Nayeon não pode saber disso.

— Boa sorte para conter os boatos. Porque aparentemente as pessoas juram de pé junto que somos um casal e que estamos querendo fama.

— Até parece que alguém em sã consciência se interessaria por uma trapaceira como você. — Sana riu baixinho. — E nós não temos absolutamente nada em comum. Nem sei por que as pessoas insistem tanto nisso.

Ali ao lado, olhando furiosa para todos aqueles papéis coloridos, Tzuyu assentiu, sem qualquer vontade.

— Algo assim nunca aconteceria entre nós — a Chou garantiu, jogando impacientemente os corações dentro de sua mochila. — Eu sequer seria sua amiga e sei que é recíproco. Não é, Sana?

Um tanto desconcertada com a impaciência da mais velha, a rosada olhou de relance para a garota ao lado, ainda esperando por uma resposta.

— Claro!

Ela tá TÃO na sua! [SaTzu]Onde histórias criam vida. Descubra agora