Tiririca (2019)

Prólogo

Francisco Everardo estava em mais um dia de trabalho na cidade de Aquiraz, um jovem palhaço, humilde como a sua mãe o ensinou ser, e nunca perdendo a chance de animar as famílias que vinham se desfrutar de suas trapalhadas e números em sua barraca de shows, um pequeno circo, por assim dizer. Porém, seus dotes cômicos não só entravam no humor pastelão, mas também em suas músicas, que não tinham necessariamente uma mensagem profunda, mas era recheada de suas experiências de vida, mas por fim eram apenas utilizadas por fins de comédia. Mas foi por causa delas que sua vida mudou completamente.

Tudo aconteceu quando Francisco, ou Tiririca, como era mais conhecido, estreou a sua música "Florentina", em um dos seus shows. A sua plateia começou a gargalhar sem parar, e no final todos aplaudiram de pé. Tiririca estava encantado com a reação de seu público, porém o melhor (ou pior) estava por vir.

Um homem de camisa polo rosa com óculos escuros chamou a atenção do palhaço, que de começo achou que era somente um fã de seu trabalho, esses eram raros, porém sempre agradáveis de conhecer. Entretanto, o estranho falou algo muito peculiar para o comediante.

"Tiririca o seu nome, não é?" o palhaço confirmou "Cheguei no seu show e já te achei talentoso, mas quando você cantou aquela música..... foi como os meus olhos estivessem abertos pela primeira vez e tudo o que eu consigo ver é o seu potencial e me entristece que isso está sendo desperdiçado". Francisco ficou sem graça com o que o homem falou e agradeceu: "Poxa, seu moço, muito obrigado por acreditar no meu talento, mas o sinhô fique sossegado que minhas música um dia vão parar nas rádio, viu?" Tiririca falou com determinação.

"Mas e se eu te dissesse que tenho um jeito melhor de te botar na boca do povo de um jeito mais fácil, você toparia?" Tiririca ficou indagado com o que esse completo estranho estava propondo. "Mai você deve ser uma pessoa importante então, num é?", o homem de camisa rosa riu "Importante eu não sou muito não, mas conhecendo as pessoas certas pode te levar longe, rapaz!".

Francisco estava receoso, sua mãe sempre o ensinou a ficar cauteloso próximo a estranhos, porém a sua proposta era boa demais para simplesmente ignorar. Sua vida neste momento não tava das mais luxuosas, por assim dizer, e mesmo que ele tenha adquirido um resquício de fama nessa região e em outras, não era o suficiente para alimentar a sua família. Mesmo receoso, Tiririca aceitou pelo menos ouvir essa "proposta de ouro".

"Oia, o sinhô melhor não ter nada de criminoso nesse esquema aí, viu? Sou pobre, mas sô direito!" Tiririca afirmou, para tentar espantar o homem caso quisesse algo ilegal. "Relaxa Tiririca! Meus contatos são apenas cidadãos de bem, que sofrem pressão desse governo canalha assim como você." O palhaço não compartilhava esse desprezo do governo, porque ele não tinha muito conhecimento político, mas ele o deixou continuar. "Olha, vou te fazer o convite, nós dois vamo praquele clube chique em Caponga da Bernarda, o Piscineira. O meu contato é um cliente fervoroso de lá, ele vai adorar você, pode confiar!".

O palhaço estava refletindo sobre essa oportunidade, mas pensou que, sendo esse clube não muito longe, que valeria a pena pelo menos tentar perseguir essa oportunidade. "Então tá certo, amanhã eu vou contigo pra ver esse negócio aí." O estranho ficou bastante satisfeito com essa resposta. "Negócio fechado, amigo!".

Antes de sair da barraca, o comediante perguntou "Qual é o seu nome?" O homem da camisa rosa respondeu "Rodrigo".