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Alma sofrida

Ando e ando por esse mar Negro sem fim
Já me disseram que há um fim
Pensava que era um fim bom
E que logo meu sofrimento ia acabar
Mas o que descobrir foi pior
A escola me sufoca
E me sinto afundar
Penso em desistir
Mas falaram
Que se no vestibular eu quero passar
Eu preciso aguentar.

Me pergunto como será o fim
Já que apenas mais Alguns passos
Chegarei no vestibular
E quando chego
O chão começa a pesar
E me sinto afundar
Penso em desistir
Mas falaram
Que preciso trabalhar
Para sobreviver e não morrer
Me pergunto
Se o fim será bom.

A única coisa que me impede de afundar
São pontinho brilhantes para me consola Os pontinhos vão diminuindo mais e mais
E me sinto afundar
Apenas alguns passos para poder trabalhar
E pergunto
se há um fim bom
Mas falaram que não
Não há um fim bom.

Apenas continuar andando nesse nesse mar
Até ele me sufocar
Já não havia pontinhos brilhantes
Apenas escuridão
Já não havia pessoas me impedindo
Já não havia coisas que eu amasse
Já não havia motivo
Para continuar
Apenas paro de andar e sinto meu corpo afundar
Mais e mais
Já não ligava mais.

Tudo o que eu passei foi em vão
Se não um fim bom
Por que sofrer tanto se não vou poder descansar
caminhar sem medo de sufocar
Em um mar brilhante
Como aqueles pontinhos que agora
Se foram de uma vez.

A água fria vai até meus ombros
Meu coração disparava
Meu corpo tremia
Minha mente só queria descansar
um corpo que quer viver
uma mente que quer morrer
Uma lágrima cai em meu rosto
Uma lágrima de alívio
Em pensar que nunca mais vou sofrer.

A água fria vai até meu pescoço
Olho pra frente e vejo escuridão
Meu corpo finalmente aceitou
A decisão da mente
E agora resta esperar
Até afundar.

Bolhas de ar saim de mim
Meus cabelos balançado com a água
Meu corpo não está mais pesado
Era a morte chegando
Não estava apavorado e sim calmo

De pouco em pouco
A água vai se agarrando no meu corpo
E a morte se possuindo da minha alma
Disseram que morrer e ruim
E que se sofrer não quisesse sofrer eu devia viver
Mas no meu caso e ao contrário
Viver dói e sufoca
E morrer está sendo a primeira vez
Que eu não sinto angústia
Ansiedade
Medo
Frio
Solidão
Cansaço
Dependência de ser melhor
Não decepcionar ninguém
Mas agora não sinto nada disso.

E por fim meu último suspiro
Em forma de bolha
Vai até a superfície
Minha última visão
Foi daquela bolha
Virar um pontinho brilhante
E alguém sussurrar em meu ouvido:

Almas sofridas um dia viraram brilho.

Alma SofridaOnde histórias criam vida. Descubra agora